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domingo, 11 de março de 2012

Doação de Órgãos


Doação de Órgãos
Mostram as estatísticas que a maioria dos brasileiros é a favor da doação de órgãos, contudo, muitos têm medo de doar por alguns motivos: médicos, jurídicos e espirituais. Predomina a ignorância e o preconceito nesta questão. Como tudo na vida, a educação é fundamental. E o querido Professor J. Herculano Pires, eminente filósofo Espírita, ensina: As religiões podiam ter prestado um grande serviço à Humanidade se houvessem colocado o problema da morte em termos de naturalidade. Mas, nascidas da magia e amamentadas pela mitologia, só fizeram complicar as coisas. A Educação para a morte não é nenhuma forma de preparação religiosa para a conquista do Céu. É um processo educacional que tende a ajustar os educandos à realidade da Vida, que não consiste apenas no viver, mas também no existir e no transcender.
No site www.filosofia.portaldoespiritismo.com.br  temos um apelo comovente, como se vê abaixo:



Edvaldo Kulcheski diz-nos que, normalmente, as pessoas que são apegadas à matéria dificilmente se tornam doadoras de órgãos. Quando aqueles que acreditam na imortalidade buscam justificativas espirituais para a não aceitação da doação de órgãos , na verdade, querem mascarar sua condição de apego à matéria. A grande maioria prefere não praticar o ato fraterno de doar seus órgãos ao seu semelhante para doá-los aos vermes. O ato de doar órgãos é um exemplo de desapego à matéria, expressando o amor incondicional em benefício do próximo.
Escreveu Eurípedes Küll que, encontramos na Codificação  da Doutrina Espírita três fundamentos para a doação de órgãos, em O Livro dos Espíritos, que Allan Kardec e os Espíritos Superiores, no conjunto, demonstram a concordância deste ato:
– Questão 156: “Há casos em que há sangue nas veias, mas não há vida; essa informação, promanada em 1857, diz de situação que talvez possamos configurar tanto como a morte encefálica quanto a morte cerebral, diagnósticos estes cuja precisão só seria alcançada no crepúsculo do século XX. Em tal estado, muito mais delicado do que um coma, é de se supor que o perispírito ou já está desligado ou em avançado processo de desate do corpo físico; numa ou noutra situação, a dor física estará ausente de qualquer injúria somática – extirpação de um órgão, por exemplo –, eis que o cérebro, então inapelável e definitivamente “desativado”, já não capta mais nenhuma mensagem “de dor” emitida pelo sistema nervoso central.
– Questão 257: Ensaio Teórico Sobre Sensação nos Espíritos: o perispírito só ouve e sente o que quer”; (aqui, quer nos parecer que o ensinamento deixa a descoberto que, uma vez desligado do corpo físico, o perispírito, que é a sede das sensações, tem plenas condições de selecioná-las; sendo a doação de órgãos um ato de amor, subentendendo-se que o doador já trilha pelo desapego da matéria, e nesse caso, não sofrerá qualquer impressão negativa com a retirada de algum órgão do seu – para ele já inútil – traje carnal).
Obs: Há que se considerar, ainda, o jamais negado Amor do Pai a todos os seus filhos; nesse caso, da morte recente, o doador está com merecimento adicional, fruto do seu desprendimento das coisas da matéria (no caso, o corpo que o abrigou e que agora se decomporá, inexoravelmente).
– Questão 723: “No estágio da humanidade, a carne alimenta a carne”. Aqui, refletimos que, se a carne alimenta a carne, nada objeta apropriarmos a mesma idéia para dela extrair uma ilação, mas com outro enfoque: da mesma forma como a carne alimenta a carne, para o sustento da vida, um órgão (em boas condições) substitui outro (similar, mas danificado), para um período de sobrevida. Deve-se considerar, ainda, que qualquer que seja o tempo dessa sobrevida (ou melhoria de vida), decorrentes de um transplante, quem o recebeu, um dia morrerá, e aí a Lei Natural de Destruição – decomposição dos despojos físicos – se cumprirá: a parte transplantada terá o mesmo destino da matriz, isto é, retorno à natureza.

