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segunda-feira, 11 de março de 2013


Jesus, Judas e a Páscoa
Temos que comer peixe na sexta-feira santa?
Por que ainda “malham” Judas?
Com certeza, o peixe faz bem para a saúde e temos de comê-lo semanalmente.  Tendo em vista que na sexta-feira, dita santa, os preços do peixe sobem para as nuvens, opinamos que este é o dia menos indicado para comê-lo.
Muitas pessoas, cegamente, dizem que são obrigadas a comer peixe na sexta-feira da paixão, pois, seria pecado comer outras carnes neste dia. Pecado por quê? O que têm os alimentos de origem animal a ver com a crucificação do Cristo? Bilhões de pessoas não cristãs não observam esta regra. Será que elas não vão para o Céu, mesmo que nunca tenham ouvido falar em Jesus?
De onde tiraram isso?  Foi Jesus que ensinou a comer somente peixe no dia que “lembram” a sua crucificação? É lógico que não.  Ele jamais ensinou absurdos.
Então, perguntamos: O que o Espírito Superior, chamado Jesus, tem a ver com peixe ou qualquer sacrifício físico neste dia ou em qualquer outro do ano?  Nada!
Com certeza, algumas pessoas que, em certo momento obscuro da história, impuseram aos dominados, séculos atrás, este dogma, que virou hábito e que os comerciantes de peixes em geral estão a se beneficiar. Até hoje, muitos nada questionam a respeito. Por quê?   Comodismo?  Ignorância?
Muito interessante saber que Jesus, quando encarnado aqui na Terra, bem como seus seguidores, não cumpria com nenhum ritual determinado pela religião judaica.  Não jejuava, não lavava as mãos antes das refeições, pois, isto constituía-se num ritual, sendo severamente criticado pelos fariseus e perseguido também por isto.
Quando os judeus maldosos criticavam os discípulos de Jesus por não lavarem as mãos ou por comer o que era proibido na Bíblia, Ele ensinava:
- O mal é o que sai da boca do homem e não o que entra na boca do homem.
No que concerne aos sábados, também. Ele era criticado porque curava pessoas neste dia da semana. Então, Ele respondia:
 - O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado.
Por que Jesus não se preocupava com isso?
Simplesmente porque não havia e não há necessidade desses rituais ou posturas. São criações de pessoas que ainda não haviam entendido o ensino Dele que, certa vez, quando conversando com uma mulher samaritana, afirmou-lhe que Deus é Espírito e que viria o dia em que adoraríamos a Deus em Espírito e Verdade, conforme vê-se em João 4:4:
- Senhor, vejo que és profeta. Dize-me, então: nossos pais adoraram neste monte e vós outros dizeis que em Jerusalém é o lugar onde se deve adorar.
- ...Mulher, crede-me. Virá a hora em que não será nem neste monte, nem em Jerusalém que adorareis o Pai. Deus é Espírito e em espírito e verdade é que o devem adorar os que o adoram.

Jesus é um Espírito Puro, ou seja, já evoluiu tudo o que poderiam evoluir os seres criados por Deus, progredindo por bilhões de anos nos bilhões de planetas e de galáxias pelo Universo afora. Só para dar uma ideia pálida da sua idade, há 4 bilhões e 500 milhões de anos, quando a Terra foi criada a partir de uma nebulosa, o Senhor Jesus aqui estava, juntamente com seus assessores, combinando os átomos e substâncias da nebulosa para formar os oceanos, os continentes, a composição do ar, da água e outros milhões de itens que compõem a complexidade da Terra, até chegar nos primeiros seres vivos, que evoluiriam, mais tarde, para os seres humanos, tais quais somos hoje.

