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terça-feira, 20 de março de 2012

Falsos Profetas


Haverá falsos Cristos e falsos profetas
Cap. XXI de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”
Questão 622 a 628 de “O Livro dos Espíritos”

Guardai-vos dos falsos profetas que vêm ter conosco cobertos de peles de ovelhas e que por dentro são lobos rapaces. Conhecê-los-eis pelos seus frutos. Podem colher-se uvas nos espinheiros ou figos nas sarças? Assim, toda árvore boa produz bons frutos e toda árvore má produz maus frutos. Uma árvore boa não pode produzir frutos maus e uma árvore má não pode produzir frutos bons. Toda árvore que não produz bons frutos será cortada e lançada ao fogo. Conhecê-las-eis, pois, pelos seus frutos.  (Mateus, 7:15 a 20)
Tende  cuidado para que alguém não vos seduza, porque muitos virão em meu nome, dizendo: “eu sou o Cristo”, e seduzirão a muitos.
Levantar-se-ão muitos falsos profetas que seduzirão a muitas pessoas; e porque abundará a iniquidade, a caridade de muitos esfriará. Mas, aquele que perseverar até o fim se salvará.
Então, se alguém vos disser: o Cristo está aqui, ou está ali, não acrediteis absolutamente; porquanto falsos Cristos e falsos profetas se levantarão e farão grandes prodígios e coisas de espantar, ao ponto de seduzirem, se fosse possível, os próprios escolhidos.  (Mateus, 24:4-5, 11 a 13, 23-24) (Marcos, 13:5-6, 21-22)
Meus bem-amados, não creais em qualquer Espírito; experimentai se os Espíritos são de Deus, porquanto muitos falsos profetas se têm levantado no mundo. (João, Epístola 1ª, 4:1)

Ensina O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, que “os fenômenos Espíritas, longe de abonarem os falsos Cristos e os falsos profetas, como a algumas pessoas apraz dizer, golpe mortal desferem neles. Não peçais ao Espiritismo prodígios, nem milagres, porquanto ele formalmente declara que os não opera. Do mesmo modo que a Física, a Química, a Astronomia, a Geologia revelaram as leis do mundo material, ele revela outras leis desconhecidas, as que regem as relações do mundo corpóreo com o mundo espiritual, leis que, tanto quanto aquelas outras da Ciência, são leis da Natureza. Facultando a explicação de certa ordem de fenômenos incompreendidos até o presente, ele destrói  o que ainda restava do domínio do maravilhoso. Quem, portanto, se sentisse tentado a lhe explorar em proveito próprio os fenômenos, fazendo-se passar por messias de Deus, não conseguiria abusar por muito tempo da credulidade alheia e seria logo desmascarado. Aliás, como já se tem dito, tais fenômenos, por si sós, nada provam: a missão se prova por efeitos morais, o que não é dado a qualquer um produzir. Esse um dos resultados do desenvolvimento da Ciência Espírita; pesquisando a causa de certos fenômenos, de sobre muitos mistérios levanta ela  o véu. Só os que preferem a obscuridade à luz, têm interesse em combatê-la; mas, a verdade é como o Sol: dissipa os mais densos nevoeiros.
O Espiritismo revela outra categoria bem mais perigosa de falsos Cristos e de falsos profetas, que se encontram, não entre os homens, mas entre os desencarnados: a dos Espíritos enganadores, hipócritas, orgulhosos e pseudo-sábios, que passaram da Terra para a erraticidade e tomam nomes venerados para, sob a máscara de que se cobrem, facilitarem a aceitação das mais singulares e absurdas ideias. Antes que se conhecessem as relações mediúnicas, eles atuavam de maneira menos ostensiva, pela inspiração, pela mediunidade inconsciente, audiente ou falante. É considerável o número dos que, em diversas épocas, mas, sobretudo, nestes últimos tempos, se hão apresentado como alguns dos antigos profetas, como o Cristo, como Maria, sua mãe, e até como Deus”.
