Jesus, Judas e a Páscoa
Temos que comer peixe na sexta-feira
santa?
Por que ainda “malham” Judas?
Com certeza, o
peixe faz bem para a saúde e temos de comê-lo semanalmente. Tendo em vista que na sexta-feira, dita santa,
os preços do peixe sobem para as nuvens, opinamos que este é o dia menos
indicado para comê-lo.
Muitas
pessoas, cegamente, dizem que são obrigadas a comer peixe na sexta-feira da
paixão, pois, seria pecado comer outras carnes neste dia. Pecado por quê? O que
têm os alimentos de origem animal a ver com a crucificação do Cristo? Bilhões
de pessoas não cristãs não observam esta regra. Será que elas não vão para o
Céu, mesmo que nunca tenham ouvido falar em Jesus?
De onde
tiraram isso? Foi Jesus que ensinou a
comer somente peixe no dia que “lembram” a sua crucificação? É lógico que
não. Ele jamais ensinou absurdos.
Então,
perguntamos: O que o Espírito Superior, chamado Jesus, tem a ver com peixe ou
qualquer sacrifício físico neste dia ou em qualquer outro do ano? Nada!
Com certeza, algumas
pessoas que, em certo momento obscuro da história, impuseram aos dominados,
séculos atrás, este dogma, que virou hábito e que os comerciantes de peixes em
geral estão a se beneficiar. Até hoje, muitos nada questionam a respeito. Por
quê? Comodismo? Ignorância?
Muito
interessante saber que Jesus, quando encarnado aqui na Terra, bem como seus
seguidores, não cumpria com nenhum ritual determinado pela religião
judaica. Não jejuava, não lavava as mãos
antes das refeições, pois, isto constituía-se num ritual, sendo severamente
criticado pelos fariseus e perseguido também por isto.
Quando os
judeus maldosos criticavam os discípulos de Jesus por não lavarem as mãos ou
por comer o que era proibido na Bíblia, Ele ensinava:
- O mal é o que sai da boca do homem e não o que entra na boca
do homem.
No que
concerne aos sábados, também. Ele era criticado porque curava pessoas neste dia
da semana. Então, Ele respondia:
- O
sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado.
Por que Jesus
não se preocupava com isso?
Simplesmente
porque não havia e não há necessidade desses rituais ou posturas. São criações
de pessoas que ainda não haviam entendido o ensino Dele que, certa vez, quando
conversando com uma mulher samaritana, afirmou-lhe que Deus é Espírito e que viria o dia em que
adoraríamos a Deus em Espírito e Verdade, conforme vê-se em João 4:4:
- Senhor, vejo que és profeta. Dize-me, então: nossos pais adoraram
neste monte e vós outros dizeis que em Jerusalém é o lugar onde se deve adorar.
- ...Mulher, crede-me. Virá a hora em que não será nem neste monte,
nem em Jerusalém que adorareis o Pai. Deus é Espírito e em espírito e verdade é
que o devem adorar os que o adoram.
Jesus é um Espírito Puro, ou seja, já evoluiu tudo o que poderiam
evoluir os seres criados por Deus, progredindo por bilhões de anos nos bilhões
de planetas e de galáxias pelo Universo afora. Só para dar uma ideia pálida da
sua idade, há 4 bilhões e 500 milhões de anos, quando a Terra foi criada a
partir de uma nebulosa, o Senhor Jesus aqui estava, juntamente com seus
assessores, combinando os átomos e substâncias da nebulosa para formar os oceanos,
os continentes, a composição do ar, da água e outros milhões de itens que
compõem a complexidade da Terra, até chegar nos primeiros seres vivos, que
evoluiriam, mais tarde, para os seres humanos, tais quais somos hoje.
Vejam que Ele já era Espírito Puro há 4,5 bilhões de anos. Já
havia progredido tudo o que os filhos de Deus podem progredir bilhões de anos
antes de ser convocado pelo Ser Supremo para organizar e administrar o nosso
planeta.
Assim somos todos nós, os Espíritos criados por Deus, desde o início,
simples e ignorantes, evoluindo material e espiritualmente, até atingirmos o
ápice que é a condição de Espírito Puro.
Estamos na Páscoa,
aquela antiga comemoração dos judeus de lembrarem a libertação do cativeiro
egípcio, pois, eles foram escravos daquele povo por um longo tempo.