Vejam que Ele já era Espírito Puro há 4,5 bilhões de anos. Já havia progredido tudo o que os filhos de Deus podem progredir bilhões de anos antes de ser convocado pelo Ser Supremo para organizar e administrar o nosso planeta.
Assim somos todos nós, os Espíritos criados por Deus, desde o início, simples e ignorantes, evoluindo material e espiritualmente, até atingirmos o ápice que é a condição de Espírito Puro.
Estamos na Páscoa, aquela antiga comemoração dos judeus de lembrarem a libertação do cativeiro egípcio, pois, eles foram escravos daquele povo por um longo tempo.
Atualmente, os religiosos e demais pessoas “comemoram” o massacre de Jesus. Ficam falando e encenando o Cristo arrastando a cruz, sangrando e sofrendo, pregado na cruz, mostrando o “coitadinho” sofrendo, com pregos grandes atravessando seus pés e suas mãos, os litros de sangue derramados... Em 2012, em Porto Alegre, tal representação atingiu o clímax do absurdo: o ator que foi "crucificado" morreu enforcado e ninguém percebeu. Tudo é demasiado tétrico. Todo o ano massacram o Cristo. Sempre a mesma coisa. Só mostram o “Senhor morto”. E culpam a todos o tempo todo.
Ninguém mostra quem realmente Jesus é. Nada falam ou sabem falar sobre o Ser magnífico que, por mais de três anos, mostrou o verdadeiro sentido da vida a milhares de pessoas, ajudando-as a superarem inúmeros problemas pessoais, curando principalmente seus Espíritos, pois, curar o corpo para Ele era e é muito fácil.
Jesus curou o corpo de centenas de pessoas, principalmente para mostrar que Ele era um Ser Superior e que estava a serviço de Deus, pois, naquele tempo os povos não tinham ainda maturidade intelectual e espiritual para compreenderem a mensagem divina. Contudo, Seu objetivo era curar a alma, que é a mesma coisa que Espírito, e o Seu Evangelho, a Sua Mensagem veio para curar os nossos Espíritos, abrir os nossos olhos para a realidade espiritual.
O Evangelho é toda uma demonstração de amor por todos nós, com Jesus mostrando o caminho da verdadeira felicidade.
Está na hora de acordarmos. Jesus não veio à Terra para tirar os pecados das pessoas e levar consigo, ou sentiu medo, como erroneamente pensam muitos, ou estava só. Ele estava e esteve muito bem acompanhado por seus assessores da Comunidade Espiritual mais elevada. Porém, seu sustento vinha, principalmente, do próprio Pai Maior. Está na hora de cair a ficha. Ele é um Ser Superior. Seu Espírito puro, mesmo encarnado, não poderia ter sentimentos de seres atrasados como nós. Um ser Elevado, como Ele, domina todas as situações, domina todos os seres de qualquer nível, de qualquer lugar no Universo. Jamais vai sentir medo em qualquer situação, até mesmo quando sabe que vai ser trucidado.  Ele passou por tudo aquilo sabendo antecipadamente o que os homens ignorantes daquela época fariam. Ele deixou-se imolar para dar o exemplo de como se enfrenta as dificuldades. Jesus teve aquela missão terrível aos nossos olhos, porém, sabia e estava preparado para cumpri-la. Erroneamente, as pessoas se culparam e se culpam até hoje por tudo o que aconteceu. E ficam remoendo até hoje. Só que Ele logo a seguir materializou-se, ficando por aqui cerca de quarenta dias nesta condição. Demonstrou que não estava magoado com ninguém ao aparecer para seus seguidores. Orientou a todos durante este tempo, sem jamais ter se queixado do que o corpo físico havia sido submetido. Por que? Como já dissemos, Jesus é um Espírito Superior, não é um Espírito qualquer. Os Espíritos Elevados não sofrem como nós sofremos, não se sentem abandonados como nos sentimos, não têm a consciência pesada como temos, não são atingidos por maldades e ódios como somos, não tendo, portanto, sentimentos de mágoa ou de vingança. Não podemos nos comparar com Ele, um Espírito Puro, dizendo, como dizem por aí, que Ele sofria como sofremos, que tinha tentações como temos, além de ter sido tentado por Satanás. Que absurdo! A Doutrina Espírita tem informações atualizadas sobre os Espíritos de todos os níveis. Estas informações estão ao alcance de todos. Basta que consultemos as obras básicas de Allan Kardec e dos demais autores Espíritas idôneos, encarnados ou desencarnados.
E, os Espíritas têm todas as informações para não pensarem simploriamente como até hoje outras orientações religiosas ainda sustentam. É o Consolador prometido pelo próprio Jesus, pois, esta é a hora necessária, em que a Humanidade terrestre se encontra mais carente, mais perdida.
Já estamos na Era do Espírito. Há 156 anos (1857), com a publicação de “O Livro dos Espíritos”, por Allan Kardec, maiores e mais profundos esclarecimentos foram transmitidos para os habitantes deste planeta, graças à bondade de Deus, que é o Amor Absoluto e, portanto, ama a todas as suas criaturas.
Então, graças ao amor do Ser Supremo, que nos criou para sermos melhores em todos os sentidos, crescendo intelectual e espiritualmente, para podermos compreender as maravilhas que nos cercam, além de podermos interagir com tudo, e colaborarmos com o Pai Supremo em suas obras, hoje, já temos uma visão melhor do que seja Deus e de quem seja Jesus.
Todos evoluímos. Não podemos ficar parados no tempo, como ocorre ainda com milhões de pessoas aqui na Terra, sempre batendo na mesma tecla, sempre vendo Jesus como apenas um “crucificado sangrento”, sofrendo, como se Ele se importasse com o massacre que sofreu. Ele é um Espírito Superior. Aqueles momentos ficaram para trás. Em pouquíssimos segundos, o Meigo Nazareno já estava em seu Paraíso Celestial.
Até hoje, séculos e séculos passados, as pessoas amaldiçoam Judas, o discípulo equivocado, que tinha uma visão política diferente sobre Jesus e sobre sua missão.