Em “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec pergunta aos Espíritos Superiores, a partir da Questão 619, se Deus deu a todos os homens os meios de conhecer a sua lei e eles responderam que sim, porém, nem todos a compreendem. Na Questão 620, Kardec pergunta-lhes se a Alma tem mais facilidade de entender a lei de Deus antes ou depois de encarnada, tendo como resposta que “ela compreende segundo o grau de perfeição que alcançou, e conserva, intuitivamente, a lembrança após sua união com o corpo. Mas os maus instintos do homem fazem-no esquecer”, e, na questão 624, Kardec indaga qual seria o caráter do verdadeiro profeta e eles responderam:
“O verdadeiro profeta é um homem de bem inspirado por Deus. Pode-se reconhecê-lo por suas palavras e por suas ações. Deus não pode se servir da boca do mentiroso para ensinar a verdade”.
Em todos os meios de comunicação, atualmente, vemos falsos profetas, tanto na política como na religião, que exploram a credulidade das massas. Muitos se colocam como salvadores, prometendo dinheiro e sucesso e, em nome de Deus, negociam as graças divinas, como se elas  pudessem ser alcançadas por dinheiro. Usam o Evangelho de Jesus para vender benefícios daqui e do Céu. Quem dá mais recebe mais vantagens mundanas e divinas, segundo eles. Os falsos profetas se aproveitam da fé cega do povo para obter vantagens financeiras e até outras coisas, como foi o caso do americano Jim Jones que foi responsável pela morte de 909 pessoas, numa das Guianas, no dia 18 de novembro de 1978.
Ao mesmo tempo em que se multiplicam igrejas por todos os lados, falando de Deus, o número de descrentes amplifica-se, dos espoliados na fé, dos enganados em seus ideais, vítimas de alguns líderes religiosos venais, promíscuos, corruptos, indignos, que com atos de perfídia, levam muitos a generalizarem um mau juízo sobre a grande maioria dos clérigos, pastores, representantes da fé devotados e honestos.
Diante das contradições flagrantes de nossa época, não deixemos de meditar sobre as advertências do Mestre de que haveria falsos cristos e falsos profetas. “Pelos frutos os conhecereis.”
Diante da advertência sábia de Jesus, a aconselhar que tivéssemos critério para avaliar os passos de nosso caminho, seguindo somente aquilo cujos frutos se mostrassem dignos da seriedade e da grandeza do objetivo, não há maior dificuldade em definir como nos conduzimos diante da avalanche de seduções e de pregadores.
Se pelos frutos se conhece o teor das essências filosóficas, a singela observação das produções doutrinárias, mais do que revelar a seriedade de um determinado caminho religioso, é capaz de atestar a isenção daqueles que o defendem ou o apregoam.
Sempre o interesse pessoal, o indivíduo acima de Deus, o material antes do espiritual, o agora à frente do amanhã – eis a faceta objetiva das pregações provenientes do imediatismo das formas fáceis e enganosas...
Não importa qual o caminho religioso, se  dito cristão ou esotérico, oriental ou alternativo, dogmático ou espiritual, revelado ou místico, todas as pessoas que, acima dos objetivos superiores da alma e dos princípios nobres e virtuosos, colocarem a imediatidade de seus interesses, o comércio de seus desejos pessoais, a conquista de poderes transitórios, lugares de destaque, valores pecuniários, realce político ou social, primazia pública, todos estes estão arrolados como os falsos profetas, os mentirosos de todos os séculos, as almas transviadas que, mesmo depois de longo período de dor e acrisolamento moral não foram capazes de superar a sede de materialismo, a ligação com o lodo da Terra e os anseios mesquinhos de um espírito que está arraigado à retaguarda de si próprio.
Religiosos desejam conquistar as grandezas do mundo, prometendo o reino dos prazeres aos seus seguidores, comprado a peso de ouro.
