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domingo, 15 de março de 2015

                            Jesus, Judas e a Páscoa

                                                       Quem é Jesus? 
                                             Por que ainda "malham" Judas?
                                   Temos que comer peixe na sexta-feira santa?

                                         Jesus
Jesus é um Espírito Puro, ou seja, já evoluiu tudo o que poderiam evoluir os seres criados por Deus, que progridem há trilhões de anos nos trilhões de planetas e de galáxias pelo Universo afora. Só para dar uma ideia pálida da sua idade, há 4 bilhões e 500 milhões de anos, quando a Terra foi criada a partir de uma nebulosa, o Senhor Jesus aqui estava, juntamente com seus assessores, combinando os átomos e substâncias da nebulosa para formar os oceanos, os continentes, a composição do ar, da água, além de outros milhões de itens que compõem a complexidade da Terra, como também na criação da Lua, o satélite encarregado de manter a estabilidade do nosso planeta, até chegar nos primeiros seres vivos, que evoluiriam, mais tarde, para os seres humanos, tais quais somos hoje.
Vejam que Ele já era Espírito Puro há 4,5 bilhões de anos. Já havia progredido tudo o que os filhos de Deus podem progredir, quando foi convocado pelo Ser Supremo para organizar e administrar nosso planeta do Sistema Solar.
Assim somos todos nós, os Espíritos criados por Deus, desde o início, simples e ignorantes, evoluindo material e espiritualmente, até atingirmos o ápice que é a condição de Espírito Puro.
Todo o ano, neste período chamado Páscoa, massacram o Cristo. Sempre a mesma coisa. Só mostram o “Senhor morto”. E culpam a todos o tempo todo.
Ninguém mostra quem realmente Jesus é. Nada falam ou sabem falar sobre o Ser magnífico que, por mais de três anos, mostrou o verdadeiro sentido da vida a milhares de pessoas, ajudando-as a superarem inúmeros problemas pessoais, curando principalmente seus Espíritos, pois, curar o corpo para Ele era e é muito fácil.
Jesus curou o corpo de centenas de pessoas, principalmente para mostrar que Ele era um Ser Superior e que estava a serviço de Deus, pois, naquele tempo os povos não tinham ainda maturidade intelectual e espiritual para compreenderem a mensagem divina. Contudo, Seu objetivo era curar a alma, que é a mesma coisa que Espírito, e o Seu Evangelho, a Sua Mensagem veio para curar os nossos Espíritos, abrir os nossos olhos para a realidade espiritual.
O Evangelho é toda uma demonstração de amor por todos nós, com Jesus mostrando o caminho da verdadeira felicidade. É atualíssimo! Todos os problemas que vivenciamos, com crimes e violências generalizadas, dizem diretamente com a inobservância às suas recomendações. É a falta de amor e de compreensão do que somos que nos mantêm na escuridão, que nos faz cometer desatinos, e depois termos que arcar com as consequências.
Está na hora de acordarmos. Jesus não veio à Terra para tirar os pecados das pessoas e levar consigo, ou sentiu medo, como erroneamente pensam muitos, ou estava só. Ele estava e esteve muito bem acompanhado por seus colegas e assessores da Comunidade dos Espíritos Puros. Porém, seu sustento vinha, principalmente, do próprio Pai Maior. Está na hora de cair a ficha. Ele é um Ser Superior. Seu Espírito puro, mesmo encarnado, não poderia ter sentimentos de seres atrasados como nós. Um ser Elevado, como Ele, domina todas as situações, domina todos os seres de qualquer nível, de qualquer lugar no Universo. Jamais iria sentir medo em qualquer situação, até mesmo quando sabia que iria ser trucidado.  Isto porque ninguém consegue destruir o Espírito. Ele passou por tudo aquilo sabendo antecipadamente o que os homens ignorantes daquela época fariam. Ele deixou-se imolar para dar o exemplo de como se enfrenta as dificuldades. 
Jesus teve aquela missão terrível aos nossos olhos, porém, sabia e estava preparado para cumpri-la. Erroneamente, as pessoas se culparam e se culpam até hoje por tudo o que aconteceu. E ficam remoendo até hoje. Só que Ele, logo a seguir, retornou e materializou-se várias vezes, convivendo com os discípulos, ficando por aqui cerca de quarenta dias nesta condição. Demonstrou que não estava magoado com ninguém ao aparecer para seus seguidores. Orientou a todos durante este tempo, sem jamais ter se queixado do que o corpo físico havia sido submetido. Por que? 
Como já dissemos, Jesus é um Espírito Superior, não é um Espírito qualquer. Os Espíritos Elevados não sofrem como nós sofremos, não se sentem abandonados como nos sentimos, não têm a consciência pesada como temos, não são atingidos por maldades e ódios como somos, não tendo, portanto, sentimentos de mágoa ou de vingança. Eles não ficam se lastimando como nós ficamos quando alguém desencarna. Não podemos nos comparar com Ele, um Espírito Puro, dizendo, como dizem por aí, que Ele sofria como sofremos, que tinha tentações como temos, além de ter sido tentado por Satanás. Que absurdo! A Doutrina Espírita tem informações atualizadas sobre os Espíritos de todos os níveis. Estas informações estão ao alcance de todos. Basta que consultemos as obras básicas de Allan Kardec e dos demais autores Espíritas idôneos, encarnados ou desencarnados.
E, os Espíritas têm todas as informações para não pensarem simploriamente como até hoje outras orientações religiosas ainda sustentam. É o Consolador prometido pelo próprio Jesus, pois, esta é a hora necessária, em que a Humanidade terrestre se encontra mais carente, mais perdida.
Já estamos na Era do Espírito. Há 159 anos (1857), com a publicação de “O Livro dos Espíritos”, por Allan Kardec, maiores e mais profundos esclarecimentos foram transmitidos para os habitantes deste planeta, graças à bondade de Deus, que é o Amor Absoluto e, portanto, ama a todas as suas criaturas.
Então, graças ao amor do Ser Supremo, que nos criou para sermos melhores em todos os sentidos, crescendo intelectual e espiritualmente, para podermos compreender as maravilhas que nos cercam, além de podermos interagir com tudo, e colaborarmos com o Pai Supremo em suas obras, hoje, já temos uma visão melhor do que seja Deus e de quem seja Jesus.
Todos evoluímos. Não podemos ficar parados no tempo, como ocorre ainda com milhões de pessoas aqui na Terra, sempre batendo na mesma tecla, sempre vendo Jesus como apenas um “crucificado sangrento”, sofrendo, como se Ele se importasse com o massacre que sofreu. Ele é um Espírito Superior. Aqueles momentos ficaram para trás. Em pouquíssimos segundos, o Meigo Nazareno já estava em seu Paraíso Celestial.

