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domingo, 1 de dezembro de 2013

                                           Natal de Jesus
                                 De quem é o aniversário?

Chegamos ao final de mais um ano. Desde novembro já notamos as lojas se movimentando para oferecer inúmeros ítens que, de certa maneira, passaram a fazer parte da data que é a mais comemorada pelo dito mundo cristão. Existem bilhões de pessoas aqui na Terra que esta data nada significa.
E nós, nos dizemos cristãos porque nos achamos seguidores das ideias de Jesus, o Cristo. Há mais de dois mil anos Ele esteve aqui na Terra. Há vários séculos, a Igreja Católica aproveitou as comemorações que se faziam na Europa, entre os dias 22 e 25 de dezembro, em homenagem ao Sol, quando o inverno inicia naquele continente, em que reunia milhares de pessoas, para comerem e beberem, entre outras coisas, exageradamente.
Assim, temos inúmeras religiões que se dizem seguidoras do Cristo e, algumas, declaram que são as únicas representantes Dele aqui na Terra. Todas têm seus adeptos, que as sustentam, que lhes seguem os preceitos, pensando assim, ganhar o Céu, alcançar o Paraíso...
Simpatizantes destas religiões ou não, por não termos ainda assimilado a mensagem trazida pelo Enviado Divino, até hoje, nossos Natais têm se caracterizado mais por festas pagãs, como antigamente em Roma e na Europa, em geral.
Preparamos uma grande festa, com frangos e perus, bebidas de todos os tipos, inúmeras iguarias, enfeitamos as casas com pinheiros cheios de bolinhas e luzes, trocamos presentes. As pessoas compram eletrodomésticos novos, roupas novas, carros novos, etc. E dizemos que estamos comemorando o Natal. De quem? Nosso? Sim, porque o que menos lembramos é do aniversariante, pois, comemos e bebemos como se estivéssemos nas antigas festas romanas. Não nos reunimos para falar sobre o aniversariante, sobre o que Ele representa para todos nós.
Por que?
Porque, na verdade, Ele ainda não nasceu para nós, dentro de nós.
O Seu nascimento ainda não nos tocou, ainda não despertou em nós a grande mudança que o Seu toque divino desperta, iluminando, transmitindo amor, ensinando fraternidade.
Por isso esquecemos de que o Natal é o Seu aniversário, onde devemos comemorar o Seu nascimento para o bem de cada um de nós, para o bem da Terra, quando cada um de nós houver despertado a divindade que existe dentro de nós. Enquanto não fizermos isto, a Terra continuará na escuridão, com a violência que sofremos e que somos portadores ainda, com milhões de pessoas marginalizadas, com fome, com doenças, explorações e massacres de toda ordem.
E a maioria ainda pergunta:  Por que?
Essa grande maioria até hoje não enxergou, não tem "olhos de ver". Logo após a crucificação de Jesus, o céu escureceu, armou-se uma tempestade. E o centurião comentou, como está no Evangelho: "Verdadeiramente este homem era filho de Deus. Na verdade este homem era justo."
Somos seguidores do "Justo"? Fazemos o que Ele pediu?
Quando compreendermos que Jesus é o aniversariante, deixando o nosso egoísmo de lado, vamos comemorar o Natal dando a Ele os melhores presentes, ao invés de comprar para nós "coisas".
E o presente que Ele espera de nós é "fazermos aos outros tudo o que gostaríamos que eles nos fizessem", todos os dias do ano e não só no final do ano, não só em dezembro, quando nos sensibilizamos com "alguma coisa no ar".
Um dia, sentiremos as alegrias do Natal de Jesus, todos os dias, porque seremos Seus seguidores de verdade, fazendo um mundo melhor, que chamaremos de "Nova Era".

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

                                                                        Sede Perfeitos
                                           Cap. XVII, de "O Evangelho Segundo o Espiritismo"
"Ouvistes o que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; desse modo vos tornareis filhos de vosso Pai que está nos céus, porque Ele faz nascer o seu sol igualmente entre maus e bons, e cair a chuva sobre justos e injustos. Com efeito, se amais aos que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem também os publicanos a mesma coisa? E se saúdas apenas os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem também os gentios a mesma coisa? Portanto, deveis ser perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito."
Explica Allan Kardec que, estas palavras de Jesus, "devem entender-se no sentido da perfeição relativa, a de que a Humanidade é suscetível e que mais a aproxima da Divindade. Em que consiste essa perfeição? Jesus o diz: "Em amarmos os nossos inimigos, em fazermos o bem aos que nos odeiam, em orarmos pelos que nos perseguem." Mostra ele, desse modo, que a essência da perfeição é a caridade na sua mais ampla acepção, porque implica a prática de todas as outras virtudes. Com efeito, se se observam os resultados de todos os vícios e, mesmo, dos simples defeitos, reconhecer-se-á nenhum haver que não altere mais ou menos o sentimento da caridade, porque todos têm seu princípio no egoísmo e no orgulho, que lhes são a negação; e isso porque tudo o que sobrexcita o sentimento da personalidade destrói, ou, pelo menos enfraquece os elementos da verdadeira caridade, que são: a benevolência, a indulgência, a abnegação e o devotamento. Não podendo o amor do próximo, levado até o amor dos inimigos, aliar-se a nenhum defeito contrário à caridade, aquele amor é sempre, portanto, indício de maior ou menor superioridade moral, donde decorre que o grau da perfeição está na razão direta da sua extensão. Foi por isso que Jesus, depois de haver dado a seus discípulos as regras da caridade, no que tem de mais sublime, lhes disse: "Sede perfeitos, como perfeito é vosso Pai celestial."
Segundo o Espírito Públio, Jesus se vale do imperativo Sede Perfeitos "para que entendamos que a busca da perfeição é uma ordem, um ordenamento inadiável, uma meta insubstituível para todos. Dela não há como fugir. Na longa luta da vida, importa que entendamos a ordem dada pelo Cristo a toda a posteridade. A perfeição é a meta, mas aquela que, efetivamente, seja a que transforme a essência, não se limitando às formalidades sociais. Exercitai o que existe de melhor dentro de vós - afirma Jesus quando ordena a todos que sejamos perfeitos. Oriundos do foco da perfeição, não nos aceitemos como um rascunho do caos. como uma forma monstruosa que combina a origem divina com a perversão da ignorância. Não aceitemos para nossa vida a conduta indigna que é tolerada com naturalidade pelo grande cortejo das pessoas medíocres que vivem a mesmice apoiadas umas na fraqueza das outras, como uma grande coluna de cupins que tudo corroem até derrubarem a árvore de que se alimentaram e que, agora, deixará de existir e matará toda a colônia de fome. Desculparmo-nos com a célebre afirmativa de que: todo mundo faz, todo mundo se comporta assim, todo mundo anda desse jeito... é continuar corroendo o ambiente que ruirá e levará todos os que lhe sejam participantes para o abismo. A perfeição é um convite ao esforço diário, à dedicação que pede trabalho, ao caminho que nos espera o sacrifício de caprichos, de desejos, de nossa imperfeição. A existência dos genes divinos em nosso Espírito nos impõe o dever de fazê-los ativos em nós, sob pena de aniquilarmos, com nossos desejos torpes, as gloriosas destinações que poderiam nos fazer Espíritos a caminho do Pai, espelhando-lhe as virtudes excelsas. E só nos tornamos verdadeiramente positivados em nós através do exercício constante e diário, vencendo o entulho inferior dos nossos modos de ser, das formas mesquinhas de nos relacionarmos com os outros, dos padrões da maioria, acostumada sempre ao caminho mais fácil da descida. O caminho para o fundo do abismo pede apenas falta de freio. Subir exige suor, coragem e determinação. A ordem do Cristo é, ao mesmo tempo, estímulo e advertência: Estimula-nos sobre nossas possibilidades de melhoria, na condição de filhos da perfeição e nos adverte de que se não nos preocuparmos em suar, necessariamente teremos que chorar. Lágrima ou suor serão as gotas santas que nos aproximarão da perfeição. (Espírito Públio-Da Terra para o Céu-André L. Ruiz)
Públio diz que "os materialistas temem a Verdade do Espírito porque ela vem tirar deles os prazeres mentirosos nos quais se deleitam ou nos quais fazem incidir seus semelhantes de cuja invigilância ou inocência se valem para ficar mais ricos. Inoculam o medo e o desespero para, criando mais enfermidades, movimentarem a indústria dos medicamentos e exames. Propiciam a fome ou os conflitos sociais para que suas estruturas comerciais estejam em plena atividade de fornecimento. Os materialistas se opõem a uma ordem mundial onde o Espírito prevaleça sobre os interesses da matéria porque isso os tiraria do trono dourado onde se acostumaram a sentar, pachorrentos e preguiçosos e de onde, com o esforço apenas de um dedo, pensam poder controlar o destino do mundo e das nações. A busca da perfeição, no entanto, continua sendo o nosso dever porque, tendo sido criados pela Perfeição Absoluta, dela recebemos todos os estímulos para que lográssemos a vitória e a conquista dos objetivos elevados que um Espírito criado pela mais poderosa força do Universo pode imaginar para si mesmo. Se disseram que fomos feitos à imagem e semelhança do Pai, tenhamos o cuidado de nos esmerar na imagem real que espelhemos, a fim de que, por ver-Se refletido apenas em nossos defeitos e misérias, Deus não se veja colocado na galeria dos horrores, como mais uma das assombrações horripilantes que os homens são tão talentosos para inventar.
A capacidade de realizar o Bem é o fator distintivo da condição de espírito humano, já que, com liberdade ampla para agir, está em condições de conhecer o Mal e o Bem, escolhendo o seu caminho. Por isso o esforço do Mundo Espiritual para que não nos permitamos cair nas mesmas práticas que se acham tão arraigadas em nosso ser, herança ancestral de nosso estágio no mundo dos irracionais. Descobrindo-se, acima de tudo, HERDEIRO DE DEUS, mais do que herdeiro dos primatas, o Homem entende que o que lhe compete fazer para o prosseguimento de sua trajetória ascendente é vivenciar as lições que enaltecem a conduta moral, a elevação de sentimentos, a capacidade de compreender o seu estágio evolutivo ao lado dos outros, igualmente filhos do mesmo Pai e detentores dos mesmos direitos. O homem percebe que, enquanto preferir ser o Homem de Si Mesmo, o Homem do Mundo, estará impedido de ser o Homem de Bem, único estágio que o prepara para os vôos do espírito que o aguardam quando tiver que deixar a carcaça de cal a caminho do ser angelical.
O próprio Embaixador Celestial por Excelência, veio ao mundo para dizer que todos somos filhos da Perfeição. Não nos contentemos com menos, já que, dentro de nós, carregamos os cromossomos Divinos. Sejamos dignos deles, no esforço do Bem acima de todos os nossos interesses e desejos mundanos, sob pena de demonstrarmos que, em realidade, apesar de termos sido criados por Deus com a destinação gloriosa das estrelas, nos interessamos mais em recusar-lhe a paternidade e voltar para o ambiente primitivo da floresta.
(Espírito Públio-Relembrando a Verdade-André L. Ruiz)

