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terça-feira, 1 de maio de 2012

A Fé Transporta Montanhas


A Fé Transporta Montanhas
Cap. XIX, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec

Quando ele veio ao encontro do povo, um homem se lhe aproximou e, lançando-se de joelhos a seus pés, disse: Senhor, tem piedade do meu filho, que é lunático e sofre muito, pois, cai muitas vezes no fogo e muitas vezes na água. Apresentei-o aos teus discípulos, mas eles não o puderam curar. Jesus respondeu, dizendo: Ó raça incrédula e depravada, até quando estarei convosco? Até quando vos sofrerei? Trazei-me aqui esse menino. E, tendo Jesus ameaçado o demônio, este saiu do menino, que no mesmo instante ficou são. Os discípulos vieram então ter com Jesus em particular e lhe perguntaram: Por que não pudemos nós outros expulsar esse demônio? Respondeu-lhes Jesus: Por causa da vossa incredulidade. Pois, em verdade vos digo, se tivésseis a fé do tamanho de um grão de mostarda, diríeis a esta montanha: Transporta-te daí para ali e ela se transportaria, e nada vos seria impossível. (Mateus, 17: 14-20)
Allan Kardec explica, nesta passagem, que, “no sentido próprio, é certo que a confiança nas suas próprias forças torna o homem capaz de executar coisas materiais, que não consegue fazer quem duvida de si. Aqui, porém, unicamente no sentido moral se devem entender essas palavras. As montanhas que a fé desloca são as dificuldades, as resistências, a má vontade, em suma, com que se depara da parte dos homens, ainda quando se trate das melhores coisas. Os preconceitos da rotina, o interesse material, o egoísmo, a cegueira do fanatismo e as paixões orgulhosas são outras tantas montanhas que barram o caminho a quem trabalha pelo progresso da Humanidade. A fé robusta dá a perseverança, a energia e os recursos que fazem vençam os obstáculos, assim nas pequenas coisas, que nas grandes. Da fé vacilante resultam a incerteza e a hesitação de que se aproveitam os adversários que se têm de combater; essa fé não procura os meios de vencer, porque não acredita que possa vencer
Do ponto de vista religioso, a fé consiste na crença em dogmas especiais, que constituem as diferentes religiões. Todas elas têm seus artigos de fé. Sob esse aspecto, pode a fé ser raciocinada ou cega. Nada examinando, a fé cega aceita, sem verificação, assim o verdadeiro como o falso, e a cada passo se choca com a evidência e a razão.  Levada ao excesso, produz o fanatismo. Em assentando no erro, cedo ou tarde desmorona; somente a fé que se baseia na verdade garante o futuro, porque nada tem a temer do progresso das luzes, dado que o que é verdadeiro na obscuridade, também o é à luz meridiana.  Cada religião pretende ter a posse exclusiva da verdade; preconizar alguém a fé cega sobre um ponto de crença é confessar-se impotente para demonstrar que está com a razão.
A resistência do incrédulo, devemos convir, muitas vezes provém menos dele do que da maneira por que lhe apresentam as coisas. A fé necessita de uma base, base que é a inteligência perfeita daquilo que se deve crer. E, para crer, não basta ver; é preciso, sobretudo, compreender.
A fé cega já não é deste século, tanto assim que o dogma da fé cega, precisamente, é que produz hoje o maior número dos incrédulos, porque ela pretende impor-se, exigindo a abdicação de uma das mais preciosas prerrogativas do homem: o raciocínio e o livre-arbítrio. É principalmente contra essa fé  que se levanta o incrédulo, e dela é que se pode, com verdade, dizer que não se prescreve. Não admitindo provas, ela deixa no espírito alguma coisa de vago, que dá nascimento à dúvida. A fé raciocinada, por se apoiar nos fatos e na lógica, nenhuma obscuridade deixa. A criatura então crê, porque tem certeza, e ninguém tem certeza senão porque compreendeu. Eis porque não se dobra.
Fé inabalável só o é a que pode encarar de frente a razão, em todas as épocas da Humanidade".
Nos dias de hoje, como ensina o Espírito Públio, a ligação com Deus passou a ser um processo negocial em que se busca um sócio para suportar o prejuízo, mas do qual se esquece no momento de contabilizar os lucros do negócio. São passageiros do luxuoso transatlântico dos prazeres fáceis, mas que não aprenderam a nadar na hora do naufrágio. E todos os navios afundam um dia, levando para o fundo a eufórica e descabeçada “maioria das pessoas”. Quando as dúvidas atingem o patamar da fé que liga o ser ao Criador, fragilizando essa ligação e tornando-a tênue ou claudicante, o Homem perde a base de sustentação de seu caminho. Sem tempo para sentir a fonte de todos os recursos e a origem de toda a sua força, as pessoas que assim se permitem ficar, cortam o fio de ligação com a usina de abastecimento acreditando poderem se manter apenas com os parcos recursos de sua bateria pessoal. Em vão, nas horas difíceis, os homens entrarão nas construções de pedra conhecidas como igrejas. Lá não encontrarão Deus nem as respostas que buscam. Iludidas por si mesmas, participarão de rituais cerimoniosos como se, na hora do desespero do afundamento de sua nau, falando algumas palavras mágicas, pudessem aprender a nadar de um minuto para outro. 