                                                           Judas
Até hoje, séculos e séculos passados, as pessoas amaldiçoam Judas, o discípulo equivocado, que tinha uma visão política diferente sobre Jesus e sobre sua missão.
As religiões em geral nada sabem  sobre Judas, como nada sabem sobre ninguém que andou por aqui e partiu para o Além. Só sabem dizer que alguém é “santinho”, cobrando caro por isto, ou que alguém deve “arder” no fogo eterno, como fizeram e fazem com Judas e tantos outros.
E o perdão ensinado por Jesus? Nota-se que muitos ainda não assimilaram esta lição que deu origem à pergunta de Pedro: - "Senhor, quantas vezes pecará meu irmão contra mim, que lhe hei de perdoar?  Será até sete vezes?" E, Jesus: - "Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete".
Conta o Espírito Amélia Rodrigues ("Trigo de Deus", psicografia de Divaldo Franco), que, “antes de aparecer às mulheres que foram ao túmulo vazio, Jesus descera às regiões penosas do mundo inferior ao qual se arrojara Judas invigilante. Debatendo-se na constrição psíquica do laço que o enforcara e sob a truanesca zombaria daqueles Espíritos que o estimularam à tragédia, tornara-se o símbolo da suprema desdita. No aturdimento ímpar, sem poder ver o Amigo Divino, sentiu, momentaneamente, atenuarem-se-lhe as dores e a loucura, e ouviu-Lhe a voz dúlcida nos refolhos do ser:
“- Judas, sou Eu.
Confia e espera! Ainda há tempo. Nenhuma das minhas ovelhas se perderá.
Perdoa-te o ultraje, a fim de que te possas libertar da culpa e recuperar-te.
Acende a candeia da esperança e a sombra cederá.
Recorda o amor, de modo que a paz se te aninhe no coração.
Nunca te deixarei, nem te condenarei.
Hoje começa época nova e amanhã é o dia da vitória.
Repousa um pouco, pois os milênios te aguardam e eu também estarei esperando por ti”.
Suavizado o sofrimento pelo conforto da Presença, Judas adormeceu por um pouco, adquirindo forças para as futuras expiações redentoras.
No encontro que o Espírito Humberto de Campos teve com o Espírito Judas, há alguns anos em Jerusalém ("Crônicas de Além-Túmulo", psicografia de Chico Xavier), ele relata o porquê da chamada 'traição' e os sofrimentos porque passou, até atingir um grau elevado na escala espiritual, elevando-se, finalmente, e reaproximando-se do Cristo. Diz Judas: "Entregando, pois, o Mestre a Caifás, não julguei que as coisas atingissem um fim tão lamentável e, ralado de remorsos, presumi que o suicídio era a única maneira de me redimir aos Seus olhos. Depois de minha morte trágica, submergi-me em séculos de sofrimento expiatório da minha falta. Sofri horrores nas perseguições infligidas em Roma aos adeptos da doutrina de Jesus e as minhas provas culminaram em uma fogueira inquisitorial, onde, imitando o Mestre, fui traído, vendido e usurpado. Vítima da felonia e da traição, deixei na Terra os derradeiros resquícios do meu crime, na Europa do século XV. Desde esse dia em que me entreguei por amor do Cristo a todos os tormentos e infâmias  que me aviltavam, com resignação e piedade pelos meus verdugos, fechei o ciclo  das minhas dolorosas reencarnações na Terra, sentindo na fronte o ósculo de perdão da minha própria consciência... E agora, irmanado com Ele, que se acha no seu luminoso Reino das Alturas, que ainda não é deste mundo, sinto nestas estradas o sinal dos seus passos divinos. Vejo-o ainda na cruz, entregando a Deus o seu destino... Sinto a clamorosa injustiça dos companheiros que o abandonaram inteiramente e me vem uma recordação carinhosa das poucas mulheres que o ampararam no doloroso transe. Em todas as homenagens a Ele prestadas, eu sou sempre a figura repugnante do traidor. Olho complacentemente os que me acusam sem refletir se podem atirar a primeira pedra... Quanto ao Divino Mestre, infinita é a Sua misericórdia e não só para comigo, porque, se recebi trinta moedas vendendo-o aos seus algozes, há muitos séculos Ele está  sendo criminosamente vendido no mundo, a grosso e a retalho, por todos os preços, em todos os padrões do ouro amoedado...”
Estava reservado ao Espiritismo, como a Terceira Revelação, nestes tempos, esclarecer-nos sobre todos os fatos do passado, bem como sobre tudo o que diz respeito à Espiritualidade, explicando-nos de onde viemos, o que somos, para onde vamos, além dos inúmeros “porquês” do sofrimento humano.