Atualmente, os
religiosos e demais pessoas “comemoram” o massacre de Jesus. Ficam falando e
encenando o Cristo arrastando a cruz, sangrando e sofrendo, pregado na cruz,
mostrando o “coitadinho” sofrendo, com pregos grandes atravessando seus pés e
suas mãos, os litros de sangue derramados... Em 2012, em Porto Alegre, tal
representação atingiu o clímax do absurdo: o ator que foi
"crucificado" morreu enforcado e ninguém percebeu. Tudo é demasiado tétrico. Todo o ano massacram o Cristo. Sempre
a mesma coisa. Só mostram o “Senhor morto”. E culpam a todos o tempo todo.
Ninguém mostra
quem realmente Jesus é. Nada falam ou sabem falar sobre o Ser magnífico que,
por mais de três anos, mostrou o verdadeiro sentido da vida a milhares de
pessoas, ajudando-as a superarem inúmeros problemas pessoais, curando
principalmente seus Espíritos, pois, curar o corpo para Ele era e é muito
fácil.
Jesus curou o
corpo de centenas de pessoas, principalmente para mostrar que Ele era um Ser
Superior e que estava a serviço de Deus, pois, naquele tempo os povos não
tinham ainda maturidade intelectual e espiritual para compreenderem a mensagem
divina. Contudo, Seu objetivo era curar a alma, que é a mesma coisa que Espírito,
e o Seu Evangelho, a Sua Mensagem veio para curar os nossos Espíritos, abrir os
nossos olhos para a realidade espiritual.
O Evangelho é
toda uma demonstração de amor por todos nós, com Jesus mostrando o caminho da verdadeira
felicidade.
Está na hora
de acordarmos. Jesus não veio à Terra para tirar os pecados das pessoas e levar consigo, ou sentiu medo, como erroneamente pensam muitos, ou estava só. Ele
estava e esteve muito bem acompanhado por seus assessores da Comunidade
Espiritual mais elevada. Porém, seu sustento vinha, principalmente, do próprio
Pai Maior. Está na hora de cair a ficha. Ele é um Ser Superior. Seu Espírito
puro, mesmo encarnado, não poderia ter sentimentos de seres atrasados como nós.
Um ser Elevado, como Ele, domina todas as situações, domina todos os seres de qualquer
nível, de qualquer lugar no Universo. Jamais vai sentir medo em qualquer
situação, até mesmo quando sabe que vai ser trucidado. Ele passou por tudo aquilo sabendo
antecipadamente o que os homens ignorantes daquela época fariam. Ele deixou-se
imolar para dar o exemplo de como se enfrenta as dificuldades. Jesus teve
aquela missão terrível aos nossos olhos, porém, sabia e estava preparado para
cumpri-la. Erroneamente, as pessoas se culparam e se culpam até hoje por tudo o
que aconteceu. E ficam remoendo até hoje. Só que Ele logo a seguir materializou-se,
ficando por aqui cerca de quarenta dias nesta condição. Demonstrou que não
estava magoado com ninguém ao aparecer para seus seguidores. Orientou a todos
durante este tempo, sem jamais ter se queixado do que o corpo físico havia sido
submetido. Por que? Como já dissemos, Jesus é um Espírito Superior, não é um
Espírito qualquer. Os Espíritos Elevados não sofrem como nós sofremos, não se
sentem abandonados como nos sentimos, não têm a consciência pesada como temos,
não são atingidos por maldades e ódios como somos, não tendo, portanto,
sentimentos de mágoa ou de vingança. Não podemos nos comparar com Ele, um
Espírito Puro, dizendo, como dizem por aí, que Ele sofria como sofremos, que
tinha tentações como temos, além de ter sido tentado por Satanás. Que absurdo!
A Doutrina Espírita tem informações atualizadas sobre os Espíritos de todos os
níveis. Estas informações estão ao alcance de todos. Basta que consultemos as
obras básicas de Allan Kardec e dos demais autores Espíritas idôneos,
encarnados ou desencarnados.
E, os
Espíritas têm todas as informações para não pensarem simploriamente como até
hoje outras orientações religiosas ainda sustentam. É o Consolador prometido
pelo próprio Jesus, pois, esta é a hora necessária, em que a Humanidade
terrestre se encontra mais carente, mais perdida.
Já estamos na
Era do Espírito. Há 156 anos (1857), com a publicação de “O Livro dos
Espíritos”, por Allan Kardec, maiores e mais profundos esclarecimentos foram transmitidos
para os habitantes deste planeta, graças à bondade de Deus, que é o Amor
Absoluto e, portanto, ama a todas as suas criaturas.