A Terra está repleta desse tipo de gente, no corpo ou fora dele, fantasiada de religioso de todo o tipo, mais preocupada em fazer seu nome, ganhar seu dinheiro, conquistar a reputação e ser notícia em televisão do que efetivamente, em ser cristã na essência. Seguir o rumo que tais pessoas apontem é escolha de cada um. Todavia, não podemos nos queixar das tristezas que encontrarmos pelos caminhos, exatamente por causa da nossa própria incúria em analisar melhor que tipo de profeta estaremos ouvindo.
É impossível misturar Jesus e Deus em negociatas e esquemas corruptos.
Daí ter afirmado Jesus que, por causa da iniquidade abundante, a caridade de muitos esfriaria, mas que todos os que perseverassem até o fim, seriam salvos.
A existência desse movimento materialista a invadir templos e mentes em toda parte e em todas as crenças, é apenas o sinal objetivo de que é preciso perseverar na bondade constante, afastar-se dos que iludem falando de Deus com os olhos colados no bolso dos fiéis, aprofundando-lhes as culpas para furtar-lhes mais moedas, fazendo da figura demoníaca o seu cobrador oficial...
Conheçamos a mensagem do Evangelho na sua singeleza, retirando o espírito que vivifica da letra que mata, única maneira de nos preservarmos das investidas da ignorância que, utilizando-se das ansiedades, das ambições, dos defeitos e fraquezas dos homens, mais ainda os exploram com promessas de um reino dos céus... E todos aqueles que esperaram as coisas da Terra, efetivamente, já receberam a sua recompensa.
O apego é o câncer dos materialistas perante a vida espiritual. Fere-os terrivelmente e os consome em dores e decepções por longas décadas, desequilibrando-lhes a mente e lançando-os nos abismos escuros, sob o domínio de trevosos espíritos que, ameaçadores, ironizarão o seu estado de frágeis caniços vergados ao peso da própria ilusão. Escutarão as acusações daqueles que humilharam, serão objeto de chacota dos que, do plano espiritual inferior, observavam os passos altivos que seus corpos  pisavam sobre a Terra, ignorando os demais, orgulhosamente.
Que será deles, agora, despidos de tudo aquilo que lhes servia de escudo à personalidade débil de criança crescida? Onde os seus carros, suas contas, seus recursos, seus títulos, seus cargos, seus haveres? E como no Reino de Deus não existe outro cartório a não ser aquele que reconhece os valores do Bem e da Verdade, os que chegam do mundo tendo desperdiçado as oportunidades de aquisição de tais valores, são miseráveis espectros relegados ao vazio de si próprios, perdidos nas desilusões a que foram conduzidos pelo próprio orgulho que não lhes servirá para nada diante das entidades perseguidoras que os aguardam.
Aprender a desprender-se de tudo, todos os dias na Terra, não apenas nos momentos cruciais em que a morte vem avisar que o tempo das aquisições nobres acabou, significa exercitar em si os testemunhos reais de limpeza que podem garantir àquele que renuncia ao apego terreno, o ingresso no palácio do espírito. (Relembrando a Verdade, Espírito Públio, psicografia de André Luiz Ruiz)

O Cristo fez inúmeras advertências há dois mil anos, porém, os habitantes deste planeta não as levaram a sério. Até o presente, políticos e religiosos continuam a explorar a credulidade do povo. Estão aí a prometer dinheiro e sucesso, negociando Deus e Jesus no atacado e no varejo. A propósito, lembro do que disse o Espírito Judas numa noite ao Espírito Humberto de Campos, lá em Jerusalém, sobre as negociatas que os falsos profetas fazem em seu nome até hoje em emissoras de rádio e TV, bem como em suas próprias igrejas.
Só que Judas não é e nunca foi um falso profeta, embora tenha passado para a história como o vilão na morte do Cristo: Quanto ao Divino Mestre, infinita é a Sua misericórdia e não só para comigo, porque, se recebi trinta moedas vendendo-o aos seus algozes, há muitos séculos Ele está  sendo criminosamente vendido no mundo, a grosso e a retalho, por todos os preços, em todos os padrões do ouro amoedado...”