                                                        Páscoa
É interessante saber que a origem da Páscoa nada tinha a ver com a crucificação de Jesus, mas tinha a ver com a gratidão dos povos primitivos pela colheita de trigo, ou seja, a "festa dos ázimos", e, posteriormente, a partir de 1441 a.C., ao êxodo do povo judeu do Egito, retornando à Palestina. 
As igrejas atuais incorporaram muitas práticas e cerimônias do judaísmo e de outras culturas. 
Assim, passados poucos séculos da morte física de Jesus, os religiosos criaram a tal "semana santa", passando a insistir na hipótese de o Cristo ter subido ao Céu com o corpo físico, num flagrante descaso com as leis da Natureza. 
Ainda hoje, nesta festa chamada Páscoa, entre outras coisas, continuam a passar ideias que Jesus jamais ensinou, como a de não comer carne vermelha e a obrigatoriedade de ingerir somente peixe, tomar vinho, ou, ainda, de ter que jejuar nesta chamada "sexta-feira santa". 
Em nenhum lugar dos textos evangélicos encontramos Jesus jejuando ou não comendo este ou aquele alimento. Ensinava Ele que "o mal não é o que entra pela boca, mas o que sai da boca do homem", pois, os judeus observavam muitas regras obsoletas provenientes do Judaísmo. 
Com certeza, o peixe faz bem para a saúde e temos de comê-lo semanalmente.  Contudo, tendo em vista que na sexta-feira, dita santa, os preços dos peixes sobem para as nuvens, opinamos que este é o dia menos indicado para comê-lo.
Muitas pessoas, cegamente, dizem que são obrigadas a comer peixe na sexta-feira da paixão, pois, seria pecado comer outras carnes neste dia. Pecado por quê? O que têm os alimentos de origem animal a ver com a crucificação do Cristo? Bilhões de pessoas não cristãs não observam esta regra. Será que elas não vão para o Céu, mesmo que nunca tenham ouvido falar em Jesus?
De onde tiraram isso?  Foi Jesus que ensinou a comer somente peixe no dia que “lembram” a sua crucificação? É lógico que não.  Ele jamais ensinou absurdos.
Então, perguntamos: O que o Espírito Superior, chamado Jesus, tem a ver com peixe ou qualquer sacrifício físico neste dia ou em qualquer outro do ano?  Nada!
Com certeza, alguns religiosos que, em certo momento obscuro da história, impuseram aos dominados, séculos atrás, estes dogmas, que viraram hábito, mas que, na verdade, beneficiam somente os comerciantes de peixes e de vinho em geral. Até hoje, muitas pessoas nada questionam a respeito. Por quê?   Comodismo?  Ignorância?
Muito interessante saber que Jesus, quando encarnado aqui na Terra não cumpria com nenhum ritual determinado pela religião judaica.  Não jejuava, não lavava as mãos antes das refeições, pois, isto constituía-se num ritual, sendo severamente criticado pelos fariseus e perseguido também por isto.

