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quarta-feira, 9 de abril de 2014

                                   Páscoa e Espiritismo

Quando comemoramos a Páscoa, mais uma vez nos defrontamos com cerimônias e posturas que não se coadunam com o homem moderno, do século XXI. Sempre é a mesma coisa, sempre estão acentuando o lado sanguinolento de um evento que ocorreu há cerca de dois mil anos. Ninguém lembra da mensagem de amor do Cristo, em que Ele mostra-nos que somos herdeiros do Altíssimo, que devemos crescer e compreender uns aos outros. Que devemos tolerarmo-nos e caminhar para o Alto. A mensagem continua esquecida. Os homens se prendem a questões externas, sem atentar para o conteúdo moral do exemplo deixado por Ele.
É interessante saber que a origem da Páscoa nada tinha a ver com a crucificação de Jesus, mas tinha a ver com a gratidão dos povos primitivos pela colheita de trigo, ou seja, a "festa dos ázimos", e, posteriormente, a partir de 1441 a.C., ao êxodo do povo judeu do Egito, retornando à Palestina.
As igrejas atuais incorporaram muitas práticas e cerimônias do judaísmo e de outras culturas.
Assim, os religiosos, passados poucos séculos da morte física de Jesus, criaram a tal "semana santa", insistindo na hipótese de o Cristo ter subido ao Céu com o corpo físico, num flagrante descaso com as leis da Natureza.
Ainda hoje, nesta festa chamada Páscoa, entre outras coisas, continuam a passar ideias que Jesus jamais ensinou, como a de não comer carne vermelha e a obrigatoriedade de ingerir somente peixe ou, ainda, de ter que jejuar nesta chamada "sexta-feira santa".
Em nenhum lugar dos textos evangélicos encontramos Jesus jejuando ou não comendo este ou aquele alimento. Ensinava Ele que "o mal não é o que entra pela boca, mas o que sai da boca do homem", pois, os judeus observavam muitas regras obsoletas.
O Espiritismo afirma ser impossível alguém ir viver no Mundo Espiritual com o corpo material, pois, lá é outra dimensão, onde vivem os seres espirituais, que não ingerem alimentos grosseiros como os nossos. A Espiritualidade é um estágio superior ao da materialidade, onde as leis são próprias daquela condição, sendo, portanto, diferentes das que regulam o mundo físico.
No passado, religiosos impuseram uma série de condutas que eram aceitas porque as pessoas não podiam contrariar a igreja dominante, que tinha poder de vida e morte sobre todos.
Pouco mais de quinhentos anos depois do retorno de Jesus aos planos espirituais elevados, suas ideias já não eram mais seguidas pela igreja dominante. Teólogos deste período criaram dogmas que não podiam ser contestados, desfigurando a Doutrina de Amor e Perdão do Messias.
A visão Espírita sobre a Páscoa é bem diferente da que observa por aí, pois não tem dogmas, nem rituais, ou quaisquer cultos externos, explicando racionalmente o Evangelho  do Cristo.
Assim, a Páscoa, do ponto de vista dessas igrejas, está envolvida num contexto negativo de culpa. Pela ótica judaico-cristã, nós, os habitantes deste planeta que nos denominamos cristãos, somos culpados por Jesus ter padecido na cruz para "nos salvar" dos nossos erros e dos erros dos nossos ancestrais, em especial Adão e Eva. Estes personagens bíblicos não passam de uma lenda, haja vista que a história da evolução do homem terrestre na realidade é bem mais longa e complexa do que afirmam os textos bíblicos. As pesquisas científicas demonstram que o homem vive na Terra há dezenas de milhares de anos, bem diferente do que consta no chamado livro sagrado.
Por outro lado, paralelamente, nesta festa-drama, dita religiosa, que se tornou a Páscoa, se bem analisada, verificaremos que são cerimônias primitivas e sempre repetitivas, nada tendo a ver com o Enviado Celeste, que afirmava ter vindo para que tivéssemos vida.