As religiões em geral nada sabem  sobre Judas, como nada sabem sobre ninguém que andou por aqui e partiu para o Além. Só sabem dizer que alguém é “santinho”, cobrando caro por isto, ou que alguém deve “arder” no fogo eterno, como fizeram e fazem com Judas e tantos outros.
E o perdão ensinado por Jesus?
Conta o Espírito Amélia Rodrigues, no livro Trigo de Deus, psicografia de Divaldo Franco, que, “antes de aparecer às mulheres que foram ao túmulo vazio, Jesus descera às regiões penosas do mundo inferior ao qual se arrojara Judas invigilante. Debatendo-se na constrição psíquica do laço que o enforcara e sob a truanesca zombaria daqueles Espíritos que o estimularam à tragédia, tornara-se o símbolo da suprema desdita. No aturdimento ímpar, sem poder ver o Amigo Divino, sentiu, momentaneamente, atenuarem-se-lhe as dores e a loucura, e ouviu-Lhe a voz dúlcida nos refolhos do ser:
“- Judas, sou Eu.
Confia e espera! Ainda há tempo. Nenhuma das minhas ovelhas se perderá.
Perdoa-te o ultraje, a fim de que te possas libertar da culpa e recuperar-te.
Acende a candeia da esperança e a sombra cederá.
Recorda o amor, de modo que a paz se te aninhe no coração.
Nunca te deixarei, nem te condenarei.
Hoje começa época nova e amanhã é o dia da vitória.
Repousa um pouco, pois os milênios te aguardam e eu também estarei esperando por ti”.
Suavizado o sofrimento pelo conforto da Presença, Judas adormeceu por um pouco, adquirindo forças para as futuras expiações redentoras.
Estava reservado ao Espiritismo, como a Terceira Revelação, nestes tempos, esclarecer-nos sobre todos os fatos do passado, bem como sobre tudo o que diz respeito à Espiritualidade, explicando-nos de onde viemos, o que somos, para onde vamos, além dos inúmeros “porquês” do sofrimento humano.
Há alguns anos, em uma visita que fazia à Jerusalém, o Espírito Humberto de Campos encontrou-se com o Espírito Judas, que estava em profunda meditação. O Espírito Humberto, então, avisado por um amigo que aquela criatura se tratava do antigo discípulo de Jesus, perguntou-lhe se era verdade tudo o que constava no Novo Testamento a respeito da sua personalidade, no tocante à condenação do Cristo, e o Espírito Judas explica:  “Em parte... Os escribas que redigiram os Evangelhos não atenderam às circunstâncias  e às tricas políticas que, acima dos meus atos, predominaram na nefanda crucificação. Pôncio Pilatos e o tetrarca da Galiléia, além dos seus interesses individuais na questão, tinham ainda a seu cargo salvaguardar os interesses do Estado romano, empenhado em satisfazer às aspirações religiosas dos anciãos  judeus. Sempre a mesma história. O Sinedrim desejava o reino  do Céu, pelejando por Jeová a ferro e fogo; Roma queria o reino da Terra. Jesus estava entre  essas forças antagônicas com a sua pureza imaculada. Ora, eu era um dos apaixonados pelas ideias socialistas do Mestre; porém, o meu excessivo zelo pela doutrina me fez sacrificar o seu fundador. Acima dos corações, eu via a política, única arma com a qual poderia triunfar e Jesus não obteria nenhuma vitória com o desprendimento das riquezas. Com as suas teorias nunca poderia conquistar as rédeas do poder, já que, em seu manto de pobre, se sentia possuído de um santo horror à propriedade. Planejei, então, uma revolta surda, como se projeta hoje em dia na Terra a queda de um chefe de Estado. O Mestre passaria a um plano secundário e eu arranjaria colaboradores para uma obra vasta e enérgica, como a que fez mais tarde Constantino Primeiro, o Grande, depois de vencer Maxêncio às portas de Roma, o que, aliás, apenas serviu para desvirtuar o Cristianismo. Entregando, pois, o Mestre a Caifás, não julguei que as coisas atingissem um fim tão lamentável e, ralado de remorsos, presumi que o suicídio era a única maneira de me redimir aos Seus olhos. Depois de minha morte trágica, submergi-me em séculos de sofrimento expiatório da minha falta. Sofri horrores nas perseguições infligidas em Roma aos adeptos da doutrina de Jesus e as minhas provas culminaram em uma fogueira inquisitorial, onde, imitando o Mestre, fui traído, vendido e usurpado. Vítima da felonia e da traição, deixei na Terra os derradeiros resquícios do meu crime, na Europa do século XV. Desde esse dia em que me entreguei por amor do Cristo a todos os tormentos e infâmias  que me aviltavam, com resignação e piedade pelos meus verdugos, fechei o ciclo  das minhas dolorosas reencarnações na Terra, sentindo na fronte o ósculo de perdão da minha própria consciência... E agora, irmanado com Ele, que se acha no seu luminoso Reino das Alturas, que ainda não é deste mundo, sinto nestas estradas o sinal dos seus passos divinos. Vejo-o ainda na cruz, entregando a Deus o seu destino... Sinto a clamorosa injustiça dos companheiros que o abandonaram inteiramente e me vem uma recordação carinhosa das poucas mulheres que o ampararam no doloroso transe. Em todas as homenagens a Ele prestadas, eu sou sempre a figura repugnante do traidor. Olho complacentemente os que me acusam sem refletir se podem atirar a primeira pedra... Quanto ao Divino Mestre, infinita é a Sua misericórdia e não só para comigo, porque, se recebi trinta moedas vendendo-o aos seus algozes, há muitos séculos Ele está  sendo criminosamente vendido no mundo, a grosso e a retalho, por todos os preços, em todos os padrões do ouro amoedado...”
E o Espírito Humberto de Campos conclui, dizendo: “e os novos negociadores do Cristo não se enforcam depois de vendê-lo”. (Crônicas de Além-Túmulo, psicografia de Chico Xavier)