Atualmente, neste evento chamado Páscoa, o chamado 'mundo cristão' “comemora” o massacre de Jesus. Ficam falando e encenando o Cristo arrastando a cruz, sangrando e sofrendo, culminando com Ele pregado na cruz, mostrando o “coitadinho” sofrendo, com pregos grandes atravessando seus pés e suas mãos, os litros de sangue derramados... Em 2012, em Porto Alegre, onde todo o ano costumam encenar esse fato histórico, essa tal representação atingiu o clímax do absurdo: o ator que foi "crucificado" morreu enforcado e ninguém percebeu. Tudo é demasiado tétrico. Todo o ano massacram o Cristo. Sempre a mesma coisa. Só mostram o “Senhor morto”. E culpam a todos o tempo todo.

Sim, depois de séculos de deturpações, perseguições e massacres, sem entender a vontade de Deus,  claramente gravadas na Sua mensagem, a partir do século XIX, a Doutrina do Cristo está sendo restaurada.
São os Espíritos Superiores, com a sua Doutrina Racional que estão tirando o véu de tudo que estava oculto. Já temos condições de entender e de assimilar a verdade, para sermos livres.
Com os esclarecimentos dos Espíritos de Luz, passamos a entender as palavras de Jesus, quem é Ele e o porquê do Seu Evangelho.
Todo o massacre do Cristo, no final, fica como algo menor, perto do Amor demonstrado por Ele para com todos, dando o exemplo de humildade, sem julgar ninguém, apenas orientando e amparando a Humanidade sofredora.
É isto o que realmente importa na vinda do Messias, ou seja, a Sua postura elevada, mostrando o caminho, trazendo notícias de que Deus é o nosso Amor de sempre, que quer somente o nosso bem.
Para tanto, é necessário que abramos as nossas mentes, que “tenhamos olhos de ver”, como Ele dizia.
Jesus resumiu tudo no “amai-vos uns aos outros”. Não criou nenhuma religião, cheias de dogmas, rituais e bobagens, como vemos por aí, e, que não seguiram e não seguem os seus verdadeiros ensinamentos, como historicamente está demonstrado com perseguições e massacres de inúmeros povos (Cruzadas, Inquisição e inúmeras guerras religiosas).
Ele só pediu que nos amássemos e não que nos amassássemos. Que fizéssemos aos outros tudo o que gostaríamos que nos fosse feito. 
Toda a parafernália de dogmas, cerimônias, rituais, etc., ficaram por conta dos homens atrasados, que até hoje não entenderam e não querem entender que somos Espíritos e que reencarnamos centenas de vezes na Terra, e em outros planetas, para progredir.
São cegos conduzindo outros cegos, como Ele explicava.
Ouvindo as zombarias e ofensas que lhe eram dirigidas, naquela sexta-feira fatídica, e agora dita santa, no derradeiro minuto, pediu ao Pai de Infinita Bondade: "Pai,  perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem".
Até quando, Senhor?          