Nesta festa temos o comércio e o consumo de produtos acrescentados nos últimos séculos. A obrigatoriedade do consumo de peixe, por exemplo, na sexta-feira, entre outras práticas, raia ao absurdo. Ao longo dos séculos isto foi introjetado nas pessoas ditas cristãs e, até hoje, vemos dificuldade de muitos em perceber que isso nada tem a ver com a crucificação de Jesus e, principalmente, com a Sua mensagem.
O que tem a ver a carne de qualquer animal com o massacre do Cristo?
O que pensa Jesus a respeito disso nos dias atuais?
Acredito que deve lamentar as bobagens que temos inventado, tornando tortuosos os caminhos para encontrá-Lo e seguí-Lo.
E quanto às cerimônias tristes da chamada Via Sacra e o desfecho final, o que pensa Jesus?
Será que Ele está magoado conosco? Daí vem a culpa inventada por judeus e os ditos cristãos, seguidores nada esclarecidos do Cristo que, menos de trezentos anos depois da Sua partida, criaram uma série de mortificações, sacrifícios e dogmas, despejando, por séculos, goela abaixo em milhões de criaturas, que até hoje nada entenderam da vinda do Messias à Terra, repetindo coisas absurdas.
Por isso que ainda hoje se vê a repetição desse drama, e que continua sendo alimentado por igrejas que não prestaram atenção à mensagem do Cristo e muito menos possuem noção da realidade espiritual.
Na verdade, estas religiões estão paradas no tempo. Não aceitaram e continuam não aceitando a Terceira Revelação, que traz maiores esclarecimentos para a Humanidade.
Por isso volto a perguntar: Estaria Jesus chateado conosco porque não O entendemos e O massacramos há dois mil anos?
Quando Ele retornou, ao terceiro dia, e passou a encontrar-se com os apóstolos, em nenhum momento queixou-se dos seus carrascos ou dos próprios seguidores que o abandonaram em suas últimas horas de vida física.
E quanto a Judas? Jesus ficou magoado com ele?
Mas, se o Cristo sabia que Judas o trairia, por que permitiu que tal ocorresse? Por que entregou-se, deixando tudo se consumar?
Muito interessante o que escreveu Pedro de Camargo, em seu livro "Na Escola do Mestre". Ele lança inúmeros argumentos que vão desde a escolha de Judas como apóstolo, sua personalidade, e o conhecimento do Cristo a cerca do que faria.
O Espírito Amélia Rodrigues, no livro "Trigo de Deus"(psicografia de D. Franco), relata detalhes da visita de Jesus a Judas no Umbral, poucas horas depois da crucificação, dando-lhe amparo e consolo, dizendo-lhe que não o condenava. Vejam que o Cristo jamais se contradisse ao ensinar o perdão.
Contudo, o que temos assistido nestes vários séculos de obscurantismo, determinado pelos ditos "seus" representantes? Nada em favor de Judas, sempre sendo lembrado como a pior criatura do mundo, segundo esses religiosos. Sempre sendo malhado há mais de dois mil anos.
Assim, caberia ao Espiritismo, o Consolador, primeiro lembrar e interpretar a mensagem de Jesus que consta no Evangelho, segundo, trazendo os próprios personagens que viveram a história, como o próprio Judas, que em conversa com o Espírito Humberto de Campos, no livro "Crônicas de Além-Túmulo"(psicografia de C. Xavier), esclarecendo sua atitude na época da crucificação, comentando sobre suas reencarnações expiatórias até o século XV, encerrando sua evolução neste planeta e, desde aquela época, convivendo com Jesus no Mundo Espiritual.
E as pessoas aqui na Terra a maldizê-lo por centenas de anos, demonstrando uma ignorância tamanha.
Nós, Espíritas, encaramos a Páscoa como a derradeira lição de Jesus para a Humanidade, demonstrando a todos que devemos enfrentar nossas agruras sem revoltas e, provando a todos que a morte não existe, ao retornar no terceiro dia como havia prometido, continuando a orientar seus seguidores e a todos nós até hoje.