Sem terem de onde retirar os elementos que possam equilibrá-los, os seres que se afastam da realidade divina temporariamente bloqueiam o fluxo de forças que existem entre a sua realidade – mero efeito – e a própria causa que o engendrou. Desejando viver sem ligar-se à árvore, o fruto é condenado a deixar de crescer, mirrar, murchar e perecer, antes mesmo de atingir o estágio necessário a converter-se em fruto pleno. Os homens que, se afastando da sua ligação com a árvore da qual são fruto, perdem a seiva que os abastece e, ainda que tenham alguma durabilidade, deixam de receber os influxos superiores de energias puras que os abastecem, condenam-se a estagnarem-se, mirrarem e degenerarem já que não conseguem abastecer-se de si mesmos.
A força da fé não se conseguirá por obra e graça de manifestações improvisadas de desesperos, de arrependimentos, de consciências culpadas, por tragédias, por medo da morte, do lixo dado como falsa caridade, dos textos bíblicos decorados que não entraram no coração. 

É na fé, portanto, na fé compreendida como esse ponto de apoio que dá ao fruto as qualidades potenciais da árvore de que deriva que encontraremos o poder da Divindade residindo no interior de todos nós.
Do mesmo modo que as frutas são doces e as flores são coloridas e perfumadas porque as plantas que as produziram as transformaram e abasteceram de seiva, cor e perfume, as criaturas são igualmente alimentadas pela força soberana do Universo, pela Causa primária de todas as coisas, recebendo a sua força e as suas características de maneira mais intensa à medida que reforcem a sua ligação com essa fonte.
Jesus deu o maior exemplo dentre todos sobre a ligação com o Pai. Não há ação que realize sem antes ligar-se à Fonte das Bênçãos. Meu Pai é maior do que eu – afirmava o Mestre. Sua fé não era uma religião formalista. Era, no dizer exato da palavra, apenas e tão somente uma RELIGAÇÃO com a essência poderosa do Universo.
Aos que desejarem obter os benefícios que a força da fé confere, basta escutar o que Jesus ensina em Lucas, 6, 46 a 48:
“Por que me chamais: Senhor! Senhor!... E não fazeis o que digo? Todo aquele que vem a mim e ouve as minhas palavras e as pratica, vou mostrar-vos a quem se assemelha: É semelhante a um homem que, ao edificar uma casa cavou fundo e colocou o fundamento sobre a rocha. Quando veio uma inundação, a enxurrada embateu contra a casa e não a conseguiu abalar, porque estava edificada sobre a rocha. Porém, aquele que ouve e não pratica, é semelhante a um homem que edificou a casa na superfície, sem fundamento. Embateu-se a enxurrada contra ela, que sem demora cai, e foi grande o estrago dessa casa”. (Jesus no Teu Caminho/Relembrando a Verdade-Espírito Públio e André L. Ruiz)
A Hemorroíssa
Encontramos nos Evangelhos a história de certa mulher, que no Evangelho  de Nicodemos, ou Atos de Pilatos, é denominada de Verônica ou Berenice, aquela que limpou o suor de sangue no rosto de Jesus, quando carregava a cruz. Pois, antes disso, como relatam os evangelistas, esta mulher permanecia há doze anos menstruada, tendo empobrecido com os tratamentos médicos a que se entregara, sem, contudo, curar-se.
Abandonara sua cidade natal, Cesaréia de Felipe, na Decápolis, desiludida, marcada pelo estigma humilhante. Todos a consideravam impura e consequentemente malsinada. Consultara, inutilmente, os sacerdotes, os médicos da região e até do exterior. Fora exorcizada, submetendo-se a rituais sofridos e intermináveis. Acreditavam, e ela mesma acreditava, que seu mal era um castigo de Deus. Não tendo mais esperanças, depois de perder tudo o que possuía, viajou para Cafarnaum, na Palestina, na expectativa de encontrar algum médico ou remédio para o seu mal. Verônica, então, quando ouviu falar de Jesus, acreditou que ele poderia ajudá-la, já que ele curava cegos, leprosos, aleijados e muitas outras doenças. E Jesus seguia em direção da casa de Jairo, o chefe da sinagoga, cuja filha agonizava. Jairo buscara Jesus seguido de uma grande multidão de curiosos. E ela estava no meio da multidão, sem coragem para falar com Jesus, anêmica, constrangida, com medo. Só que não poderia perder a maior oportunidade de sua vida. Tendo em vista as dificuldades da época, em que a mulher era considerada um ser inferior, ela tinha muito receio de aproximar-se de Jesus. Assim, imaginou que, tocando em suas vestes, seria suficiente para obter a tão sonhada cura daquele mal que a importunava há tantos anos. E Jesus disse: - Quem me tocou? E Pedro, respondeu: - Mestre, a multidão nos comprime. Há muita gente ao nosso redor. Como vamos saber quem o tocou? Então, a mulher atemorizada e trêmula, cônscia do que nela se havia operado, pois cessara o fluxo sanguíneo e as dores hemorroidais, veio e prostrou-se diante dele, e declarou-lhe toda a verdade: Fui eu, Senhor, que era desgraçada! Sabia que, em tocando Tuas vestes, poderia recuperar minha saúde. Disse-lhe Jesus: Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz, e sê curada desse teu mal.
Depois de algum tempo, Verônica despediu-se dos parentes, que antes a  detestavam, e passou a seguir Jesus por todos os lugares. Quando limpou o rosto de Jesus na via crucis, ouviu sua voz em seu interior: - Vai em paz! Lembrar-me-ei de ti... Quando iniciou a subida da colina da Caveira, Jesus tomba novamente e diz: - Filhas de Jerusalém, não choreis por mim; chorai antes por vós mesmas e por vossos filhos. Dias virão amargos e terríveis, em que clamareis: bem-aventuradas as estéreis, e os ventres que não geraram, e os peitos que não amamentaram! Clamareis aos montes: caí sobre nós, cobri-nos! Porque, se ao madeiro verde fazem isto que se fará ao seco?
E Verônica  desceu do monte e saiu a servi-Lo. (Marcos, 5: 25-34. Lucas, 23: 27-31)
(Primícias do Reino-Amélia Rodrigues e Divaldo Franco)