E o Espírito Humberto de Campos conclui, dizendo: “e os novos negociadores do Cristo não se enforcam depois de vendê-lo”. (Crônicas de Além-Túmulo, psicografia de Chico Xavier)

domingo, 11 de março de 2012

Doação de Órgãos


Doação de Órgãos
Mostram as estatísticas que a maioria dos brasileiros é a favor da doação de órgãos, contudo, muitos têm medo de doar por alguns motivos: médicos, jurídicos e espirituais. Predomina a ignorância e o preconceito nesta questão. Como tudo na vida, a educação é fundamental. E o querido Professor J. Herculano Pires, eminente filósofo Espírita, ensina: As religiões podiam ter prestado um grande serviço à Humanidade se houvessem colocado o problema da morte em termos de naturalidade. Mas, nascidas da magia e amamentadas pela mitologia, só fizeram complicar as coisas. A Educação para a morte não é nenhuma forma de preparação religiosa para a conquista do Céu. É um processo educacional que tende a ajustar os educandos à realidade da Vida, que não consiste apenas no viver, mas também no existir e no transcender.
No site www.filosofia.portaldoespiritismo.com.br  temos um apelo comovente, como se vê abaixo:



Edvaldo Kulcheski diz-nos que, normalmente, as pessoas que são apegadas à matéria dificilmente se tornam doadoras de órgãos. Quando aqueles que acreditam na imortalidade buscam justificativas espirituais para a não aceitação da doação de órgãos , na verdade, querem mascarar sua condição de apego à matéria. A grande maioria prefere não praticar o ato fraterno de doar seus órgãos ao seu semelhante para doá-los aos vermes. O ato de doar órgãos é um exemplo de desapego à matéria, expressando o amor incondicional em benefício do próximo.
Escreveu Eurípedes Küll que, encontramos na Codificação  da Doutrina Espírita três fundamentos para a doação de órgãos, em O Livro dos Espíritos, que Allan Kardec e os Espíritos Superiores, no conjunto, demonstram a concordância deste ato:
– Questão 156: “Há casos em que há sangue nas veias, mas não há vida; essa informação, promanada em 1857, diz de situação que talvez possamos configurar tanto como a morte encefálica quanto a morte cerebral, diagnósticos estes cuja precisão só seria alcançada no crepúsculo do século XX. Em tal estado, muito mais delicado do que um coma, é de se supor que o perispírito ou já está desligado ou em avançado processo de desate do corpo físico; numa ou noutra situação, a dor física estará ausente de qualquer injúria somática – extirpação de um órgão, por exemplo –, eis que o cérebro, então inapelável e definitivamente “desativado”, já não capta mais nenhuma mensagem “de dor” emitida pelo sistema nervoso central.
– Questão 257: Ensaio Teórico Sobre Sensação nos Espíritos: o perispírito só ouve e sente o que quer”; (aqui, quer nos parecer que o ensinamento deixa a descoberto que, uma vez desligado do corpo físico, o perispírito, que é a sede das sensações, tem plenas condições de selecioná-las; sendo a doação de órgãos um ato de amor, subentendendo-se que o doador já trilha pelo desapego da matéria, e nesse caso, não sofrerá qualquer impressão negativa com a retirada de algum órgão do seu – para ele já inútil – traje carnal).
Obs: Há que se considerar, ainda, o jamais negado Amor do Pai a todos os seus filhos; nesse caso, da morte recente, o doador está com merecimento adicional, fruto do seu desprendimento das coisas da matéria (no caso, o corpo que o abrigou e que agora se decomporá, inexoravelmente).
– Questão 723: “No estágio da humanidade, a carne alimenta a carne”. Aqui, refletimos que, se a carne alimenta a carne, nada objeta apropriarmos a mesma idéia para dela extrair uma ilação, mas com outro enfoque: da mesma forma como a carne alimenta a carne, para o sustento da vida, um órgão (em boas condições) substitui outro (similar, mas danificado), para um período de sobrevida. Deve-se considerar, ainda, que qualquer que seja o tempo dessa sobrevida (ou melhoria de vida), decorrentes de um transplante, quem o recebeu, um dia morrerá, e aí a Lei Natural de Destruição – decomposição dos despojos físicos – se cumprirá: a parte transplantada terá o mesmo destino da matriz, isto é, retorno à natureza.