Sim, depois de séculos de deturpações, perseguições e massacres, sem entender a vontade de Deus,  claramente gravadas na Sua mensagem, a partir do século XIX, a Doutrina do Cristo está sendo restaurada.
São os Espíritos Superiores, com a sua Doutrina Racional que estão tirando o véu de tudo que estava oculto. Já temos condições de entender e de assimilar a verdade, para sermos livres.
Com os esclarecimentos dos Espíritos de Luz, passamos a entender as palavras de Jesus, quem é Ele e o porquê do Seu Evangelho.
Todo o massacre do Cristo, no final, fica como algo menor, perto do Amor demonstrado por Ele para com todos, dando o exemplo de humildade, sem julgar ninguém, apenas orientando e amparando a Humanidade sofredora.
É isto o que realmente importa na vinda do Messias, ou seja, a Sua postura elevada, mostrando o caminho, trazendo notícias de que Deus é o nosso Amor de sempre, que quer somente o nosso bem.
Para tanto, é necessário que abramos as nossas mentes, que “tenhamos olhos de ver”, como Ele dizia.
Jesus resumiu tudo no “amai-vos uns aos outros”. Não criou nenhuma religião, cheias de dogmas, rituais e bobagens, como vemos por aí, e, que não seguiram e não seguem os seus verdadeiros ensinamentos, como historicamente está demonstrado com perseguições e massacres de inúmeros povos (Cruzadas e Inquisição).
Ele só pediu que nos amássemos. Que fizéssemos aos outros tudo o que gostaríamos que nos fosse feito. 
Toda a parafernália de dogmas, cerimônias, rituais, etc., ficaram por conta dos homens atrasados, que até hoje não entenderam e não querem entender que somos Espíritos e que encarnamos e reencarnamos na Terra para progredir.
São cegos conduzindo outros cegos, como Ele explicava.

Ouvindo as zombarias e ofensas que lhe eram dirigidas, naquela sexta-feira dita santa, no final, pediu ao Pai de Infinita Bondade:


Pai,  perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.

Até quando, Senhor?