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quarta-feira, 11 de abril de 2012

Buscai e Achareis

Buscai e Achareis



Cap. XXV, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec

Questões 674 a 685, de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec



Ajuda-te a ti mesmo, que o Céu te ajudará

Pedi e se vos dará; buscai e achareis; batei à porta e se vos abrirá; porquanto, quem pede recebe e quem procura acha e, àquele que bata à porta, abrir-se-á. Qual o homem, dentre vós, que dá uma pedra ao filho que lhe pede pão? – Ou, se pedir um peixe, dar-lhe-á uma serpente? – Ora, sendo  maus como sois, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, não é lógico que, com mais forte razão, vosso Pai que está nos seus dê os bens verdadeiros aos que lhos pedirem?

Allan Kardec explica, em O Evangelho Segundo o Espiritismo que, “do ponto de vista terreno, a máxima Buscai e Achareis é análoga a esta outra: Ajuda-te a ti mesmo, que o Céu te ajudará. É o princípio da lei do trabalho e, por conseguinte, da lei do progresso, porquanto o progresso é filho do trabalho, visto que este põe em ação as forças da inteligência. Na infância da Humanidade, o homem só aplica a inteligência à cata do alimento, dos meios de se preservar das intempéries e de se defender dos seus inimigos. Deus, porém, lhe deu, a mais do que outorgou ao animal, o desejo incessante do melhor, e é esse desejo que o impele à pesquisa dos meios de melhorar a sua posição, que o leva às descobertas, às invenções, ao aperfeiçoamento da Ciência, porquanto é a Ciência que lhe proporciona o que lhe falta. Pelas suas pesquisas, a inteligência se lhe engrandece, o moral se lhe depura. Às necessidades do corpo sucedem as do Espírito: depois do alimento material, precisa ele do alimento espiritual. É assim que o homem passa da selvageria à civilização. (...) Do ponto de vista moral, essas palavras de Jesus significam: Pedi a luz que vos clareie o caminho e ela vos será dada; pedi forças para resistirdes ao mal e as tereis; pedi a assistência dos bons Espíritos e eles virão acompanhar-vos e, como o anjo de Tobias, vos guiarão; pedi bons conselhos e eles não vos serão jamais recusados; batei à nossa porta e ela se vos abrirá; mas, pedi sinceramente, com fé, confiança e fervor; apresentai-vos com humildade e não com arrogância, sem o que sereis abandonados às vossas próprias forças e as quedas que derdes serão o castigo do vosso orgulho”.

Observai os Pássaros do Céu

Não acumuleis tesouros na Terra, onde a ferrugem e os vermes os comem, onde os ladrões os roubam; acumulai tesouros no Céu onde nem a ferrugem nem os vermes os comem, porquanto onde está o vosso tesouro aí estará também o vosso coração. Observai os pássaros do céu: não semeiam, não ceifam, nada guardam em celeiros; mas, vosso Pai celestial os alimenta. Não sois muito mais do que eles?

Buscai primeiramente o reino  de Deus e a sua justiça, que todas essas coisas vos serão dadas de acréscimo.

Para o Espírito Públio,  “buscai e achareis é a exortação para que cada um empreenda esforços para a conquista das suas aspirações.  No entanto, cada um que busca, aquele que procura e aquele que pede, como atividades do Espírito que não se permitiu quedar na inércia ou na omissão, encontrarão o que procuram se estiverem em demanda dos verdadeiros bens. Pedi tanto uma cartela premiada na loteria e não recebi. Busquei tanto aumentar meu salário e não consegui. Bati tanto na porta da esperança pedindo saúde, mas continuei enfermo. Tais afirmativas, tão comuns na vida das pessoas e que tanta descrença causa no íntimo imaturo da maioria, podem parecer contraditórias quando entendidas apenas pela ótica imediata do literalismo que mata. Não estamos na Terra para realizar, preferencialmente, os objetivos materiais. Em tudo, o material deve estar a serviço do espiritual.  Por equívoco, por preguiça, por vício ou por ignorância, fomos levados a acreditar que o mais importante é o palpável, em detrimento do imaterial. No entanto, recolocadas as coisas em seus devidos lugares, a capacidade de ver o Espírito como a essência da vida, coloca em primazia tudo aquilo que torne melhor o seu desenvolvimento e mais proveitosa a sua experiência. Por isso, os planos anteriores para o reencarne estarem prevendo situações de deficiência orgânica, de carência material, de dificuldade moral, para que o aluno rebelde que já falhou nessas lições, possa ter nova oportunidade e regresse às experiências nas quais  falhou um dia para fortificar-se nesse novo teste. Por isso, perdemos tempo em pedir justamente aquilo que pode nos atrapalhar a jornada do Espírito, apenas para que possamos ter alguns momentos de prazeres na carne que, mais cedo ou mais tarde, vai se desfazer. Pedimos o bilhete premiado quando precisávamos aprender a viver na humildade do salário contado, por já termos sido aqueles esbanjadores, aqueles dissipadores em outra  época, quando o dinheiro nos era fácil.  Batemos à porta pedindo saúde quando deveríamos solicitar a força para enfrentar a enfermidade sem fraquejos, sem revoltas, aprendendo a disciplinar nossos Espíritos indomáveis aos horários das medicações, às rotinas do tratamento, às exigências  da terapêutica que, mais do que atender apenas às necessidades biológicas, irão nos domesticar o Espírito inconsequente e rebelde. Em geral, se a doença, a carência material ou os problemas de todas as ordens nos mantêm mais ou menos presos em suas forças dominadoras, basta que consigamos o dinheiro fácil ou a saúde mais favorável e nos colocamos a exercitar os velhos defeitos da arrogância, da dissipação, dos excessos e abusos de todos os tempos, reproduzindo as mesmas quedas de ontem. Somente a maturidade de Espírito nos fará compreender que tudo que nos chega é bênção que atende à nossa necessidade evolutiva, não importa se nos eleve à condição de líder de uma nação ou que nos prenda ao leito hospitalar. Ali estaremos para amadurecer e conquistar valores que se desenvolverão melhor naquelas condições. Se pedirmos o que é importante para o nosso Espírito, estaremos nos abrindo para que as remessas de Deus sejam recebidas em nosso seio como o alimento que chega ao faminto.