Então, graças
ao amor do Ser Supremo, que nos criou para sermos melhores em todos os
sentidos, crescendo intelectual e espiritualmente, para podermos compreender as
maravilhas que nos cercam, além de podermos interagir com tudo, e colaborarmos
com o Pai Supremo em suas obras, hoje, já temos uma visão melhor do que seja
Deus e de quem seja Jesus.
Todos
evoluímos. Não podemos ficar parados
no tempo, como ocorre ainda com milhões de pessoas aqui na Terra, sempre
batendo na mesma tecla, sempre vendo Jesus como apenas um “crucificado sangrento”,
sofrendo, como se Ele se importasse com o massacre que sofreu. Ele é um
Espírito Superior. Aqueles momentos ficaram para trás. Em pouquíssimos
segundos, o Meigo Nazareno já estava em seu Paraíso Celestial.
Até hoje,
séculos e séculos passados, as pessoas amaldiçoam Judas, o discípulo
equivocado, que tinha uma visão política diferente sobre Jesus e sobre sua
missão.
As religiões
em geral nada sabem sobre Judas, como
nada sabem sobre ninguém que andou por aqui e partiu para o Além. Só sabem
dizer que alguém é “santinho”, cobrando caro por isto, ou que alguém deve
“arder” no fogo eterno, como fizeram e fazem com Judas e tantos outros.
E o perdão
ensinado por Jesus?
Conta o Espírito Amélia
Rodrigues, no livro Trigo de Deus, psicografia de Divaldo Franco, que, “antes
de aparecer às mulheres que foram ao túmulo vazio, Jesus descera às regiões
penosas do mundo inferior ao qual se arrojara Judas invigilante. Debatendo-se
na constrição psíquica do laço que o enforcara e sob a truanesca zombaria
daqueles Espíritos que o estimularam à tragédia, tornara-se o símbolo da suprema
desdita. No aturdimento ímpar, sem poder ver o Amigo Divino, sentiu,
momentaneamente, atenuarem-se-lhe as dores e a loucura, e ouviu-Lhe a voz
dúlcida nos refolhos do ser:
“- Judas, sou Eu.
Confia e espera! Ainda há
tempo. Nenhuma das minhas ovelhas se perderá.
Perdoa-te o ultraje, a fim
de que te possas libertar da culpa e recuperar-te.
Acende a candeia da
esperança e a sombra cederá.
Recorda o amor, de modo que
a paz se te aninhe no coração.
Nunca te deixarei, nem te
condenarei.
Hoje começa época nova e
amanhã é o dia da vitória.
Repousa um pouco, pois os milênios
te aguardam e eu também estarei esperando por ti”.
Suavizado o sofrimento pelo
conforto da Presença, Judas adormeceu por um pouco, adquirindo forças para as
futuras expiações redentoras.
Estava
reservado ao Espiritismo, como a Terceira Revelação, nestes tempos,
esclarecer-nos sobre todos os fatos do passado, bem como sobre tudo o que diz
respeito à Espiritualidade, explicando-nos de onde viemos, o que somos, para
onde vamos, além dos inúmeros “porquês” do sofrimento humano.
Há
alguns anos, em uma visita que fazia à Jerusalém, o Espírito Humberto de Campos
encontrou-se com o Espírito Judas, que estava em profunda meditação. O Espírito
Humberto, então, avisado por um amigo que aquela criatura se tratava do antigo
discípulo de Jesus, perguntou-lhe se era verdade tudo o que constava no Novo
Testamento a respeito da sua personalidade, no tocante à condenação do Cristo,
e o Espírito Judas explica: “Em parte... Os escribas que redigiram os
Evangelhos não atenderam às circunstâncias
e às tricas políticas que, acima dos meus atos, predominaram na nefanda
crucificação. Pôncio Pilatos e o tetrarca da Galiléia, além dos seus interesses
individuais na questão, tinham ainda a seu cargo salvaguardar os interesses do
Estado romano, empenhado em satisfazer às aspirações religiosas dos
anciãos judeus. Sempre a mesma história.
O Sinedrim desejava o reino do Céu,
pelejando por Jeová a ferro e fogo; Roma queria o reino da Terra. Jesus estava
entre essas forças antagônicas com a sua
pureza imaculada. Ora, eu era um dos apaixonados pelas ideias socialistas do
Mestre; porém, o meu excessivo zelo pela doutrina me fez sacrificar o seu
fundador. Acima dos corações, eu via a política, única arma com a qual poderia
triunfar e Jesus não obteria nenhuma vitória com o desprendimento das riquezas.