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

                                               Finados
Todos os anos, em muitos lugares neste planeta, assistimos, no dia 2 de novembro, ao culto dos mortos. Antes, porém, muitas pessoas reformam seus jazigos, enfeitando-os, tratando-os como se fossem moradas dos seus amados que já partiram da Terra. Percebe-se que as religiões até hoje nada fizeram para mudar tais procedimentos e, o que é pior, incentivaram-nos, num flagrante atestado de ignorância a respeito do Mundo Espiritual.
Allan Kardec, no Livro dos Médiuns, pergunta: Há Espíritos? Muitas pessoas dizem que não acreditam em Espíritos, dando a entender que também não acreditam em si, que existem.
A Doutrina Espírita vai além das religiões, pois, comprova, cientificamente, a imortalidade. E isto não é uma questão de convicção religiosa, mas de estar bem ou mal informado, uma vez que o Espírito já foi pesado, medido e entrevistado, em vários laboratórios. Na questão 85 de O Livro dos Espíritos, os Espíritos Superiores informaram a Kardec que o Mundo Espiritual é o principal, já existia antes e sobrevive a tudo.
Antes de sermos seres humanos, somos Espíritos, filhos de Deus. Por ocasião da morte do corpo físico ou desencarnação, este é restituído à Natureza. Já o Espírito, junto com o perispírito, vai para outras dimensões vibratórias.
Muitos Espíritos sofrem, após a morte física, por falta de preparo espiritual, por desconhecimento das Leis Divinas que regulam o interrelacionamento entre os dois mundos. É uma questão de atraso espiritual.
Quando nos apegamos aos bens terrenos, acabamos nos distanciando do Criador, não tendo noção do Mundo Espiritual, não o compreendendo.
Assim, o culto aos mortos, que no início tinha o significado de fertilidade, pois, acreditavam os povos antigos que eles deveriam ser enterrados como sementes para renascerem, com festas e orgias ao lado dos túmulos. A partir do século X, a Igreja Romana instituiu “finados”, destinado aos Espíritos que estariam no Purgatório.
Para o Espiritismo este é um dia como qualquer outro. Não precisamos ir a cemitérios para homenagear nossos entes queridos. O que sensibiliza os Espíritos não é a visita aos túmulos, mas a lembrança fraterna e a prece sincera dos que estão por aqui.
Para tanto, podemos pensar neles em qualquer dia e em qualquer lugar.
                                    Campanha Diferente
O Espírito Humberto de Campos, escreve-nos, a pedido de seu amigo Capistrano, contando que, este, quando encarnado, ficara viúvo e criara sua única filha Marília com todo o carinho. Ocorreu, porém, que, a moça apaixonara-se por um jogador de futebol, e que,  por não ter sido correspondida, suicidou-se ingerindo violento corrosivo. Desse modo, Capistrano despendeu metade do que possuia para erigir-lhe um túmulo, que passou a visitar e a enfeitar por cerca de 20 anos. Após sua morte, apegou-se ao sepulcro que venerava, ficando deitado sobre ele e clamando pela filha, não escutando muitos amigos que procuravam retirá-lo daquela situação. Após quatro anos, um orientador espiritual o conduziu à Rua General Polidoro, no Rio de Janeiro, e apontou-lhe um homem suarento e cansado, a carregar ternamente, nos próprios braços, triste menina muda, paralítica e pobre... "Ao fixar-lhe os olhos embaciados de criança-problema, a realidade espiritual clareou-me a razão. Surpreendera Marília reencarnada, em rudes padecimentos expiatórios, e, mais tarde, vim a saber que renascera por filha do mesmo homem que lhe fora motivo ao gesto tremendo de deserção... Desde essa hora, fugi das ilusões que me prendiam a pesadelo tão longo!... Acordei renovado, para novamente respirar e viver, trabalhar e servir..."
Assim, Capistrano pediu a Humberto de Campos: "- Escreva, meu amigo, escreva às criaturas humanas e informe, claramente, que os vivos da Espiritualidade agradecem o respeito e o carinho com que se lhes dignificam os restos, mas rogue para que se abstenham destes quadros fantásticos de vaidade ostentosa, com que se pretende honrar o nome dos que partiram... Peça para que socorram as crianças desajustadas e enfermas, enjeitadas e infelizes com o dinheiro mumificado nestes cofres de cinza... Diga-lhes para que se compadeçam dos meninos desamparados e que, provavelmente, muitos daqueles entes inolvidáveis que procuram nos carneiros de luxo, estão hoje em provações cruéis, nos institutos de correção ou no leito dos hospitais, na ociosidade das ruas ou em pardieiros esburacados que o progresso esqueceu... Fale da reencarnação e explique-lhes que muitos dos imaginados mortos que ainda amam, jazem sepultos em corpos vivos, quase sempre, desnutridos e atormentados, suplicando alimento e remédio, refúgio e consolação..." (Relatos da VIda-Espírito Humberto de Campos, médium C. Xavier) 

sábado, 12 de outubro de 2013

O PROGRAMA ESPÍRITA NO RÁDIO E A ATITUDE DO ESPÍRITA II
Há cerca de um ano, fizemos uma pausa na apresentação do Programa Espírita na Rádio Metrópole, criando a Rádio Mundo Espírita na internet.
A www.radiomundoespirita.com , atingiu em parte os nossos objetivos e um outro público que tem acesso à internet. Infelizmente, a grande massa ainda não tem acesso a este importante instrumento de comunicação e grande parte ainda não criou o hábito de escutar rádio via internet.
A Rádio Mundo Espírita, inicialmente, tem uma proposta muito simples: visa divulgar o Espiritismo através da Música Espírita. Para isto, está no ar 24 horas, rodando as melhores músicas Espíritas compostas no Brasil. Temos solicitado a todos os músicos Espíritas brasileiros que nos enviem suas composições para divulgá-las em nossa webradio. Para quem se interessa pela Doutrina ou que aprofundá-la um pouco mais, no Blog da Rádio Mundo Espírita encontramos vários textos que abordam inúmeros temas que são analisados à luz da Doutrina Espírita.
Neste período transcorrido, isto é, cerca de um ano, recebemos inúmeros telefonemas de pessoas que se interessam pela mensagem Espírita, não conseguindo entender o que é uma webradio, ou seja, uma rádio que só pode ser acessada via internet, por computador, celular ou tablet. Vimos, então, a necessidade de voltarmos ao microfone de alguma emissora AM ou FM, para atingirmos o público que sempre nos preocupou: aquele que ouve rádio. Sempre tenho me referido aos irmãos Espíritas porque estes seriam as pessoas mais preparadas para desempenhar a grandiosa tarefa de repassar os postulados Espíritas para os milhões de desconhecedores e necessitados da Terceira Revelação. Assim, resolvemos procurar pessoas que, potencialmente, podem colaborar, solicitando-lhes apoio financeiro para este projeto.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013