E o Espírito Públio continua: “O olhar de quem nos criou está sempre conectado ao nosso íntimo e, antes que imaginemos que necessitamos pedir, o auxílio de Deus já se acha a caminho. Lembre-se disso. Pássaros do céu não têm igreja nem religião exclusivista. As ervas dos campos não se reúnem em congressos doutrinários para discussão teórica das teses transcendentes. Eles vivem como a natural condição lhes impõe, tentanto fazer o melhor e, por isso, recebem da Providência tudo de que necessitam para não perecerem à míngua. Homens que estão no píncaro da criação no ambiente terreno, lembremo-nos de que nos compete realizar mais do que os pássaros porque nos foi concedida a inteligência como soberano instrumento de avaliação, de atividade criadora e de edificação de nosso destino.

Se somos todos tão importantes, perguntemo-nos se, ao menos como os pássaros, nós já cantamos hoje. Se, ao menos, como as flores silvestres, nós já espalhamos o perfume de nosso sorriso, de nosso otimismo, de nossa alegria pelos caminhos que trilhamos?

Como esperar receber o que pedimos, encontrar o que solicitamos se, por nossa vez, fomos incapazes de sair de nossa condição biologicamente superior até mesmo para fazer o que os seres inferiores da criação fazem normalmente?

Entender as exigências do Espírito significa compreender a nossa função na vida e, ao invés de ficarmos dando trabalho aos arautos divinos com nossas tolas solicitações, coloquemos nossos esforços na solicitação de recursos que, por dirigirem-se à essência espiritual de nossas necessidades, estão sempre disponíveis no celeiro divino para entrega ilimitada.

Em vez de pedir riquezas, peçamos força e saúde para o trabalho honesto.

Em vez de solicitar cura imediata, peçamos recursos para o tratamento paciente e resignado de nossas doenças, disciplinando igualmente o nosso Espírito.

Em vez de solicitar vantagens para o conforto do corpo que entorpece o Espírito, peçamos os bens que fortalecem a alma e tonificam o organismo.

Aos que se entregarem à satisfação de seus caprichos mundanos, o pouco que conseguirem nessa área já terá correspondido à sua recompensa. Não farão jus a mais nada”. (Relembrando a Verdade)

Não vos Afadigueis pela Posse do Ouro

Não vos afadigueis  por possuir ouro, ou prata, ou qualquer outra moeda em vossos bolsos.

Para Vinicius, “os homens têm muito a aprender com as aves. A primeira das lições é a alegria de viver. Por que não sentimos o prazer inocente de gozar as belezas da vida natural? Um dos motivos é porque não temos fé, e a dúvida e o temor nos assaltam... A desconfiança e a incerteza roubam-nos a alegria de viver que os pássaros sabem desfrutar. A ambição desmedida, cujo objetivo  é acumular mais constitui a fonte de inúmeros males que afligem a vida humana.

Na sociedade das aves não se ajunta em celeiros. E, porque não há celeiros, não existem ladrões, nem homicidas, nem rivalidades, nem inveja, nem guerras... Não há carestia, não há exploradores nem explorados, não há pobreza, miséria, órfãos, velhos desamparados... Todos vivem a vida de cada um e cada um vive a vida de todos, donde resulta a alegria de viver, que os homens desconhecem. O não ajuntar em celeiros encerra, pois, a chave da felicidade presente e futura.

Na sociedade das aves não há doenças, porque as doenças do corpo procedem das paixões, dos vícios e da intemperança, cuja sede está no Espírito. Não havendo celeiros, ou seja, a ambição de acumular, as paixões animalizadas se extinguem naturalmente, porque não encontram solo propício onde possam proliferar. As moléstias são frutos do meio. O melhor adubo para produzi-las é o egoísmo. Tais vírus são desconhecidos entre as aves do céu. (Na Escola do Mestre)

Sabemos que precisamos certos recursos, mas o Senhor não nos ensinou a pedir o pão, mais dois carros, mais um avião... Não precisamos de tanta coisa para colocar tanta carga em cima de nós. Podemos ser chamados hoje à Vida Espiritual... Chico Xavier

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