Luiz Alberto Cunha

terça-feira, 1 de abril de 2014

                                                    ABRIL, MÊS DO LIVRO ESPÍRITA 
TENDO EM VISTA QUE "O LIVRO DOS ESPÍRITOS" FOI LANÇADO EM 18 DE ABRIL DE 1857, INAUGURANDO NA TERRA A NOVA ERA, REVELANDO AS LEIS QUE REGEM O MUNDO ESPIRITUAL E A SUA ASCENDÊNCIA SOBRE O MUNDO MATERIAL, E MUITO MAIS, TODOS QUE ESTUDAMOS A DOUTRINA ESPÍRITA, INCENTIVAMOS A LEITURA E O ESTUDO DAS OBRAS BÁSICAS DO ESPIRITISMO, ESCRITAS POR ALLAN KARDEC SOB A SUPERVISÃO DOS ESPÍRITOS SUPERIORES. Infelizmente, muitas casas que levam o nome de "espíritas" ainda não acordaram para a imperiosa necessidade de estudar as obras básicas escritas por Allan Kardec. Mesmo as que são ligadas às federações, preferem estudar outras obras que não têm a profundidade das que o Codificador nos legou. Vejamos a opinião dos grandes estudiosos da Doutrina, como assinala Doris Gandres, do Correio Fraterno:
“Com este livro, a 18 de abril de 1857, raiou para o mundo a Era Espírita (...) "O Livro dos Espíritos" é o código de uma nova fase da evolução humana. É exatamente essa a sua posição na história do pensamento. Este não é um livro comum, que se pode ler de um dia para o outro e depois esquecer num canto da estante. Nosso dever é estudá-lo e meditá-lo, lendo-o e relendo-o constantemente.” - Introdução de José Herculano Pires na edição comemorativa dos cem anos do lançamento de "O Livro dos Espíritos".
Herculano Pires, como é conhecido, escritor e filósofo espírita de renome no meio e no Movimento Espírita, com dezenas de livros publicados e vasta atuação no cenário espiritista e laico, não poderia ter definido melhor a importância desse livro basilar que, para todo adepto sério e sinceramente interessado na Doutrina, não pode jamais ser relegado a segundo plano. Herculano ainda nos diz: “Sobre este livro se ergue todo um edifício: o da Doutrina Espírita. Ele é a pedra fundamental do Espiritismo, o seu marco inicial. O Espiritismo surgiu com ele e com ele se propagou, com ele se impôs e consolidou no mundo”.
E é verdade – nele, toda a doutrina de forma condensada e concisa, sem que, no entanto, se perca a clareza e haja qualquer prejuízo para o bom entendimento dos temas e princípios doutrinários; todos os demais livros que compõem a codificação ali estão contidos: "O Livro dos Médiuns", "O Evangelho Segundo o Espiritismo", "O Céu e o Inferno" e "A Gênese". Basta uma análise um pouco mais criteriosa e facilmente os detectamos no contexto de determinadas partes e questões. É muito comum vermos companheiros de ideal de boa-vontade se dedicarem à leitura e ao estudo, com entusiasmo e assiduidade, por exemplo, dos livros de André Luiz, os quais, ressaltamos, trazem muitos esclarecimentos compatíveis com os princípios espiritistas – mas é preciso conhecer-se o corpo doutrinário para poder distinguir essa qualidade... Aliás, basicamente, o que se vê é o estudo do Nosso Lar repetido seguidamente em várias Casas Espíritas... O que se vê, ainda, em muitas ocasiões, é uma atração quase irresistível por títulos novos, por romances e livros até algo sensacionalistas ou de autoajuda, alguns trazendo implicitamente promessas de transformação interior fácil mediante certas posturas externas... Hoje, o mercado transborda de todo tipo de livros ditos espíritas... O que se percebe lamentavelmente é um interesse muito mais evidente com relação a diversos outros livros “bonitos e emotivos” em detrimento dos livros kardecianos, que são os que sustentam efetivamente nosso aprendizado quanto às leis da vida. Certamente que, uma vez conhecedores dos livros chaves da codificação, os acima enumerados, podemos, e até devemos, estender a nossa Cultura Espírita, buscando esclarecimentos em outros tantos livros sérios, notadamente entre os clássicos da nossa literatura doutrinária. O que não podemos, e até não devemos, é sair ‘correndo atrás’ de todo e qualquer livro que surja no mercado, com belo título, bela capa, alguns com nomes difundidos, outros não, a maioria repetitivos, sem nada acrescentar ao nosso entendimento da vida – então quando se trata de autor desencarnado, seja quem for, é quase uma febre coletiva... Os encarnados, ainda que reconhecidamente esclarecidos doutrinariamente e esforçados no que se refere à sua postura fraterna e edificante, ficam esquecidos nas prateleiras de livrarias e bibliotecas – quantas são as Casas Espíritas onde se encontram com facilidade livros de Deolindo Amorim, do citado Herculano Pires, de Herminio Miranda, de Carlos Imbassahy, de Ernani Guimarães e outros... Alguns desses mencionados hoje já estão desencarnados, mas deixaram obras valiosíssimas enquanto aqui caminhavam conosco...
Mas, tudo isso só pode ser devidamente avaliado a partir de UM livro, quando estudado, refletido e compreendido em profundidade e com respeito, para não dizer veneração, pois é a viga mestra, a pedra angular da Cultura Espírita – esse um é "O LIVRO DOS ESPÍRITOS"!