ALLAN KARDEC
Todos os Espíritas sabem que o expoente máximo do Espiritismo aqui na Terra nasceu no dia 3 de outubro de 1804, na cidade de Lyon, França. Infelizmente, a grande maioria deles, bem como das Casas Espíritas, ignoram esta data como se fosse pouco importante para todos nós.
Falta a muitos, na verdade, uma Consciência Espírita, como já asseverou o Espírito Humberto de Campos, inclusive no tocante ao Espírito que desempenhou a grandiosa missão de organizar a Doutrina dos Espíritos Superiores aqui na Terra.
Ao estudarmos as obras ditadas pelos Espíritos a vários médiuns, encontramos valiosas informações sobre muitos assuntos importantes para a Humanidade. Entre esses, alguns detalhes do Prof. Hippolyte Léon Denizard Rivail.
Todos os Espíritas sabem que Allan Kardec estudou em Yverdun, na Suiça, na escola do grande pedagogo Pestalozzi, retornando à França aos 18 anos onde criou cursos gratuitos de Química, Física, Anatomia Comparada, Astronomia, etc. Escreveu vários livros sobre gramática, aritmética e educação pública, além de falar fluentemente inglês, alemão, espanhol e italiano.
Todo o Espírita sabe que Kardec casou-se com Amélie-Gabrielle Boudet, escritora e professora e que aos cinquenta anos tomou conhecimento das mesas girantes por meio do sr. Fortier, que o levou à residência da sra. Plainemaison, onde Kardec constatou que os fenômenos provinham de uma causa inteligente independente do médium.
Sabemos inúmeros detalhes da vida do Professor Rivail, antes dele tornar-se Allan Kardec, quando finalizou os estudos sobre os fenômenos provocados pelos Espíritos e que o levaram a escrever "O Livro dos Espíritos", tomando conhecimento, neste período, da grande missão que a Espiritualidade Superior havia colocado em suas mãos. 
Contudo, a grande maioria ignora o alto nível desse Espírito que se chamou Allan Kardec e que contribuiu para a implantação da Nova Era aqui na Terra, sendo o porta-voz dos Espíritos Superiores, coordenados por Jesus.
Por não seguirem a orientação do Espírito de Verdade constante do cap. VI de "O Evangelho Segundo o Espiritismo", exortando-nos a “amarmo-nos e a instruirmo-nos”, a grande maioria ignora o alto nível espiritual do fundador da Doutrina Espírita. 
Allan Kardec, portanto, é um Espírito de grande elevação, daqueles que estão bem próximos de Jesus e que renasceu na Terra como “simples” professor, tendo cumprido integralmente com a missão que lhe fora incumbida.

Conta-nos o Espírito Humberto de Campos que “na noite de 31 de dezembro de 1799, em Esferas Superiores, reuniu-se grande assembleia de Espíritos sábios e benevolentes, para marcarem a entrada significativa do novo século. No deslumbrante espetáculo da Espiritualidade Superior, com a refulgência das suas almas, achavam-se Sócrates, Platão, Aristóteles, Apolônio de Tiana, Orígenes, Hipócrates, Luís de França, Vicente de Paulo, Joana D’Arc, Teresa d’Ávila, Catarina de Siena, Bossuet, Spinoza, Erasmo, Mílton, Cristóvão Colombo, Gutemberg, Galileu, Pascal, Swedenborg e Dante Alighiere para mencionar apenas alguns heróis e paladinos da renovação terrestre e, em plano menos brilhante, encontravam-se, no recinto maravilhoso, trabalhadores de ordem inferior, incluindo muitos dos ilustres guilhotinados da Revolução, quais Luís XVI, Maria Antonieta, Robespierre, Danton, Madame Roland, André Chenier, Bailly, Camile Desmoulins, e grandes vultos como Voltaire e Rousseau. Depois da palavra rápida de alguns orientadores eminentes, invisíveis clarins soaram na direção do plano carnal e, em breves instantes, do seio da noite, que velava o corpo ciclópico do mundo europeu, emergiu, sob a custódia de esclarecidos mensageiros, reduzido cortejo de sombras, que pareciam estranhas e vacilantes, confrontadas com as feéricas irradiações do palácio festivo. Era um grupo de almas, ainda encarnadas, que, constrangidas pela Organização Celeste, remontavam à vida espiritual para a reafirmação de compromissos. À frente, vinha Napoleão, que centralizou o interesse de todos os circunstantes. Era bem o grande corso, com os seus trajes habituais e com o seu chapéu característico. Recebido por diversas figuras da Roma antiga, que se apressavam em oferecer-lhe apoio e auxílio, o vencedor de Rívoli ocupou radiosa poltrona que, de antemão, lhe fora preparada. Entre aqueles que o seguiam, na singular excursão, encontravam-se respeitáveis autoridades reencarnadas no Planeta, como Beethoven, Ampere, Fulton, Faraday, Goethe, João Dalton, Pestalozzi, Pio VII, além de muitos outros campeões da prosperidade e da independência do mundo. Acanhados no veículo espiritual que os prendia à carne terrestre, quase todos os recém-vindos banhavam-se em lágrimas de alegria e emoção. O primeiro Cônsul da França, porém, trazia os olhos enxutos, não obstante a extrema palidez que lhe cobria a face. Recebendo o louvor de várias legiões, limitava-se a responder com acenos discretos, quando os clarins ressoaram, de modo diverso, como se se pusessem a voar para os cimos, no rumo do imenso infinito... Imediatamente uma estrada de luz, à maneira de ponte levadiça, projetou-se do Céu, ligando-se ao castelo prodigioso, dando passagem a inúmeras estrelas resplendentes. Em alcançando o solo delicado, contudo, esses astros se transformavam em seres humanos, nimbados de claridade celestial. Dentre todos, no entanto, um deles avultava em superioridade e beleza. Tiara rutilante brilhava-lhe na cabeça, como que a aureolar-lhe de bênçãos o olhar magnânimo, cheio de atração e doçura. Na destra, guardava um cetro dourado, a recamar-se de sublimes cintilações... Musicistas invisíveis, através dos zéfiros que passavam apressados, prorromperam num cântico de hosanas, sem palavras articuladas. A multidão mostrou profunda reverência, ajoelhando-se muitos sábios e guerreiros, artistas e pensadores, enquanto todos os pendões dos vexilários arriavam, silenciosos, em sinal de respeito. Foi então que o grande corso se pôs em lágrimas e, levantando-se, avançou com dificuldade, na direção do mensageiro que trazia o báculo de ouro, postando-se, genuflexo, diante dele. O celeste emissário, sorrindo, com naturalidade, ergueu-o, de pronto, e procurava abraçá-lo, quando o Céu pareceu abrir-se diante de todos, e uma voz enérgica e doce, forte como a ventania e veludosa como a ignorada melodia da fonte, exclamou para Napoleão, que parecia eletrizado de pavor e júbilo, ao mesmo tempo: - Irmão e amigo, ouve a Verdade, que te fala em meu espírito! Eis-te à frente do apóstolo da fé, que, sob a égide do Cristo, descerrará para a Terra atormentada um novo ciclo de conhecimento... César ontem, e hoje orientador, rende o culto de tua veneração, ante o pontífice da luz! Renova, perante o Evangelho, o compromisso de auxiliar-lhe a obra renascente!... Aqui se congregam conosco lidadores de todas as épocas. Patriotas de Roma e das Gálias, generais e soldados que te acompanharam nos conflitos da Farsália, de Tapso e de Munda, remanescentes das batalhas de Gergóvia e de Alésia aqui te surpreendem com simpatia e expectação... Antigamente, no trono absoluto, pretendias-te descendente dos deuses para dominar a Terra e aniquilar os inimigos... Agora, porém, o Supremo Senhor concedeu-te por berço uma ilha perdida no mar, para que te não esqueças da pequenez humana e determinou voltasses ao coração do povo que outrora humilhaste e escarneceste, a fim de que lhe garantas a missão gigantesca, junto da Humanidade, no século que vamos iniciar. Colocado pela Sabedoria Celeste na condição de timoneiro da ordem, no mar de sangue da Revolução, não olvides o mandato para o qual foste escolhido... Não acredites que as vitórias das quais foste investido para o Consulado devam ser atribuídas exclusivamente ao teu gênio militar e político. A Vontade do Senhor expressa-se nas circunstâncias da vida. Unge-te de coragem para governar sem ambição e reger sem ódio. Recorre à oração e à humildade para que te não arrojes aos precipícios da tirania e da violência!... Indicado para consolidar a paz e a segurança, necessárias ao êxito do abnegado apóstolo que descortinará a era nova, serás visitado pelas monstruosas tentações do poder. Não te fascines pela vaidade que buscará coroar-te a fronte... Lembra-te de que o sofrimento do povo francês, perseguido pelos flagelos da guerra civil, é o preço da liberdade humana que deves defender, até o sacrifício. Não te macules com a escravidão dos povos fracos e oprimidos e nem enlameies os teus compromissos com o exclusivismo e com a vingança!... Recorda que, obedecendo a injunções do pretérito, renasceste para garantir o ministério espiritual do discípulo de Jesus que regressa à experiência terrestre, e vale-te da oportunidade para santificar os excelsos princípios da bondade e do perdão, do serviço e da fraternidade do Cordeiro de Deus, que nos ouve em seu glorificado sólio de sabedoria e de amor! Se honrares as tuas promessas, terminarás a missão com o reconhecimento da posteridade e escalarás horizontes mais altos da vida, mas, se as tuas responsabilidades forem menosprezadas, sombrias aflições amontoar-se-ão sobre as tuas horas, que passarão a ser gemidos escuros em extenso deserto... Dentro do novo século, começaremos a preparação do terceiro milênio do Cristianismo na Terra. Novas concepções de liberdade surgirão para os homens, a Ciência erguer-se-á a indefiníveis culminâncias, as nações cultas abandonarão para sempre o cativeiro e o tráfico de criaturas livres e a religião desatará os grilhões do pensamento que, até hoje, encarceram as melhores aspirações da alma no inferno sem perdão!... Confiamos, pois, ao teu espírito valoroso a governança política dos novos eventos e que o Senhor te abençoe!... Cânticos de alegria e esperança anunciaram nos céus a chegada do século XIX e, enquanto o Espírito da Verdade, seguido por várias coortes resplandescentes, voltava para o Alto, a inolvidável assembleia se dissolvia... O apóstolo que seria Allan Kardec, sustentando Napoleão nos braços, conchegou-o de encontro ao peito e acompanhou-o, bondosamente, até religá-lo ao corpo de carne, no próprio leito. Em 3 de outubro de 1804, o mensageiro da renovação renascia num abençoado lar de Lyon, mas o Primeiro Cônsul da República Francesa, assim que se viu desembaraçado da influência benéfica e protetora do Espírito de Allan Kardec e de seus cooperadores, que retomavam, pouco a pouco, a integração com a carne, confiantes e otimistas, engalanou-se com a púrpura do mundo e, embriagado de poder, proclamou-se Imperador, em 18 de maio de 1804, ordenando a Pio VII viesse coroá-lo em Paris. Napoleão, contudo, convertendo celestes concessões em aventuras sanguinolentas, foi apressadamente sitiado, por determinação do Alto, na solidão curativa de Santa Helena, onde esperou a morte, enquanto Allan Kardec, apagando a própria grandeza, na humildade de um mestre-escola, muita vez atormentado e desiludido, como simples homem do povo, deu integral cumprimento à divina missão que trazia à Terra, inaugurando a era espírita-cristã, que, gradativamente, será considerada em todos os quadrantes do orbe como a sublime renascença da luz para o mundo inteiro. (Cartas e Crônicas-Espírito Humberto de Campos, Médium Chico Xavier)
Allan Kardec, portanto, é um Espírito de grande elevação, daqueles que estão bem próximos de Jesus e que renasceu na Terra como “simples” professor, tendo cumprido integralmente com a missão que lhe fora incumbida.