Encontramos em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap I, item 3: “O corpo não passa de um acessório seu (do Espírito), de um invólucro, uma veste (do Espírito), que ele deixa, quando usada. (...) Por ocasião da morte, despoja-se dele (do corpo físico)”.
Anexando outra assertiva espiritual, temos Joanna de Angelis filosofando sobre o corpo humano: “(...) Alto empréstimo divino, é o instrumento da evolução espiritual na Terra. (...) Por enquanto, serve também de laboratório de experiências pelas quais os Construtores da Vida, há milênios, vêm desenvolvendo possibilidades superiores para culminarem em conjunto ainda mais aprimorado e sadio.”
A palavra empréstimo deixa patente que o homem, na verdade, não é dono do corpo que utiliza na romagem terrena, senão sim, é dele usufrutuário, ou se quiserem, inquilino temporário; já o servir de experiência laboratorial parece sinalizar que o altruísmo das doações de órgãos para transplantes intervivos, aí tem assento.
Rejeição Psicossomática
Sabemos nós, os espíritas, que cada ser humano tem todo um acervo de realizações positivas e negativas ao longo de inúmeras existências terrenas, daí advindo a inexistência de patamares espirituais semelhantes. Por isso mesmo, sendo diferentes as vibrações energéticas perispirituais do doador e do receptor, o órgão a ser transplantado não encontrará sintonia vibracional no destino. Daí advém a rejeição orgânica, que na verdade espelha diferença nos complexos, quanto sutis sistemas vitais de um e de outro, regulando o equilíbrio nos interplanos – material e espiritual.
Nesse caso, somente com altruísmo da parte do doador e com gratidão da parte do receptor, acreditamos que essa discrepância vibratória tenderá a ser atenuada, sob supervisão de Espíritos protetores, ocorrendo aquilo que o Espírito André Luiz denomina de “vibrações compensadas”. Nos transplantes, configuramos como equalização de fluidos, transitando nas camadas mais profundas do psiquismo do doador e do receptor.
Doação de Órgãos: Desprendimento Material
Somadas, as considerações acima sinalizam que a doação de órgãos pressupõe desprendimento dos bens terrenos – especificamente do corpo físico – dos quais o homem não passa de usuário eventual. Assim, doar órgãos é ato de amor, complementar aos que tenham sido realizados em vida. Só trará benefícios a quem o faça.
A Lei Divina de Ação e Reação, de ação automática e permanente, muito beneficiará o doador, além do que o beneficiado (e seu Anjo Guardião), seus parentes, amigos e a própria equipe médica envolvida, estarão todos direcionando a ele, doador, vibrações positivas, em preces de gratidão. Para o doador desencarnado isso é bênção incomparável.
Considerando que o corpo físico inclui-se no rol dos bens que o Criador coloca à disposição da criatura humana no seu roteiro existencial terreno, não deverá o homem se julgar detentor eterno desse bem, mas apenas responsável pela sua boa conservação, no período de utilização. Concluída esta, pela desencarnação, por que se preocupar com o destino que lhe será dado? Se nessa etapa terrena há a oportunidade de uma última ação de amor ao próximo, por que não investir nessa poupança celestial?
Se no último minuto de um moribundo pode ocorrer sua transformação moral (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap 5, Item 28), imagine-se que um receptor de órgão passa a ter mais que “um minuto”, e sim considerável sobrevida.
Pessoa alguma há que, após passar por um transplante, continue a mesma. Daí, a auto-reforma.
NOTA: Obviamente, não doar órgãos é um direito pleno de cada indivíduo. E jamais o não-doador poderá ser acusado de egoísmo ou de falta de amor para com seu próximo. Mas, verdade seja dita, quem doa demonstra vivenciar louvável posicionamento em estágio moral que só benefícios espirituais hão de lhe ser dispensados. O não-doador – e somente ele – poderá responder à auto-pergunta: – E se um dia eu precisar de um transplante?
