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segunda-feira, 15 de abril de 2013


Não Saiba a Vossa Mão Esquerda o que Dê a Vossa Mão Direita
Cap. XIII de O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec

Tende cuidado em não praticar as boas obras diante dos homens, para serem vistas, pois, do contrário, não recebereis recompensa de vosso Pai que está nos céus. Assim, quando derdes esmola, não trombeteeis como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem louvados pelos homens. Digo-vos, em verdade, que eles já receberam sua recompensa. Quando derdes esmola, não saiba a vossa mão esquerda o que faz a vossa mão direita, a fim de que a esmola fique em segredo, e vosso Pai que vê o que se passa em segredo, vos recompensará. (Mateus, 6:1-4)
Todos os ensinos de Jesus objetivam abrir nossas mentes para a realidade espiritual. Somos Espíritos vinculados a este planeta para a grande tarefa de evolução. Nascemos na Terra periodicamente e temos inúmeras oportunidades para aprender e para sermos auferidos, ou testados. Assim, é necessário que tenhamos consciência de que, nós e tudo o que detemos, são empréstimos concedidos pelo Criador para uma vida produtiva, bem como para uma vida solidária, amparando aqueles que, por razões que desconhecemos, passam por experiências bem mais duras do que as nossas, necessitam do próximo que está mais próximo. Neste capítulo do Evangelho, Kardec mostra-nos que existe a caridade material e a caridade moral, esclarecendo que ambas são importantes, diante das contingências, mas que qualquer um, pobre ou rico, pode dar algo de seu, imaterial, como respeito, carinho, atenção, sorriso, para alguém. No caso da Viúva Pobre, o Cristo dá um exemplo de que, para Deus, o que vale mais é o que é dado com o coração e até com sacrifício, e não as quantidades dadas sem sentimento, apenas para mostrar aos outros que se é dadivoso, vivendo de aparências, como costumamos fazer, sem realmente o sermos.
Ensina Allan Kardec que “em fazer o bem sem ostentação há grande mérito, ainda mais meritório é ocultar a mão que dá; constitui marca incontestável de grande superioridade moral, porquanto, para encarar as coisas de mais alto do que faz o vulgo, mister se torna abstrair da vida presente e identificar-se  com a vida futura; numa palavra, colocar-se acima da Humanidade, para renunciar à satisfação que advém do testemunho dos homens e esperar a aprovação de Deus. Aquele que prefere ao de Deus o sufrágio dos homens prova que mais fé deposita nestes do que na Divindade e que mais valor dá à vida presente do que à futura. Se diz o contrário, procede como se não cresse no que diz. A beneficência praticada sem ostentação tem duplo mérito. Além de ser caridade material, é caridade moral, visto que resguarda a suscetibilidade do beneficiado, faz-lhe aceitar o benefício, sem que seu amor-próprio se ressinta e salvaguardando-lhe  a dignidade de homem, porquanto aceitar um serviço é coisa bem diversa de receber uma esmola. Ora, converter em esmola o serviço, pela maneira de prestá-lo, é humilhar o que o recebe, e, em humilhar a outrem, há sempre orgulho e maldade. A verdadeira caridade, ao contrário, é delicada e engenhosa no dissimular o benefício, no evitar até as simples aparências capazes de melindrar, dado que todo atrito moral aumenta o sofrimento  que se origina da necessidade. Ela sabe encontrar palavras brandas e afáveis que colocam o beneficiado à vontade em presença do benfeitor, ao passo que a caridade orgulhosa o esmaga. A verdadeira generosidade adquire toda a sublimidade, quando o benfeitor, invertendo os papéis, acha meios de figurar como beneficiado diante daquele a quem presta serviço”.
O Espírito Públio, diz: “- Se ficar rico, construirei uma creche. Como sempre jogo e nunca ganho, a criança sem amparo é culpa de Deus que não me ajuda. Se conseguir o tal trabalho, prometo que ajudarei os velhos asilados. Acho que Deus não gosta de velho, pois não me ajuda a conseguir o emprego. Se Deus me ajudar na promoção, passando os outros para trás, prometo que vou usar todo o meu primeiro salário para comprar comida para os pobres. E enquanto os que se julgam bons ficam esperando ganhos especiais para que se proponha exercitar a própria bondade, as crianças sem amparo, os velhos sem ajuda e os estômagos vazios continuam multiplicados sobre o mundo. Quantos se perdem nos meandros de seus interesses egoísticos, tentando obter o patrocínio Divino para suas ambições, acenando com mentirosas promessas, falsas proposições ou indigno anseio de concretizar o amparo aos que sofrem somente depois que se sentirem amparados pelo Pai. Em verdade, o problema do mundo não é a fome, o abandono do velho ou da criança. Tudo isso é efeito de uma única causa. Tudo isso existe porque o egoísmo impera. Assim, na visão da Verdade, o que é imprescindível e necessário combater não é nem a falta de alimento, nem a carência de vagas para idosos, ou a ausência de creches e escolas para crianças. O combate principal é aquele que se deve travar contra o egoísmo, a chaga maior da Humanidade. Naturalmente que, para os famintos, anciãos ou infantes, o pedaço de pão, a cama macia ou o braço que acalente são importantes no remediar aquilo que é fruto direto e imediato do egoísmo. No entanto, quando o egoísmo estiver erradicado do mundo, não teremos filhos indiferentes que isolam os pais em asilos para se livrarem de suas responsabilidades, nem crianças nas ruas por falta de escola ou abrigo que as eduque, nem pessoas que não possuam o mínimo para sobreviver, quando outros poucos guardam com tanta avareza aquilo que poderia acabar com a fome de milhares de pessoas. Desejar ter primeiro para depois doar, ganhar para ajudar, conquistar para servir, é exercitar o egoísmo com a desculpa de matá-lo depois. Como seria possível ao egoísta lutar contra o egoísmo se ele não consegue livrar-se dele até para fazer o pouco Bem que se propõe realizar? Por este motivo, perante a Justiça do Universo, o problema maior não é o das creches, dos restaurantes populares, dos abrigos para idosos, é o da ausência da fraternidade produzida pelo egoísmo de cada pessoa”.
Para o Espírito Públio“ a caridade real é aquela que envolve a entrega pessoal, seja através de coisas, bens, recursos, sentimentos, atos, pensamentos, palavras. Em sua fundação, portanto, não está o desapossamento material indispensável, mas o desapossamento pessoal, através do qual o ser humano se desapega não apenas do que pensa lhe pertencer materialmente, mas, sim, daquilo que efetivamente, lhe pertence como atributo do Espírito. Através da prática da beneficência, naturalmente que livre de todo o interesse pessoal, por menor que seja, o Homem se reconhece divino por excelência e passa a se alimentar das fontes nutritivas superiores, reajustando o campo íntimo e reequilibrando os desajustes biomagnéticos e perispirituais, o que significa tornar-se antes, o primeiro médico de si próprio, no afã de preocupar-se em curar os que sofrem mais do que ele mesmo. (Relembrando a Verdade-Espírito Públio e André L. Ruiz, médium)


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