Kardec, obrigado
O Espírito Humberto de Campos brinda-nos com um texto, que resumimos, de agradecimento e de reconhecimento ao Espírito Superior que adotou o pseudônimo de Allan Kardec:
“O Senhor te engrandeça por todos aqueles que emancipaste das trevas e te faça bendito pelos que se renovaram perante o destino à força de teu verbo e de teu exemplo!... Diante de ti, enfileiram-se, agradecidos e reverentes, os que arrebataste à LOUCURA e ao SUICÍDIO com o facho da esperança; os que arrancaste ao labirinto da OBSESSÃO com o esclarecimento salvador; os pais desditosos que se viram atormentados por filhos insensíveis e delinquentes, e os filhos agoniados que se encontraram na vala da frustração e do abandono pela irresponsabilidade dos pais em desequilíbrio e que foram reajustados por teus ensinamentos, em torno da reencarnação; os que renasceram em dolorosos conflitos da alma e se reconheceram, por isso, esmagados de angústia nas brenhas da provação, e os quais livraste da demência, apontando-lhes as vidas sucessivas; os que se acharam arrasados de pranto, tateando a lousa na procura dos entes queridos que a morte lhes furtou dos braços ansiosos, e aos quais abriste os horizontes da sobrevivência, insuflando-lhes renovação e paz, na contemplação do futuro; os que soergueste do chão pantanoso do tédio e do desalento, conferindo-lhes, de novo, o anseio de trabalhar e a alegria de viver;  os que aprenderam contigo o perdão das ofensas e abençoaram, em prece, aqueles mesmos companheiros da Humanidade que lhes apunhalaram o espírito , a golpes de insulto e de ingratidão; os que te ouviram a palavra fraterna e aceitaram com humildade a injúria e a dor por instrumento de redenção; e os que desencarnaram incompreendidos ou acusados sem crimes, abraçando-te as páginas consoladoras que molharam com as próprias lágrimas... Todos nós, os que levantaste do pó da inutilidade ou do fel do desencanto para as bênçãos da vida, estamos também diante de ti!... E, identificando-nos na condição dos teus mais apagados admiradores e com os últimos dos teus mais pobres amigos, comovidamente, em tua festa, nós te rogamos permissão para dizer: “KARDEC, OBRIGADO!... MUITO OBRIGADO!”... (Histórias e Anotações-Espírito Humberto de Campos, Médium Chico Xavier)

domingo, 14 de julho de 2013

                        Justiça Divina

                                              Cap. VII, de O Céu e o Inferno
                                              Cap. V de O Evangelho Segundo o Espiritismo
                              Questões 132, 258 a 273, 398, 399, 998,  de O Livro dos Espíritos