 Luiz Alberto Cunha

terça-feira, 10 de março de 2015

                     Páscoa e Espiritismo

Quando comemoramos a Páscoa, mais uma vez nos defrontamos com cerimônias e posturas que não se coadunam com o homem moderno, do século XXI. Sempre é a mesma coisa, sempre estão acentuando o lado sanguinolento de um evento que ocorreu há cerca de dois mil anos. Ninguém lembra da mensagem de amor do Cristo, em que Ele mostra-nos que somos herdeiros do Altíssimo, que devemos crescer e compreender uns aos outros. Que devemos tolerarmo-nos e caminhar para o Alto. A mensagem continua esquecida. Os homens se prendem a questões externas, sem atentar para o conteúdo moral do exemplo deixado por Ele.
É interessante saber que a origem da Páscoa nada tinha a ver com a crucificação de Jesus, mas tinha a ver com a gratidão dos povos primitivos pela colheita de trigo, ou seja, a "festa dos ázimos", e, posteriormente, a partir de 1441 a.C., ao êxodo do povo judeu do Egito, retornando à Palestina. 
As igrejas atuais incorporaram muitas práticas e cerimônias do judaísmo e de outras culturas. 
Assim, os religiosos, passados poucos séculos da morte física de Jesus, criaram a tal "semana santa", insistindo na hipótese de o Cristo ter subido ao Céu com o corpo físico, num flagrante descaso com as leis da Natureza. 
Ainda hoje, nesta festa chamada Páscoa, entre outras coisas, continuam a passar ideias que Jesus jamais ensinou, como a de não comer carne vermelha e a obrigatoriedade de ingerir somente peixe ou, ainda, de ter que jejuar nesta chamada "sexta-feira santa". 
Em nenhum lugar dos textos evangélicos encontramos Jesus jejuando ou não comendo este ou aquele alimento. Ensinava Ele que "o mal não é o que entra pela boca, mas o que sai da boca do homem", pois, os judeus observavam muitas regras obsoletas. 
O Espiritismo afirma ser impossível alguém ir viver no Mundo Espiritual com o corpo material, pois, lá é outra dimensão, onde vivem os seres espirituais, que não ingerem alimentos grosseiros como os nossos. A Espiritualidade é um estágio superior ao da materialidade, onde as leis são próprias daquela condição, sendo, portanto, diferentes das que regulam o mundo físico.
No passado, religiosos impuseram uma série de condutas que eram aceitas porque as pessoas não podiam contrariar a igreja dominante, que tinha poder de vida e morte sobre todos. 
Pouco mais de quinhentos anos depois do retorno de Jesus aos planos espirituais elevados, suas ideias já não eram mais seguidas pela igreja dominante. Teólogos deste período criaram dogmas que não podiam ser contestados, desfigurando a Doutrina de Amor e Perdão do Messias. 
A visão Espírita sobre a Páscoa é bem diferente da que se observa por aí, pois não tem dogmas, nem rituais, ou quaisquer cultos externos, explicando racionalmente o Evangelho  do Cristo.
Assim, a Páscoa, do ponto de vista dessas igrejas, está envolvida num contexto negativo de culpa. Pela ótica judaico-cristã, nós, os habitantes deste planeta que nos denominamos cristãos, somos culpados por Jesus ter padecido na cruz para "nos salvar" dos nossos erros e dos erros dos nossos ancestrais, em especial Adão e Eva. Estes personagens bíblicos não passam de uma lenda, haja vista que a história da evolução do homem terrestre na realidade é bem mais longa e complexa do que afirmam os textos bíblicos. As pesquisas científicas demonstram que o homem vive na Terra há dezenas de milhares de anos, bem diferente do que consta no chamado "livro sagrado".
Por outro lado, paralelamente, nesta festa-drama, dita religiosa, que se tornou a Páscoa, se bem analisada, verificaremos que são cerimônias primitivas e sempre repetitivas, nada tendo a ver com o Enviado Celeste, que afirmava ter vindo para que tivéssemos vida. 
