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segunda-feira, 21 de julho de 2014

                                            SOBRE O "PAI NOSSO"

Quando o Espírito de Verdade disse a Allan Kardec que deveríamos amarmo-nos e instruirmo-nos, constante do Cap. VI de "O Evangelho Segundo o Espiritismo" (Paris, 1860), Ele advertia-nos da necessidade imperiosa de assim agirmos para a nossa transformação, de criaturas ignorantes das verdades eternas, para seres iluminados e conhecedores da Verdade que liberta, tomando posse do nosso quinhão divino e transformando o mundo num verdadeiro paraíso, onde reine a paz e a concórdia.
Todos os que já aceitamos o Espiritismo como a Terceira Revelação, com todo o seu conteúdo consolador e descortinador do Mundo Espiritual, informando-nos a nossa condição de Espíritos em evolução em direção ao Criador, revelando assim as Leis que regem o Universo, sendo, portanto, o Cristianismo Redivivo, trazido na sua simplicidade tal qual Jesus o legou à Humanidade, não podemos prescindir de mergulharmos nestes conhecimentos, com seriedade e como prioridade, a fim de que os assimilemos e os apliquemos em nossas vidas, espalhando-os a todos que estiverem em nosso caminho.
Assim, observamos que, por falta de dedicação ao conhecimento da Doutrina Espírita, são cometidos muitos equívocos por não tê-la estudado devidamente, ficando muitos somente na superficialidade, quase nada contribuindo para a sua efetiva divulgação e consequente transformação do planeta em que vivemos. Infelizmente, grande parte das pessoas que se dizem Espíritas não têm feito um aprofundamento maior da Doutrina, ocasionando a disseminação de crendices e deturpações que não fazem parte dos seus postulados. Vários autores espirituais e encarnados têm nos admoestado a cerca desta problemática. Todavia, como a leitura é pouca e o estudo quase nenhum, muitos seguem ignorando os conteúdos Espíritas que foram trazidos pelos Espíritos Superiores para que possamos inaugurar na Terra a Nova Era ou a fase da Regeneração.
Uma destas deturpações, por exemplo, embora pareça sem importância, é a "Oração Dominical" ou "Pai Nosso", ensinado por Jesus aos discípulos, numa sequência de ensinamentos relativos ao contato diário com o Criador, fonte absoluta de todas as coisas no Universo. Tenho visto pessoas e representantes de Entidades Espíritas nas chamadas Redes Sociais, como nas próprias Casas Espíritas, divulgarem um "Pai Nosso" adulterado por religiosos do passado e mantidos até hoje, num claro objetivo de desvirtuar o real sentido das palavras do Cristo. Por certo alguns dirão que estamos exagerando. Contudo, juntando isto com outras tantas deturpações, como livros orientais e livros de conteúdos totalmente fora da Codificação, tanto de autores encarnados como de desencarnados, percebemos tristes infiltrações na Doutrina Espírita que, lamentavelmente, primam por desvios de seus postulados e pelo desrespeito a Allan Kardec, que traçou suas diretrizes junto com a Espiritualidade Superior.
Por cerca de dezoito séculos os ensinos de Jesus foram deturpados, sendo os Evangelhos adulterados e interpolados. Agora, pessoas encarnadas e desencarnadas procuram fazer o mesmo com a Doutrina Espírita. Como disse, muitos Espíritas corajosos, cientes das nossas responsabilidades de divulgar uma doutrina consoladora e esclarecedora, vinda de Mais Alto, estão chamando a nossa atenção para trabalharmos pela sua pureza. Mas, se entendermos que tudo isso é bobagem, que já sabemos o suficiente, que está tudo bem assim, que não venhamos a lamentar quando a "casa cair". Sim, várias Casas Espíritas têm ido a baixo por não estudarem com seriedade as obras de Allan Kardec. Muitas só se preocupam em estudar livros complementares e até livros que nada tem a ver com os postulados básicos, traçados pelo Codificador. E os "cupins" continuam a corroer a estrutura. Lembram da advertência do Cristo, quando falou da casa construída sobre a areia? Ela é bem clara. Até hoje muitos preferem as ilusões e não querem conhecer a Verdade. E por isso sofrem. Os corpos que morrem, as coisas da Terra em geral que são destruídas ou levadas pelos ladrões, tudo isso causa sofrimento aos que não querem espiritualizar-se.