Muitas pessoas têm tragédias pessoais, familiares ou de conhecidos a lamentar. Afora isto, todos os dias pipocam nos noticiários inúmeros eventos trágicos, individuais e coletivos, provenientes de fenômenos naturais, acidentais, bem como de atos de violência, chocando a todos nós, levando-nos a indagar o porquê disso tudo, ou onde está Deus que permite que tal ocorra. E aqui ainda não falamos dos que já nascem com defeitos físicos e problemas mentais.
Quando Jesus disse que seríamos bem-aventurados ao passarmos pelos grandes sofrimentos, deu-nos uma orientação para que pudéssemos compreender que tudo tem sentido em nossas vidas, isto é, tudo tem um motivo, uma causa. Como explica Allan Kardec, desde que admitamos a existência de Deus, não podemos concebê-lo sem o infinito das perfeições. Deus não age com capricho, pois, é soberanamente bom e justo. Só podemos concluir que todos os nossos sofrimentos promanam de uma causa e, sendo Deus justo, justa há de ser essa causa.
A partir daí, ao compreendermos que em algum momento de nossas vidas, na vida atual ou nas vidas anteriores, iniciamos a gerar as causas para todos os sofrimentos do presente, percebemos que tudo tem uma explicação lógica, condizente com a sabedoria do nosso Criador.
Quando atingimos este nível de entendimento, a Doutrina Espírita torna-se para nós uma imensa luz clareando os nossos caminhos. À medida em que adentramos aos conhecimentos Espíritas, vemos que a reencarnação é imprescindível para a compreensão de todos os acontecimentos que nos envolvem aqui na Terra.
Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, explica Allan Kardec: - “De duas espécies são as vicissitudes da vida, ou, se preferirem, promanam de duas fontes bem diferentes, que importa distinguir. Umas têm sua causa na vida presente; outras, fora desta vida.” “Os sofrimentos devidos a causas anteriores à existência presente, como os que se originam de culpas atuais, são muitas vezes a consequência da falta cometida, isto é, o homem, pela ação de uma rigorosa justiça distributiva, sofre o que fez sofrer aos outros.” “Não há crer, no entanto, que todo o sofrimento suportado neste mundo denote a existência de uma determinada falta. Muitas vezes são simples provas buscadas pelo Espírito para concluir a sua depuração e ativar o seu progresso.”
Disseram os Espíritos Superiores a Allan Kardec, em “O Livro dos Espíritos”,  que a reencarnação está baseada na justiça e na revelação. E Kardec comenta que “todos os Espíritos tendem à perfeição e Deus  lhes fornece os meios pelas provas da vida corpórea, mas, em sua justiça, lhes faculta realizar, em novas existências o que não puderam fazer ou concluir numa primeira prova.”
Quando Allan Kardec perguntou aos Benfeitores Espirituais, na questão 132, sobre qual seria  o objetivo da encarnação dos Espíritos, eles responderam que “Deus lhes impõe a encarnação com o objetivo de fazê-los chegar à perfeição. Para alguns é uma expiação, para outros é uma missão.”
Na questão 399, Kardec comenta: “As vicissitudes da vida corporal são, ao mesmo tempo, uma expiação pelas faltas do passado e provas para o futuro. Elas nos depuram e nos elevam segundo as suportemos com resignação e sem murmurar. A natureza das vicissitudes e das provas que suportamos pode, também, nos esclarecer sobre o que fomos e o que fizemos, como neste mundo julgamos os fatos de um culpado pelos castigos que lhe inflinge a lei. Assim, alguém será castigado no seu orgulho pela humilhação de uma existência subalterna; o mau rico e o avaro, pela miséria; o que foi duro para os outros, pela dureza que suportará; o tirano, pela escravidão; o mau filho, pela ingratidão dos seus filhos; o preguiçoso, por um trabalho forçado, etc.”
Diz o Espírito Paulo, Apóstolo, em comunicação para Kardec, em “O Livro dos Espíritos”, que, gravitar para a unidade divina, tal é o destino da Humanidade. Para alcançá-lo, três coisas são necessárias: a justiça, o amor e a ciência; três coisas lhe são opostas e contrárias: a ignorância, o ódio e a injustiça.”
No livro “O Céu e o Inferno”, o Codificador da Doutrina Espírita, Allan Kardec, afirma que, “malgrado a diversidade dos gêneros e dos graus de sofrimento dos Espíritos imperfeitos, o código penal da vida futura pode se resumir nestes três princípios:
- O sofrimento está ligado à imperfeição.
- Toda imperfeição e toda falta que lhe é consequente carrega consigo o seu próprio castigo, por suas consequências naturais e inevitáveis, como a doença é a consequência dos excessos, o tédio a da ociosidade, sem que haja uma condenação especial para cada falta e cada indivíduo.
- Todo homem, podendo se desfazer das suas imperfeições, por efeito da sua vontade, pode se poupar dos males que são as suas consequências, e assegurar a sua felicidade futura.
Tal é a lei da Justiça Divina: a cada um segundo as suas obras, no Céu como na Terra.”
Quando esteve aqui na Terra, Jesus, além de divulgar as suas ideias que estão nos Evangelhos, agora explicados racionalmente pela Doutrina Espírita, em vários momentos aprofundou os seus ensinos com seus seguidores e muitas pessoas em particular. É por este motivo que o apóstolo João escreveu que tudo o que Ele fez “não caberia no mundo”. Na noite em que o senador fariseu Nicodemos o procurou, conforme consta do Evangelho de João, cap. III, v. de 1 a 12, a Humanidade recebeu dele a grandiosa lição de que “é necessário nascer de novo para conhecer o reino de Deus”, isto é, Jesus havia proclamado para sempre a Lei da Reencarnação, como nos diz o Espírito Humberto de Campos, no livro “Boa Nova”.
Após Nicodemos retirar-se, profundamente surpreendido, Jesus explicou a André e a Tiago, que também ficaram perplexos, dizendo-lhes: - Por que tamanha admiração, em face destas verdades? As árvores não renascem depois de podadas? Com respeito aos homens, o processo é diferente, mas o espírito de renovação é  sempre o mesmo. O corpo é uma veste. O homem é seu dono. Toda roupagem material acaba rota, porém, o homem, que é filho de Deus, encontra sempre em seu amor os elementos necessários à mudança do vestuário. A morte do corpo é essa mudança indispensável, porque a alma caminhará sempre, através de outras experiências até que consiga a imprescindível provisão de luz para a estrada definitiva  no Reino de Deus, com toda a perfeição conquistada ao longo dos rudes caminhos. Então, André perguntou-lhe: - Mestre, já que o corpo é como que a roupa material das almas, por que não somos todos iguais no mundo? Vejo belos jovens, junto a aleijados e paralíticos...
- Acaso não tenho ensinado, disse Jesus, que tem de chorar todo aquele que se transforma em instrumento de escândalo? Cada alma conduz consigo mesma o inferno ou o céu que edificou no âmago da consciência. Seria justo conceder-se uma segunda veste mais perfeita e mais bela ao Espírito rebelde que estragou a primeira? Que diríamos da sabedoria de Nosso Pai, se facultasse as possibilidades mais preciosas aos que as utilizaram na véspera para o roubo, o assassínio, a destruição? Os que abusaram da túnica da riqueza vestirão depois as dos fâmulos e escravos mais humildes, como as mãos que feriram podem vir a ser cortadas.
- Senhor, compreendo agora o mecanismo do resgate, murmurou Tiago. Mas, observo que, desse modo, o mundo precisará sempre do clima do escândalo e do sofrimento, desde que o devedor, para saldar seu débito, não poderá fazê-lo sem que outro lhe tome o lugar com a mesma dívida.
Jesus, então, perguntou:
- Dentro da lei de Moisés, como se verifica o processo da redenção?
Tiago respondeu: - Também está escrito que o homem pagará “olho por olho, dente por dente”.
- Também tu, Tiago estás procedendo como Nicodemos, replicou Jesus. Como todos os homens, aliás, tens raciocinado, mas não tens sentido. Ainda não ponderaste, talvez, que o primeiro mandamento da lei é uma determinação de amor. Acima do “não adulterarás”, do “não cobiçarás”, está o “amar a Deus sobre todas as coisas, de todo o coração e de todo o entendimento”. Como poderá alguém amar o Pai, aborrecendo-lhe a obra? Contudo, não estranho a exiguidade de visão espiritual com que examinaste o texto dos profetas. Todas as criaturas hão feito o mesmo. Investigando as revelações do céu com o egoísmo que lhes é próprio, organizaram a justiça como o edifício mais alto do idealismo humano. E, entretanto, coloco o amor acima da justiça do mundo e tenho ensinado que só ele cobre a multidão dos pecados.  Se nos prendemos à lei de talião, somos obrigados a reconhecer que onde existe um assassino haverá, mais tarde, um homem que necessita ser assassinado; com a lei do amor, porém, compreendemos que o verdugo e a vítima são dois irmãos, filhos de um mesmo Pai. Basta que ambos sintam isso para que a fraternidade divina afaste os fantasmas do escândalo e do sofrimento.
Abelhas
O Espírito Hilário Silva relata que, no ano de 1769, Maria Amélia, planejando eliminar sua prima Tereza Cristina para que ela não roubasse o seu noivo, levou-a para um passeio a cavalo às margens do rio, onde se encontravam abelhas mortíferas. Ao chegar ao local, disparou a arma em direção às patas do cavalo da prima e, em razão disso, o animal empinou, fazendo Tereza cair no chão com um grito de dor. Ao ouvir o zumbido das abelhas, Maria Amélia afugentou o cavalo de Tereza Cristina, afastando-se rapidamente, pois sua intenção era que as abelhas atacassem a prima.
Quando o cadáver de Tereza Cristina foi encontrado quase disforme, pareceu um acidente, pois o tiro não fora ouvido e todos acreditavam que Maria Amélia havia escapado “por milagre”. Porém, duzentos anos depois, o Espírito Maria Amélia, em uma nova reencarnação, teve morte idêntica à de sua prima Tereza Cristina. Isso você fica sabendo através das notícias dos jornais da cidade mineira de Uberlância, em 1969. Com a manchete: “Abelhas voltam a atacar – moça morta em piquenique”, eles informam que abelhas atacaram um grupo de moças reunidas quando lanchavam às margens de um riacho, e que uma delas, a mais atingida pelas abelhas mortíferas, faleceu em um dos hospitais da cidade.
É claro que a jovem que morreu era a reencarnação do Espírito Maria Amélia, assassina da prima. Embora ela não tivesse acertado contas com a justiça humana naquela encarnação de 1769, acertou com a Justiça Divina em 1969, duzentos anos depois, sem que fosse preciso outra pessoa matá-la. Conforme Jesus: “A cada um será dado segundo suas obras”. (Histórias da Vida, Espírito Hilário Silva-Antonio B. Filho)
O Merecimento
Conta-nos o Espírito Hilário Silva que Saturnino Pereira era francamente dos melhores homens. Amoroso mordomo familiar. Companheiro dos humildes. A caridade em pessoa. Onde houvesse dor a consolar, aí estava de plantão. Não só isso. No trabalho, era o amigo fiel do horário e do otimismo. Nas maiores dificuldades, era um sorriso generoso, parecendo raio de sol dissipando as sombras. Por isso mesmo, quando foi visto de mão a sangrar, junto à máquina de que era condutor, todas as atenções se voltaram para ele, entre o pasmo e a amargura. Saturnino ferido! Logo Saturnino, o amigo de todos... Suas colegas de fábrica rasgaram peças de roupa, a fim de estancar o sangue a correr em bica. O chefe da tecelagem, solícito, conduziu-o ao automóvel, internando-o de pronto em magnífico hospital. Operação feliz. O cirurgião informou, sorrindo: - Felizmente, nosso amigo perderá simplesmente o polegar. Todo o braço direito está ferido, traumatizado, mas será reconstituído em tempo breve. Longe desse quadro, porém, o caso merecia apontamentos diversos: - Por que um desastre desses com um homem tão bom? – murmurava uma companheira.
- Tenho visto tantas mãos criminosas saírem ilesas, até mesmo de aviões projetados no solo, e justamente o Saturnino, que nos ajuda a todos, vem de ser a vítima! – comentava um amigo.
- Devemos ajudar Saturnino. – Cotizemo-nos todos para ajudá-lo. Mas também não faltou quem dissesse: - Que adianta a religião, tão bem observada? Saturnino é Espírita convicto e leva a sério o seu ideal. Vive para os outros. Na caridade é um herói anônimo. Por que o infausto acontecimento? – expressava-se um colega materialista.
E à tarde, quando o acidentado apareceu muito pálido, com o braço direito em tipoia, carinho e respeito rodearam-no por todos os lados. Saturnino agradeceu a generosidade de que fora objeto. Sorriu, resignado. Proferiu palavras de agradecimento a Deus. Contudo, estava triste.
À noite, em companhia da esposa, compareceu à reunião habitual do templo Espírita que frequentava. Sessão íntima. Apenas dez pessoas habituadas ao trato com os sofredores. Consagrado ao serviço da prece, o operário, em sua cadeira humilde, esperava o encerramento, quando Macário, o orientador espiritual das tarefas, após traçar diretrizes, dirigiu-se a ele, bondoso: - Saturnino, meu filho, não se creia desamparado, nem se entregue a tristeza inútil. O Pai não deseja o sofrimento dos filhos. Todas as dores decretadas pela Justiça Divina são aliviadas pela Divina Misericórdia, toda vez que nos apresentamos em condições para o desagravo. Você hoje demonstra indiscutível abatimento. Entretanto, não tem motivo. Quando você se preparava ao mergulho no berço terrestre, programou a excursão presente. Excursão de trabalho, de reajuste. Acontece, porém, que formulou uma sentença contra você mesmo... Fez uma pausa e prosseguiu: - Há oitenta anos, era você poderoso sitiante no litoral brasileiro e, certo dia, porque pobre empregado enfermo não lhe pudesse obedecer às determinações, você, com as próprias mãos, obrigou-o a triturar o braço direito no engenho rústico. Por muito tempo, no Plano Espiritual, você andou perturbado, contemplando mentalmente o caldo de cana enrubescido pelo sangue da vítima, cujos gritos lhe ecoavam no coração. Por muito tempo, por muito tempo... E continuou:
- E você implorou existência humilde em que viesse a perder no trabalho o braço mais útil. Mas, você, Saturnino, desde a primeira mocidade, ao conhecer a Doutrina Espírita, tem os pés no caminho do bem aos outros. Você tem trabalhado, esmerando-se no dever... Não estamos aqui para elogiar, porque você continua lutando, lutando... e o plantio disso ou daquilo só pode ser avaliado em definitivo por ocasião da colheita. Sei, porém, que hoje, por débito legítimo, alijaria você todo o braço, mas perdeu só um dedo... Regozije-se, meu amigo! Você está pagando, em amor, seu empenho à Justiça... De cabeça baixa, Saturnino derramava grossas lágrimas. Lágrimas de conforto, de apaziguamento e alegria...