As pessoas, perante a legislação recente da doação de órgãos, devem, pela precisão de conceitos e lucidez de raciocínio, se basear na resposta de Emmanuel : “A doação de órgãos deve ser regida pela consciência individual. Se o desencarnado é muito apegado ao corpo material, poderá sentir-se um tanto perturbado, mas sem gravidade. Tendo notícia do real papel do próprio corpo na trajetória ascensional do espírito, entenderá. Uma vez inútil ao seu trabalho, algo dele serve ao outro, cuja máquina perdeu só um parafuso. Como o carro fundido ou acidentado cede peças sãs a um menos lesado.” ( Manual Espírita do Principiante)
A doação de órgãos para transplantes é perfeitamente legítima. Divaldo Franco certifica: “Se a misericórdia divina nos confere uma organização física sadia, é justo e válido, depois de nos havermos utilizado desse patrimônio, oferecê-lo, graças às conquistas valiosas da ciência e da tecnologia, aos que vieram em carência a fim de continuarem a jornada”. (Seara de Luz)
A Nobreza de um Gesto
Habitualmente falamos que somente coisas ruins ganham manchete. Que notícia boa não é veiculada porque não vende nem jornal, nem revista.
No entanto,  por vezes, um gesto nobre ganha o noticiário internacional.
Assim aconteceu com um palestino que virou manchete mundial. Ele não protagonizou nenhum dos conflitos que têm abalado as relações e a paz dos povos do Oriente.
O mecânico Esmael Khatib deu uma verdadeira lição de fraternidade ao doar os órgãos de seu filho Ahmed a pacientes israelenses, que necessitavam de transplantes.
O palestino teve seu filho, de apenas 12 anos, alvejado por soldados de Israel, durante uma operação de busca no campo de refugiados de Jenin.
O mecânico optou pela doação, inspirado pela perda de seu irmão, de 24 anos, que, não resistindo à longa espera por um  transplante de fígado, veio a morrer.
Entre os beneficiados pelo gesto do palestino se encontravam um bebê de 7 meses e uma mulher de 58 anos.
Alguns eram judeus, árabes-israelenses e uma garota de origem drusa.
Conforme reproduziu o jornal Folha de São Paulo, Khatib teria dito:
Eu me sinto bem pensando que os órgãos de meu filho estão ajudando seis israelenses.
Acredito que o meu filho está agora no coração de todo israelense.
O fato repercutiu pelo Mundo, exatamente pelos conflitos que envolvem as nações em questão.
Tanto mais que o menino fora morto por israelenses.
O fato é que, aquele pai, dolorido pela separação violenta do filho amado, encontra forças para beneficiar pessoas.
Não indaga se pertencem à sua mesma nação, ao seu povo, à sua família.
Não pergunta se são amigos ou inimigos. Simplesmente doa. Um gesto de humanidade, uma ação altruísta.
A nota nos remete aos versos do sublime Galileu há mais de dois milênios: Ama o teu próximo... Faze o bem a quem te persegue... Ama o teu inimigo.
Em nosso Brasil, embora as campanhas promovidas e a facilidade que se tem para doar órgãos, ainda é muito grande a fila de espera.
Algumas estatísticas apontam que chega a 60 mil o número, em nosso país, dos que se encontram aguardando transplantes.
A doação de órgão não é contrária às leis da natureza, porque beneficia a vida.
Os doadores colaboram com a vida. O Espírito se liberta da carne e permite a outros o retorno da visão, a desvinculação de procedimentos morosos e dolorosos.
Permite que um pai retorne ao lar, que o profissional retome atividades interrompidas, que o jovem volte a tecer sonhos de estudo e produtividade.
Aqui, é a bomba cardíaca que torna a regularizar seu ritmo; ali é um fígado que volta a funcionar; além é um pulmão que se enche de ar, insuflando vida.
Beneficiados os que recebem as doações dos órgãos. Abençoados por Deus os que se fazem doadores da esperança e da vida que estua. (www.momento.com.br)