Não contentes em transformar as Casas Espíritas em igrejas, focadas em somente um dos três aspectos que a configuram, certos dirigentes portam-se como beatos, ou, então, adotam uniformes brancos, como se os trabalhadores Espíritas fossem atendentes hospitalares, além de fazerem uso de macas para tratamento de saúde, transformando os Centros Espíritas em espécies de Postos de Saúde, destoando de sua finalidade que é INSTRUIR E AMAR.
Isto apenas para citar algo que há muito tempo temos observado nos Centros Espíritas pelo país a fora. Em algumas destas Casas, filiadas à Federação Espírita, aqui no Rio Grande do Sul, em que ousamos lembrar o que realmente é o Espiritismo, tivemos como prêmio o desligamento sumário da lista de palestrantes.
Não podemos permitir, como ocorre em larga escala, uma certa condescendência para com as pequenas deturpações. Como diz o Dr. Ary Lex, essa condescendência é rotulada como tolerância cristã. Porém, as deturpações são como os cupins: vão corroendo sorrateiramente. Quando se dá pela coisa, a madeira já está podre. Assim agem as deturpações.
Tudo bem que católicos e evangélicos nada percebam das interpolações dos Evangelhos e do Pai Nosso. Isso é problema deles lá. Mas nós, Espíritas, aqui, que professamos uma religião com fé raciocinada, não podemos nos deixar ludibriar, aceitando tudo que colocam no papel, menosprezando a nossa inteligência.
Se já sabemos e estamos conscientes de que o Espiritismo é o Cristianismo Redivivo, com toda a sua pureza e simplicidade transmitida por Jesus, compete-nos seguir-lhe os passos, sem deturpar-lhe a obra. Por isso, não podemos deixar de meditar e buscar o que o Espírito de Verdade nos pede: INSTRUIRMO-NOS. E o Espiritismo é uma doutrina que tem de ser estudada, sob pena de nada entendermos e sermos pedra de tropeço, causando danos à obra.
Então, vejamos as diferenças entre a oração que Jesus ensinou das adulterações feitas pelos tais religiosos da igreja dominante, para, entre outras coisas, afastar das pessoas as ideias reencarnacionistas, mantendo-as na ignorância.
Conta-nos o Espírito Humberto de Campos, no livro Boa Nova, psicografado por Chico Xavier que, após ter explicado a Pedro e aos demais discípulos várias questões relativas à comunhão com Deus, e a pedido de um dos filhos de Alfeu (Tiago e Levi), "Jesus, elevando o seu Espírito magnânimo ao Pai Celestial e colocando o seu amor acima de todas as coisas, exclamou:
- "Pai Nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome." E, ponderando que a redenção da criatura nunca poderá efetuar sem a misericórdia do Criador, considerada a imensa bagagem das imperfeições humanas, continuou: - "Venha a nós o teu reino." Dando a entender que a vontade de Deus, amorosa e justa, deve cumprir-se em todas as circunstâncias, acrescentou: - "Seja feita a tua vontade, assim na Terra como nos céus." Esclarecendo que todas as possibilidades de saúde, trabalho e experiência chegam invariavelmente, para os homens, da fonte sagrada da proteção divina, prosseguiu: - "O pão nosso de cada dia dá-nos hoje." Mostrando que as criaturas estão sempre sob a ação da lei de compensações e que cada um precisa desvencilhar-se das penosas algemas do passado obscuro pela exemplificação sublime do amor, acentuou: - "Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores." Conhecedor, porém, das fragilidades humanas, para estabelecer o princípio da luta eterna dos cristãos contra o mal, terminou a sua oração, dizendo com infinita simplicidade: - "Não nos deixes cair em tentação e livra-nos de todo mal, porque teus são o reino, o poder e a glória para sempre. Assim seja."
Levi, o mais intelectual dos discípulos, tomou nota das sagradas palavras, para que a prece do Senhor fosse guardada em seus corações humildes e simples. A rogativa de Jesus continha, em síntese, todo o programa de esforço e edificação do Cristianismo nascente. Desde aquele dia memorável, a oração singela de Jesus se espalhou como um perfume dos céus pelo mundo inteiro." 
Luiz Alberto

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