Na manhã seguinte, mostrando no rosto amorável sorriso, compareceu, pontual, ao serviço. E porque o fiscal do relógio lhe estranhasse o procedimento, quando o médico o licenciara por trinta dias, respondeu simplesmente: - O senhor está enganado. Não estou doente. Fui apenas acidentado e posso servir para alguma coisa. E caminhando, fábrica a dentro, falou alto, como se todos devessem ouví-lo: - Graças à Deus! (A Vida Escreve, Espírito Hilário Silva-Chico e Waldo) 

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Espiritismo e Umbanda - Diferenças

Dizem por aí que existe muito preconceito contra a Umbanda dentro do Espiritismo. Quem faz tal afirmação, desconhece fundamentalmente o que é a Doutrina Espírita.
A Umbanda é um culto de origem africana, trazido pelos escravos negros no tempo do Brasil Colônia. O Espiritismo é uma doutrina que partiu da observação de fenômenos em várias partes do mundo, tendo o Professor Hippolyte Léon Denizard Rivail, mais tarde conhecido como Allan Kardec, sido convidado para examiná-los na Europa, levando-o a concluir e a escrever vários livros sobre tais fenômenos que, inicialmente, atraíam a atenção das pessoas, mas que, analisados com cuidado e parcimônia, demonstraram que por trás deles estavam seres espirituais de grande saber, que passaram a orientá-lo no que denominaram de Terceira Revelação para a Humanidade.
A diferença começa pelo próprio nome. A palavra Espiritismo foi inventada por Allan Kardec. Não existe, portanto, “kardecismo”, tendo em vista que a palavra Espiritismo, Espírita e Espiritista referem-se à doutrina que Kardec organizou, não existindo outras doutrinas com o mesmo nome, uma vez que o autor dos termos é o próprio Kardec. Também não existe “baixo” nem “alto” Espiritismo ou “mesa branca”, como dizem os que ignoram o trabalho da Codificação feito por Allan Kardec.
O Espiritismo caracteriza-se por um conjunto de princípios de ordem científica, filosófica e religiosa, que objetiva o progresso espiritual do homem, com a implantação da fraternidade entre todas as criaturas da Terra.
Já a Umbanda se deriva, precipuamente, do culto religioso da raça negra africana. Os seus princípios doutrinários são realmente frutos do folclore, dos provérbios, lendas, crenças populares, canções e tradições de povos africanos.
Embora os adeptos da Umbanda acreditem na reencarnação, na imortalidade da alma, na lei de causa e efeito, como os Espíritas, a Umbanda não tem doutrina codificada como o Espiritismo, que se baseia em postulados científicos, filosóficos e éticos.
Existe uma diferença muito marcante no que concerne à prática ritual de ambas. A Umbanda atua no plano da natureza e O Espiritismo atua no plano do pensamento.
O Espiritismo não tem ritual de nenhuma espécie, não admitindo corpo sacerdotal hierarquizado de qualquer tipo. Não existem cerimônias, como batizados e casamentos; não tem fórmulas ou promessas de qualquer natureza; não tem e não adora imagens, símbolos ou amuletos; rejeita crendices e superstições e não admite pagamento pela prestação de assistência espiritual aos necessitados.
Em qualquer centro ou casa que houver qualquer manifestação de culto exterior, não existirá a Doutrina Espírita. A missão do Espiritismo é libertar o homem e não mantê-lo preso às fórmulas e superstições do mundo carnal transitório.
O Espírito Emmanuel diz-nos que "... Porque a Doutrina Espírita é em si a liberdade e o entendimento, há quem julgue seja ela obrigada a misturar-se com todas as aventuras marginais e com todos os exotismos, sob pena de fugir aos impositivos da fraternidade que veicula. Dignifica, assim, a Doutrina que te consola e liberta, vigiando-lhe a pureza e a simplicidade, para que não colabores, sem perceber, nos vícios da ignorância e nos crimes do pensamento. (Religião dos Espíritos-Emmanuel e C. Xavier)