Nesta festa temos o comércio e o consumo de produtos acrescentados nos últimos séculos. A obrigatoriedade do consumo de peixe, por exemplo, na sexta-feira, entre outras práticas, raia ao absurdo. Ao longo dos séculos isto foi introjetado nas pessoas ditas cristãs e, até hoje, vemos dificuldade de muitos em perceber que isso nada tem a ver com a crucificação de Jesus e, principalmente, com a Sua mensagem. 
O que tem a ver a carne de qualquer animal com o massacre do Cristo? 
O que pensa Jesus a respeito disso nos dias atuais? 
Acredito que deve lamentar as bobagens que temos inventado, tornando tortuosos os caminhos para encontrá-Lo e seguí-Lo.
E quanto às cerimônias tristes da chamada Via Sacra e o desfecho final, o que pensa Jesus? 
Será que Ele está magoado conosco? Daí vem a culpa inventada por judeus e os ditos cristãos, seguidores nada esclarecidos do Cristo que, menos de trezentos anos depois da Sua partida, criaram uma série de mortificações, sacrifícios e dogmas, despejando, por séculos, goela abaixo em milhões de criaturas, que até hoje nada entenderam da vinda do Messias à Terra, repetindo coisas absurdas. 
Por isso que ainda hoje se vê a repetição desse drama, e que continua sendo alimentado por igrejas que não prestaram atenção à mensagem do Cristo e muito menos possuem noção da realidade espiritual. 
Na verdade, estas religiões estão paradas no tempo. Não aceitaram e continuam não aceitando a Terceira Revelação, que traz maiores esclarecimentos para a Humanidade. 
Por isso volto a perguntar: Estaria Jesus chateado conosco porque não O entendemos e O massacramos há dois mil anos? 
Quando Ele retornou, ao terceiro dia, e passou a encontrar-se com os apóstolos, materializando-se diversas vezes, em nenhum momento queixou-se dos seus carrascos ou dos próprios seguidores que o abandonaram em suas últimas horas de vida física.
E quanto a Judas? Jesus ficou magoado com ele? 
Mas, se o Cristo sabia que Judas o trairia, por que permitiu que tal ocorresse? Por que entregou-se, deixando tudo se consumar?
Muito interessante o que escreveu Pedro de Camargo, em seu livro "Na Escola do Mestre". Ele lança inúmeros argumentos que vão desde a escolha de Judas como apóstolo, sua personalidade, e o conhecimento do Cristo a cerca do que faria. 
O Espírito Amélia Rodrigues, no livro "Trigo de Deus"(psicografia de D. Franco), relata detalhes da visita de Jesus a Judas no Umbral, poucas horas depois da crucificação, dando-lhe amparo e consolo, dizendo-lhe que não o condenava. Vejam que o Cristo jamais se contradisse ao ensinar o perdão. 
Contudo, o que temos assistido nestes vários séculos de obscurantismo, determinado pelos ditos "seus" representantes? Nada em favor de Judas, sempre sendo lembrado como a pior criatura do mundo, segundo esses religiosos. Sempre sendo malhado há mais de dois mil anos.
Assim, caberia ao Espiritismo, o Consolador, primeiro lembrar e interpretar a mensagem de Jesus que consta no Evangelho, segundo, trazendo os próprios personagens que viveram a história, como o próprio Judas, que em conversa com o Espírito Humberto de Campos, no livro "Crônicas de Além-Túmulo"(psicografia de C. Xavier), esclarecendo sua atitude na época da crucificação, comentando sobre suas reencarnações expiatórias até o século XV, encerrando sua evolução neste planeta e, desde aquela época, convivendo com Jesus no Mundo Espiritual.
E as pessoas aqui na Terra a maldizê-lo por centenas de anos, demonstrando uma ignorância tamanha.
Nós, Espíritas, encaramos a Páscoa como a derradeira lição de Jesus para a Humanidade, demonstrando a todos que devemos enfrentar nossas agruras sem revoltas e, provando a todos que a morte não existe, ao retornar no terceiro dia como havia prometido, continuando a orientar seus seguidores e a todos nós até hoje. 
Luiz Alberto Cunha