Encontramos em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap I, item 3: “O corpo não passa de um acessório seu (do Espírito), de um invólucro, uma veste (do Espírito), que ele deixa, quando usada. (...) Por ocasião da morte, despoja-se dele (do corpo físico)”.
Anexando outra assertiva espiritual, temos Joanna de Angelis filosofando sobre o corpo humano: “(...) Alto empréstimo divino, é o instrumento da evolução espiritual na Terra. (...) Por enquanto, serve também de laboratório de experiências pelas quais os Construtores da Vida, há milênios, vêm desenvolvendo possibilidades superiores para culminarem em conjunto ainda mais aprimorado e sadio.”
A palavra empréstimo deixa patente que o homem, na verdade, não é dono do corpo que utiliza na romagem terrena, senão sim, é dele usufrutuário, ou se quiserem, inquilino temporário; já o servir de experiência laboratorial parece sinalizar que o altruísmo das doações de órgãos para transplantes intervivos, aí tem assento.
Rejeição Psicossomática
Sabemos nós, os espíritas, que cada ser humano tem todo um acervo de realizações positivas e negativas ao longo de inúmeras existências terrenas, daí advindo a inexistência de patamares espirituais semelhantes. Por isso mesmo, sendo diferentes as vibrações energéticas perispirituais do doador e do receptor, o órgão a ser transplantado não encontrará sintonia vibracional no destino. Daí advém a rejeição orgânica, que na verdade espelha diferença nos complexos, quanto sutis sistemas vitais de um e de outro, regulando o equilíbrio nos interplanos – material e espiritual.
Nesse caso, somente com altruísmo da parte do doador e com gratidão da parte do receptor, acreditamos que essa discrepância vibratória tenderá a ser atenuada, sob supervisão de Espíritos protetores, ocorrendo aquilo que o Espírito André Luiz denomina de “vibrações compensadas”. Nos transplantes, configuramos como equalização de fluidos, transitando nas camadas mais profundas do psiquismo do doador e do receptor.
Doação de Órgãos: Desprendimento Material
Somadas, as considerações acima sinalizam que a doação de órgãos pressupõe desprendimento dos bens terrenos – especificamente do corpo físico – dos quais o homem não passa de usuário eventual. Assim, doar órgãos é ato de amor, complementar aos que tenham sido realizados em vida. Só trará benefícios a quem o faça.
A Lei Divina de Ação e Reação, de ação automática e permanente, muito beneficiará o doador, além do que o beneficiado (e seu Anjo Guardião), seus parentes, amigos e a própria equipe médica envolvida, estarão todos direcionando a ele, doador, vibrações positivas, em preces de gratidão. Para o doador desencarnado isso é bênção incomparável.
Considerando que o corpo físico inclui-se no rol dos bens que o Criador coloca à disposição da criatura humana no seu roteiro existencial terreno, não deverá o homem se julgar detentor eterno desse bem, mas apenas responsável pela sua boa conservação, no período de utilização. Concluída esta, pela desencarnação, por que se preocupar com o destino que lhe será dado? Se nessa etapa terrena há a oportunidade de uma última ação de amor ao próximo, por que não investir nessa poupança celestial?
Se no último minuto de um moribundo pode ocorrer sua transformação moral (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap 5, Item 28), imagine-se que um receptor de órgão passa a ter mais que “um minuto”, e sim considerável sobrevida.
Pessoa alguma há que, após passar por um transplante, continue a mesma. Daí, a auto-reforma.
NOTA: Obviamente, não doar órgãos é um direito pleno de cada indivíduo. E jamais o não-doador poderá ser acusado de egoísmo ou de falta de amor para com seu próximo. Mas, verdade seja dita, quem doa demonstra vivenciar louvável posicionamento em estágio moral que só benefícios espirituais hão de lhe ser dispensados. O não-doador – e somente ele – poderá responder à auto-pergunta: – E se um dia eu precisar de um transplante?