segunda-feira, 20 de maio de 2013


SUICÍDIO

Em “O Livro dos Espíritos”, questão 944, Allan Kardec pergunta aos Espíritos Superiores se o homem tem o direito de dispor da sua própria vida, tendo obtido a seguinte resposta:
- Não, só Deus tem esse direito. O suicídio voluntário é uma transgressão dessa lei.
E na questão 945, Kardec indaga: - Que pensar do suicídio que tem por causa o desgosto da vida?  Então, eles dizem: - Insensatos! Por que não trabalhavam? A existência não lhes seria uma carga!
Em geral, conforme os Espíritos Superiores responderam a Allan Kardec, “as consequências do suicídio são muito diversas: não há penas fixadas e, em todos os casos, são sempre relativas às causas que provocaram. Mas, uma consequência à qual o suicida não pode fugir é o desapontamento. De resto, a sorte não é a mesma para todos: depende das circunstâncias. Alguns expiam a sua falta imediatamente, outros em uma nova existência, que será pior do que aquela cujo curso interromperam”.
E Kardec, em seguida à questão 957, comenta: - A observação mostra, com efeito, que as consequências do suicídio não são sempre as mesmas. Mas, há as que são comuns a todos os casos de morte violenta, e a consequência da interrupção brusca da vida. Há primeiro a persistência mais prolongada e mais tenaz do laço que une o Espírito ao corpo, por estar esse laço quase sempre na plenitude de sua força, no momento em que é quebrado, enquanto que na morte natural ele se enfraquece gradualmente e, no mais das vezes, se rompe antes que a vida esteja completamente extinta. As consequências desse estado de coisa são a prolongação da perturbação espírita, depois a ilusão que, durante um tempo mais ou menos longo, faz o Espírito crer que está ainda entre o número dos vivos. A afinidade que persiste entre o Espírito e o corpo produz em alguns suicidas uma espécie de repercussão do estado do corpo sobre o Espírito, que sente assim, malgrado ele, os efeitos da decomposição e experimenta uma sensação plena de angústias e de horror, e esse estado pode persistir tanto tempo quanto deveria durar a vida que interromperam. Esse efeito não é geral, mas, em nenhum caso, o suicida está isento das consequências de sua falta de coragem e, cedo ou tarde, expia sua falta de uma ou de outra maneira. É assim que certos Espíritos que foram infelizes sobre a Terra disseram ser suicidas na precedente existência e estar voluntariamente submetidos a novas provas para tentar suportá-las com mais resignação. Em alguns, é uma espécie de ligação à matéria da qual eles procuram em vão se desembaraçar, para alçar  aos mundos melhores, mas nos quais o acesso lhes é interditado; na maioria, é o desgosto de ter feito uma coisa inútil, visto que dela não experimentaram senão a decepção. A religião, a moral, todas as filosofias condenam o suicídio como contrário à lei natural. Todas nos dizem, em princípio, que não se tem o direito de abreviar voluntariamente a vida; mas por que não se tem esse direito? Por que não se é livre para por termo aos sofrimentos? Estava reservado ao Espiritismo demonstrar, pelo exemplo daqueles que sucumbiram, que isso não é só uma falta como infração a uma lei moral, consideração de pouca importância para certos indivíduos, mas um ato estúpido, visto que com ele nada se ganha. Isso não é a teoria que nos ensina, mas os fatos que ele coloca sob nossos olhos.
Hermínio C. Miranda, em seu livro “Candeias na Noite Escura”, indaga se “vale a pena suicidar-se?”, explanando: - “Deixemos de lado as causas imediatas, como problemas financeiros, amorosos ou de consciência. Isso é apenas a gota dágua que fez transbordar o cálice, toque final que acabou por romper o precário equilíbrio emocional do ser, desatando seu impulso destrutivo numa ânsia de libertação. São secundárias essas causas, embora tenham sido o fato precipitador da tragédia. Secundárias e relativas, porque um motivo, que poderia ser extremamente fútil para um, assume proporções alarmantes para outrem. Além disso, vemos o mesmo indivíduo suportar, às vezes, golpes muito mais graves e sucumbir, depois, diante de questões que um pouco mais de tolerância teriam colocado em sua verdadeira perspectiva. Muito depende pois  do seu estado emocional no momento em que lhe surge o problema pela frente. Quando penso nisso, lembro-me sempre de uma advertência que encontrei no guichê de uma loja em N. York; dizia assim: “Que diferença fará isso daqui a 99 anos?”
Aquilo que agora nos parece uma calamidade insuportável, reduz-se às proporções de mero incidente daqui a poucas horas, alguns dias ou uns escassos meses. É fácil demonstrar a veracidade da afirmação: quais foram as mágoas que nos atingiram tão fundo no ano passado? Ou há três anos? Mesmo que nos lembremos de algumas delas – as que nos parecem mais graves -, já não nos ferem como então. Com o decorrer de um pouco mais de tempo, lembrar-nos-emos delas até mesmo com certo sorriso indulgente e pensaremos: “Veja só! Isso me deu tanto aborrecimento e, afinal, nem valeu a pena...”
De outras vezes, aquilo que nos atormentou, nem sequer teve existência real; foi produto de uma imaginação exaltada, momentaneamente obscurecida pelo cansaço, pelas paixões ou pelo simples desconhecimento dos fatos. Logo a seguir, o que nos parecia tão alarmante, verificamos ser simples suspeita com aparência de realidade.
Por isso, não é necessário pesquisar as causas imediatas, que desencadeiam a tragédia do suicídio; examinemos as origens profundas do fenômeno.
Por que se mata a criatura humana? Mata-se o pobre, o aleijado, o doente, como também se mata o rico, o belo, o saudável. Por quê? Na verdade, o suicídio é, basicamente, uma fuga. O suicida quer fugir de situações embaraçosas, de desgostos, de pessoas que detesta, de mágoas que não se sente com forças para suportar, deseja, afinal de contas, fugir de si mesmo. É aí que está a gênese do seu fatal desengano; não podemos, de maneira alguma, fugir de nós próprios. Para que isto ocorresse, seria necessário que tudo acabasse com a morte; seria preciso que, ao cortar o fio da existência, tudo o que somos se dissolvesse, num instante, em nada. E não é assim que acontece; absolutamente não. Vemos, então, que o fundamento da ilusão suicida está na total ignorância do homem diante de sua própria natureza espiritual.
Há de chegar o dia em que todos compreenderão que somos Espíritos encarnados e não simples conglomerados de células materiais; que o corpo físico é um mero instrumento de trabalho e aperfeiçoamento do Espírito; acessório e não principal, na estrutura da personalidade humana.
Nesse dia não haverá mais suicidas. Suicidar-se para quê? Se apenas o organismo físico se destrói, ao passo que o princípio espiritual sobrevive?
A consciência está no Espírito que parte.  Por conseguinte, quando deixamos o corpo material, levamos nossas lembranças, sentimentos, paixões, alegrias, tristezas, esperanças, temores, angústias e sofrimentos, tal como os experimentávamos aqui na carne. O corpo não é mais do que uma vestimenta perecível do Espírito imortal. E se sofríamos aqui, sofreremos muito mais do lado  de lá da vida, se praticarmos a violência do suicídio. Não só porque nossas mágoas terrenas persistem, mas porque descobrimos, surpresos, envergonhados e terrivelmente arrependidos, que continuamos vivos, com as mesmas ideias que tínhamos, e ainda sofrendo dores muito mais agudas, porque só então nos assalta, num tremendo impacto, a amarga compreensão da loucura que praticamos.
Temos inúmeros depoimentos de Espíritos que provocaram a destruição de seu corpo físico, na trágica ilusão de que dessa forma se libertariam para sempre de seus problemas. E vêm confessar, amargurados, que o portão da morte não se abre para a escuridão vazia do nada; que a vida continua, com o corpo físico ou sem ele.
E então aquele que destruiu voluntariamente seu envoltório material chega à dolorosa conclusão de que apenas conseguiu agravar enormemente seus problemas íntimos, sem libertar-se de nenhuma de suas dificuldades. E descobre, ainda mais, que terá de voltar  carne em outras condições, talvez ainda mais penosas e precárias, tantas vezes quantas forem necessárias, para corrigir, refazer e pacificar.
Assistimos, então, ao funcionamento inapelável da lei cármica de causa e efeito, ajudando o pobre ser derrotado e doente a tomar o amargo remédio da recuperação. E aquele que arrebentou seus próprios ouvidos com um tiro assassino, renasce com o mecanismo de audição destruído; não podendo ouvir, não aprende a falar. E daí atravessar uma existência inteira, isolado na solidão forçada, a fim de que seu Espírito compreenda, no silêncio, o verdadeiro sentido da vida e o valor inestimável dos dons que recebemos ao nascer. O que tomou venenos corrosivos, volta à carne com as vísceras deficientes, sujeitas a misteriosas e incuráveis mazelas.
Tudo isso porque não podemos ir adiante sem pagar o que devemos, e, sendo a justiça de Deus tão perfeita, não pagamos senão o que devemos, segundo diz a Lei.  Logo, o suicídio é o maior, o mais trágico e lamentável equívoco que o ser humano pode cometer. Para não suportar uma dor que deveria durar alguns instantes, buscamos, precipitadamente, outra que pode durar tanto quanto uma nova existência de aflições. 
Certamente Deus nos dá os recursos necessários à recuperação, mas o esforço da subida tem que ser nosso, para que dele decorra o mérito da ação.
Isso de dores, mágoas, sofrimentos e aflições é tudo condição transitória de seres em reajuste moral. No fundo de si mesmo, o Espírito esclarecido sabe, intuitivamente, a Razão da sua dor e se rejubila com ela, porque somente pagando o que deve poderá prosseguir para o Alto. E sabe mais: certo da perfeição da Lei, na qual não há injustiças, compreende que, se sofre, é porque deve; a Justiça Divina não cobra multas a quem não cometeu infrações; ela é infinitamente mais perfeita que a dos homens.
Dessa forma, interferindo violentamente no mecanismo das leis supremas, o suicídio agrava os problemas, em vez de resolvê-los.
A ordem é esperar com paciência, resignação e confiança, aguardando serenamente a libertação. Acima de toda mágoa, o Espírito pode pairar serenamente e até mesmo embalado por secreta alegria, pois tem a certeza de que está resgatando, com a única moeda válida – a do sofrimento -, compromissos que ainda o prendem a um passado faltoso.”