Com as suas teorias nunca poderia conquistar as rédeas do poder, já que, em seu
manto de pobre, se sentia possuído de um santo horror à propriedade. Planejei,
então, uma revolta surda, como se projeta hoje em dia na Terra a queda de um
chefe de Estado. O Mestre passaria a um plano secundário e eu arranjaria
colaboradores para uma obra vasta e enérgica, como a que fez mais tarde
Constantino Primeiro, o Grande, depois de vencer Maxêncio às portas de Roma, o
que, aliás, apenas serviu para desvirtuar o Cristianismo. Entregando, pois, o
Mestre a Caifás, não julguei que as coisas atingissem um fim tão lamentável e,
ralado de remorsos, presumi que o suicídio era a única maneira de me redimir
aos Seus olhos. Depois de minha morte trágica, submergi-me em séculos de
sofrimento expiatório da minha falta. Sofri horrores nas perseguições
infligidas em Roma aos adeptos da doutrina de Jesus e as minhas provas
culminaram em uma fogueira inquisitorial, onde, imitando o Mestre, fui traído,
vendido e usurpado. Vítima da felonia e da traição, deixei na Terra os
derradeiros resquícios do meu crime, na Europa do século XV. Desde esse dia em
que me entreguei por amor do Cristo a todos os tormentos e infâmias que me aviltavam, com resignação e piedade
pelos meus verdugos, fechei o ciclo das
minhas dolorosas reencarnações na Terra, sentindo na fronte o ósculo de perdão
da minha própria consciência... E agora, irmanado com Ele, que se acha no seu
luminoso Reino das Alturas, que ainda não é deste mundo, sinto nestas estradas
o sinal dos seus passos divinos. Vejo-o ainda na cruz, entregando a Deus o seu
destino... Sinto a clamorosa injustiça dos companheiros que o abandonaram
inteiramente e me vem uma recordação carinhosa das poucas mulheres que o
ampararam no doloroso transe. Em todas as homenagens a Ele prestadas, eu sou
sempre a figura repugnante do traidor. Olho complacentemente os que me acusam
sem refletir se podem atirar a primeira pedra... Quanto ao Divino Mestre, infinita é a Sua
misericórdia e não só para comigo, porque, se recebi trinta moedas vendendo-o
aos seus algozes, há muitos séculos Ele está
sendo criminosamente vendido no mundo, a grosso e a retalho, por todos
os preços, em todos os padrões do ouro amoedado...”
E o Espírito Humberto de Campos
conclui, dizendo: “e os novos negociadores do Cristo não se enforcam depois de
vendê-lo”. (Crônicas de Além-Túmulo,
psicografia de Chico Xavier)
Sim, depois de
séculos de deturpações, perseguições e massacres, sem entender a vontade de
Deus, claramente gravadas na Sua
mensagem, a partir do século XIX, a Doutrina do Cristo está sendo restaurada.
São os
Espíritos Superiores, com a sua Doutrina Racional que estão tirando o véu de
tudo que estava oculto. Já temos condições de entender e de assimilar a
verdade, para sermos livres.
Com os
esclarecimentos dos Espíritos de Luz, passamos a entender as palavras de Jesus,
quem é Ele e o porquê do Seu Evangelho.
Todo o
massacre do Cristo, no final, fica como algo menor, perto do Amor demonstrado
por Ele para com todos, dando o exemplo de humildade, sem julgar ninguém,
apenas orientando e amparando a Humanidade sofredora.
É isto o que
realmente importa na vinda do Messias, ou seja, a Sua postura elevada,
mostrando o caminho, trazendo notícias de que Deus é o nosso Amor de sempre,
que quer somente o nosso bem.
Para tanto, é
necessário que abramos as nossas mentes, que “tenhamos olhos de ver”, como Ele dizia.
Jesus resumiu
tudo no “amai-vos uns aos outros”. Não criou nenhuma religião, cheias de dogmas, rituais e
bobagens, como vemos por aí, e, que não seguiram e não seguem os seus
verdadeiros ensinamentos, como historicamente está demonstrado com perseguições
e massacres de inúmeros povos (Cruzadas e Inquisição).
Ele só pediu
que nos amássemos. Que fizéssemos aos outros tudo o que gostaríamos que nos fosse
feito.
Toda a
parafernália de dogmas, cerimônias, rituais, etc., ficaram por conta dos homens
atrasados, que até hoje não entenderam e não querem entender que somos
Espíritos e que encarnamos e reencarnamos na Terra para progredir.
São cegos conduzindo outros cegos, como Ele explicava.
Ouvindo as
zombarias e ofensas que lhe eram dirigidas, naquela sexta-feira dita santa, no
final, pediu ao Pai de Infinita Bondade:
Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.
Até quando, Senhor?
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