As pessoas, perante a legislação recente da doação de órgãos, devem, pela precisão de conceitos e lucidez de raciocínio, se basear na resposta de Emmanuel : “A doação de órgãos deve ser regida pela consciência individual. Se o desencarnado é muito apegado ao corpo material, poderá sentir-se um tanto perturbado, mas sem gravidade. Tendo notícia do real papel do próprio corpo na trajetória ascensional do espírito, entenderá. Uma vez inútil ao seu trabalho, algo dele serve ao outro, cuja máquina perdeu só um parafuso. Como o carro fundido ou acidentado cede peças sãs a um menos lesado.” ( Manual Espírita do Principiante)
A doação de órgãos para transplantes é perfeitamente legítima. Divaldo Franco certifica: “Se a misericórdia divina nos confere uma organização física sadia, é justo e válido, depois de nos havermos utilizado desse patrimônio, oferecê-lo, graças às conquistas valiosas da ciência e da tecnologia, aos que vieram em carência a fim de continuarem a jornada”. (Seara de Luz)
A Nobreza de um Gesto
Habitualmente falamos que somente coisas ruins ganham manchete. Que notícia boa não é veiculada porque não vende nem jornal, nem revista.
No entanto,  por vezes, um gesto nobre ganha o noticiário internacional.
Assim aconteceu com um palestino que virou manchete mundial. Ele não protagonizou nenhum dos conflitos que têm abalado as relações e a paz dos povos do Oriente.
O mecânico Esmael Khatib deu uma verdadeira lição de fraternidade ao doar os órgãos de seu filho Ahmed a pacientes israelenses, que necessitavam de transplantes.
O palestino teve seu filho, de apenas 12 anos, alvejado por soldados de Israel, durante uma operação de busca no campo de refugiados de Jenin.
O mecânico optou pela doação, inspirado pela perda de seu irmão, de 24 anos, que, não resistindo à longa espera por um  transplante de fígado, veio a morrer.
Entre os beneficiados pelo gesto do palestino se encontravam um bebê de 7 meses e uma mulher de 58 anos.
Alguns eram judeus, árabes-israelenses e uma garota de origem drusa.
Conforme reproduziu o jornal Folha de São Paulo, Khatib teria dito:
Eu me sinto bem pensando que os órgãos de meu filho estão ajudando seis israelenses.
Acredito que o meu filho está agora no coração de todo israelense.
O fato repercutiu pelo Mundo, exatamente pelos conflitos que envolvem as nações em questão.
Tanto mais que o menino fora morto por israelenses.
O fato é que, aquele pai, dolorido pela separação violenta do filho amado, encontra forças para beneficiar pessoas.
Não indaga se pertencem à sua mesma nação, ao seu povo, à sua família.
Não pergunta se são amigos ou inimigos. Simplesmente doa. Um gesto de humanidade, uma ação altruísta.
A nota nos remete aos versos do sublime Galileu há mais de dois milênios: Ama o teu próximo... Faze o bem a quem te persegue... Ama o teu inimigo.
Em nosso Brasil, embora as campanhas promovidas e a facilidade que se tem para doar órgãos, ainda é muito grande a fila de espera.
Algumas estatísticas apontam que chega a 60 mil o número, em nosso país, dos que se encontram aguardando transplantes.
A doação de órgão não é contrária às leis da natureza, porque beneficia a vida.
Os doadores colaboram com a vida. O Espírito se liberta da carne e permite a outros o retorno da visão, a desvinculação de procedimentos morosos e dolorosos.
Permite que um pai retorne ao lar, que o profissional retome atividades interrompidas, que o jovem volte a tecer sonhos de estudo e produtividade.
Aqui, é a bomba cardíaca que torna a regularizar seu ritmo; ali é um fígado que volta a funcionar; além é um pulmão que se enche de ar, insuflando vida.
Beneficiados os que recebem as doações dos órgãos. Abençoados por Deus os que se fazem doadores da esperança e da vida que estua. (www.momento.com.br)

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