No livro “O Céu e o Inferno”, Kardec relata inúmeros casos de suicidas, trazendo seus depoimentos e demonstrando como se tornaram mais infelizes após o ato tresloucado.
Richard Simonetti, em seu livro “Suicídio – Tudo o que você precisa saber”, indaga o que os familiares e amigos podem fazer pelos suicidas, salientando que, em primeiro lugar, eles não perderam a filiação divina, nem estão irremediavelmente confinados em regiões infernais. Mensageiros do Bem os amparam, mesmo que não tenham consciência disso.  E eles aprendem uma lição amarga, mas necessária: inútil e comprometedor atentar  contra a própria existência, pois, somos seres imortais e, fatalmente, colheremos funestas consequências.
Como poderemos ajudá-los?
Os Espíritos que se suicidaram dizem que a prece em seu benefício é um refrigério para eles. Quando oramos por eles nossas vibrações lhes proporcionam um grande alívio, diminuindo-lhes as dores e remorsos.
Como o suicida permanece ligado psiquicamente aos familiares, de acordo com a natureza dos pensamentos, os encarnados podem aumentar ou diminuir o seu sofrimento. Por exemplo, se ele enforcou-se, e ficarmos lembrando  constantemente que o vimos ou sabemos como ele morreu, naquela agonia, etc, ele receberá, através dos nossos pensamentos, todas estas lembranças que o manterão em sofrimento.
Além da prece, podemos também ajudá-los atendendo outras pessoas em sofrimento aqui na Terra, em seu nome. Nosso gesto resultará em grande benefício para o suicida.
Os Centros Espíritas poderão colaborar bastante para a superação do sofrimento dos suicidas através dos trabalhos de vibrações, nas reuniões mediúnicas, onde eles poderão ser recebidos e atendidos, beneficiando-se das energias do ambiente, revitalizando-os, pois, os Espíritos dos suicidas vivem no Mundo Espiritual como se fossem sonâmbulos. Quando entram em contato com o médium, estas energias os revitalizam, despertando-os, semelhante a doentes enfraquecidos que passam por uma transfusão de sangue.
A Doutrina Espírita é bastante convincente para diminuir o suicídio, ao contrário das demais, haja vista que possui informações provenientes do Mundo Espiritual, como por exemplo, o testemunho dos próprios suicidas a começar pelo livro “O Céu e o Inferno”, de Allan Kardec. Como explica Simonetti, “a fantasia induz à descrença. De nada  vale dizer ao candidato ao suicídio que ele arderá em chamas eternas, sem remissão se, na sua concepção, trata-se de mera especulação teológica. E proclama, enfático, que ninguém voltou do Além para confirmar que a vida continua. O Espiritismo demonstra que é possível conversar com os mortos e receber deles informações precisas sobre o que acontece com o suicida. O suicida é quase sempre alguém que não tem noção do que o espera. Fala-se que o gesto extremo é um misto de covardia e heroísmo – o covarde que foge dos desafios da Vida; o herói que enfrenta os mistérios da morte. O conhecimento sobre o assunto inverte o processo, tornando-o o herói  que enfrenta os desafios da Vida por conhecer o que a morte reserva aos que se acovardam”.
Portanto, como salienta muito bem Simonetti, “a missão do Espiritismo é justamente a de nos fazer pensar a Vida, conscientizando-nos de que não estamos na Terra em viagem de férias. O objetivo  fundamental de nossa passagem pelo Mundo é a nossa evolução. Dores são resgates; problemas são estímulos; dificuldades são desafios; crises são testes que avaliam nosso aprendizado. No somatório, temos abençoadas oportunidades concedidas por Deus, em favor de nosso crescimento como Espíritos imortais”.

Coragem ou Covardia?
No livro “Perante a Eternidade”, psicografado por Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho, uma jovem chamada Sandra relata que havia muitas brigas entre seus pais, mas, que sua mãe não queria separar-se, tendo, então, implorado para morar com a tia. Seu namorado a abandonou dali a algum tempo, sem querer reatar o namoro, o que a levou a tomar uma dose letal de veneno para ratos. 
Ela escutou as conversas no hospital da equipe médica, dizendo que não se sentia morta, acompanhando tudo o que faziam, inclusive a limpeza, o esparadrapo que colocaram em sua boca e a troca de roupa. Viu que a colocaram num caixão. Viu e ouviu as pessoas fazendo comentários, o choro das amigas e do ex-namorado, o desespero da mãe, irmãos, tios e avó. Sem entender o que de fato ocorria, ela ficou desesperada. O caixão foi fechado e enterrado. Ela sentiu horror, sentiu frio, na escuridão, tinha dores fortíssimas no abdômen e começou a sentir os bichos andando e comendo o seu corpo...
Não sabia para quem pedir auxílio, pois fora criada sem religião. Desesperada, pediu ajuda a N. Senhora e ouviu uma voz dizendo para arrepender-se. Ela perguntou  o que havia feito e a voz disse que ela tinha matado o corpo. Ela respondeu que era mentira, pois estava viva e sofria. E a voz perguntou-lhe se não havia tomado veneno e se não recordava do hospital, do velório?  Depois de orar, foi retirada do túmulo e do corpo físico por um senhor que a carregou para um abrigo. Depois de vários dias dormindo e sendo tratada, ao sentir-se melhor, fugiu do abrigo e foi para a casa de seus familiares onde escutou seus comentários. Foi numa vizinha que a via e a escutava e a  levou num Centro Espírita onde foi encaminhada novamente para um hospital especializado em suicidas. Lá, no “Lar Senhora Esperança”, passou a estudar o Evangelho e Moral Cristã.
Sandra  indagou  a outros internos, como ao Sr. Mauro, que estava lá há 50 anos, se seu ato de se suicidar tinha sido de coragem ou de covardia? Ele respondeu que tinha sido covardia, pois havia se apropriado de dinheiro alheio e, temeu o escândalo, o falatório...
Ela também perguntou ao Sr. Jairo se ele havia sido corajoso ou covarde, e ele disse que tinha câncer. Mas o senhor não foi covarde diante da doença? Então ele lhe disse que “hoje sei disso e 10 cânceres não me fariam sofrer tanto quanto o suicídio. Se antes achava que era corajoso, hoje sinto-me covarde, egoísta.” 
E você, Marília, por que se matou? “Matei o corpo sem dar valor ao precioso veículo que o Pai me dera para meu crescimento espiritual. Fui tremendamente covarde e egoísta. Grávida, abandonada pelo pai do meu filho, temi as conseqüências de ser mãe solteira  e suicidei-me. Não pensei no sofrimento que daria aos meus pais, pensei somente em mim, na minha dor. Se o sofrimento que sente o suicida após a morte do corpo fosse mais divulgado e a ele fosse dado créditos, isso daria medo aos corajosos que não temem matar seu corpo. E, aos covardes que pensam fugir de seus problemas, coragem para continuar vivendo encarnado. Nós, os suicidas, matamos o corpo que não é nem nosso, mas sim emprestado pela Natureza.”
Depois de muito pensar, acho que não são covardes nem corajosos, porém tremendamente egoístas. São muitos os motivos que levam a cometer o suicídio, uns sérios, mas nenhum justificável. Sofrimentos encarnados são passageiros. Dores, angústia, desilusões amorosas, traição, perda de entes queridos ou de bens materiais, solidão, medo, são lições a serem superadas. Num grande egoísmo, por não terem os acontecimentos como desejam, sentem insatisfação e pensam em acabar com tudo, matando-se. Não pensam em ninguém, no sofrimento que podem causar a outras pessoas. Às vezes, deseja-se mesmo que outros sofram. Isso é egoísmo! Não é certo querer  que as outras pessoas façam a nossa vontade, como obrigar a alguém a amar-nos...Devemos aceitar as dificuldades e sofrer com resignação.
Penso como também pensam muitos internos do “Lar Senhora Esperança”: o que acontece é falta de religião, da religião que educa, faz entender a vida encarnada e desencarnada, principalmente os sofrimentos e o porquê deles. De sentir Deus no coração. Ter fé no que entende, raciocinar, compreender para ter confiança em Deus. Como disse Allan Kardec há tantos anos, não haverá suicídio consciente para os que estudam e compreendem as Leis Divinas.
Principalmente nós que desencarnamos jovens achamos que os problemas seriam melhor compreendidos e aceitos se tivéssemos seguido uma religião que nos fizesse entender a vida, que nos levasse a orar com fé e confiança, que nos levasse a crer na vida futura, na continuação da vida após a morte do corpo. Porque somos eternos, mata-se o corpo para continuar mais vivos que antes.
Do corpo temos o dever de cuidar com toda atenção e carinho.
Do Espírito, a necessidade de receber orientação, estudo para progredir sempre.
Da religião, o equilíbrio, o entendimento para viver no Bem, seja como encarnado ou desencarnado.
Felizes os que conseguem entender no que acreditam.
E o Espiritismo dá esta explicação com toda a Sabedoria. E que o Espiritismo continue cada vez mais a elucidar a todos, encarnados e desencarnados. Porque quem entende supera os problemas, o sofrimento é aceito, as dificuldades são recebidas como lições e, agindo assim, o suicídio não será nem tentação. Sandra