O Centurião Romano
Cláudio e Cornélio, filhos de um homem muito rico, viviam em Roma há muitos séculos atrás. Cláudio era poeta e escritor e sonhava com a fama. Seu irmão Cornélio era diferente. Era sensível e preocupava-se com as pessoas e queria tornar-se médico. Por causa de um desentendimento entre os dois irmãos, pois Cláudio havia maltratado um escravo, o pai dos jovens, que tinha preferência por Cláudio, obrigou Cornélio a sair de casa para seguir carreira na Legião de César, o que o levou para regiões distantes. Devido ao seu caráter, Cornélio foi promovido ao posto de Centurião e destacado para servir em Cafarnaum, na Palestina. Certo dia um de seus soldados adoeceu e como não obtivesse melhora da estranha enfermidade que o prostrara, pois, ficara paralítico, além de ter muitas dores, o Centurião lembrou-se de Jesus e foi procurá-lo. Cornélio disse, então, a Jesus que tinha um soldado gravemente enfermo e que fora desenganado pelos médicos, mas que ele, Jesus, poderia curá-lo. Então, Jesus lhe disse que iria mais tarde à sua casa, tendo o Centurião lhe dito que não era digno que Jesus entrasse em sua casa, mas que apenas uma palavra dele, de Jesus, curaria o seu servo. Jesus admirou-se e respondeu-lhe que nunca havia encontrado em Israel tamanha fé e disse-lhe para voltar para casa que seu servo já estava curado. E, efetivamente, isto aconteceu. (Histórias da Vida Eterna-Djalma Santos)
A Medicação pela Fé
A moça abatida, num acesso de tosse, chegara ao Centro Espírita Luiz Gonzaga, em Minas Gerais, com uma receita médica. Estava tuberculosa. Duas hemoptises já haviam surgido como horrível prenúncio.  O doutor indicara remédios, entretanto...
 - Chico, - disse a doente - o médico aconselhou-me a usar esta receita por trinta dias... Mas, não tenho dinheiro. Você poderia arranjar-me uns cobres?  O médium respondeu com boa vontade: - Minha filha, hoje não tenho... E meu pagamento no serviço ainda está longe...
- Que devo fazer? Estou desarvorada...
Chico pensou, pensou e disse-lhe:
- Você peça a nossa Mãe Santíssima socorro e o socorro não lhe faltará. A que horas você deve tomar a medicação?
- De manhã e à noite, respondeu a moça.
- Então, disse o Chico, corte a receita em sessenta pedacinhos. Deixe um copo de água pura na mesa e no momento de usar o remédio, rogue a proteção de Maria Santíssima. Tome um pedacinho da receita com a água abençoada em memória dela e repita isso duas vezes ao dia, no horário determinado. Sem dúvida, pela fé, você terá usado a receita.
A enferma agradeceu e saiu.
Passado um mês, a moça surgiu no Centro Espírita, corada e refeita.
- Oh! É você? Disse o Chico.
- Sim, Chico, sou eu. Pedi socorro à nossa Mãe Santíssima. Engoli os pedacinhos do papel da receita e estou perfeitamente boa.
- Então, minha filha, vamos render graças a Deus. E passaram os dois à oração.
(Lindos Casos de Chico Xavier-Ramiro Gama)

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