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segunda-feira, 7 de março de 2011

Fora da Caridade Não Há Salvação

Fora da Caridade Não Há SalvaçãoCap. XV E.S.E.
Há dois mil anos, o Mestre Incomparável advertiu a Humanidade:
“Quando o filho do homem vier... então, colocará as ovelhas à sua direita e os bodes à sua esquerda... Então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: vinde, benditos de meu Pai... Porquanto, tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; careci de teto e me hospedastes; estive nu e me vestistes; achei-me doente e me visitastes; estive preso e fostes me ver. (Mateus, 25:31 a 46) Veja o texto completo no Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XV.
Então, um doutor da Lei, perguntou-lhe: - Mestre, que é preciso para possuir a vida eterna?
Jesus: - Que é que está escrito na Lei? 
O doutor da Lei respondeu: - Amarás o Senhor teu Deus... e o teu próximo  como a ti mesmo”.
Jesus:  - Respondeste muito bem; faze isso e viverás”.
E o doutor pergunta-lhe:  - “Quem é o meu próximo?”
Jesus:  - “Um homem que descia de Jerusalém para Jericó, caiu em poder de ladrões... um sacerdote o viu e passou adiante. Um levita, tendo o observado, também foi adiante. Mas, um samaritano, vendo-o, tocou-se de compaixão, aproximou-se, tratou-o, colocou-o em seu cavalo e o levou para uma hospedaria e pediu ao dono que o cuidasse, dando-lhe dinheiro e, que, na volta cobriria as demais despesas...”
Qual desses três te parece ter sido o próximo daquele que fora assaltado?
Doutor da Lei:  - Aquele que usou de misericórdia para com ele.
Jesus:  - Então, vai e faze o mesmo.
(Lucas, 10:25 a 37) Veja o texto completo no Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec.
Tende cuidado para que alguém não vos seduza; - porque muitos virão em meu nome, dizendo: "Eu sou o Cristo", e seduzirão a muitos.
Levantar-se-ão muitos falsos profetas que seduzirão a muitas pessoas; - e porque abundará a iniquidade, a caridade de muitos esfriará. - Mas aquele que perseverar até o fim se salvará.
Então, se alguém vos disser: O Cristo está aqui, ou está ali, não acrediteis absolutamente; - porquanto falsos Cristos e falsos profetas se levantarão que farão grandes prodígios e coisas de espantar, ao ponto de seduzirem, se fosse possível, os próprios escolhidos. (MATEUS, cap. XXIV, vv. 4, 5, 11 a 13, 23, e 24; MARCOS, cap. XIII, vv. 5, 6, 21 e 22.)

Na questão 886, do Livro dos Espíritos, Allan Kardec indaga dos Espíritos Superiores, qual seria o verdadeiro sentido da palavra “caridade”, como a entendia Jesus.  E eles responderam que seria “benevolência para com todos, indulgência para com as imperfeições  alheias, perdão das ofensas”.
E o próprio Kardec complementa: “A caridade, segundo Jesus, não está restrita à esmola. Ela abrange todas as relações que temos com nossos semelhantes, quer sejam nossos inferiores, nossos iguais ou nossos superiores. Ela nos ordena a indulgência porque nós mesmos temos necessidade dela. Proíbe-nos humilhar o infortúnio, contrariamente ao que se pratica muito frequentemente. Se uma pessoa rica se apresenta, tem-se por ela mil atenções, mil amabilidades; se é pobre, parece não haver mais necessidade de se incomodar com ela. Quanto mais sua posição seja lastimável, mais se deve respeitar antes de aumentar seu sofrimento pela humilhação. O homem verdadeiramente bom procura realçar o inferior aos seus próprios olhos, diminuindo a distância entre ambos”.
Na questão 888, do Livro dos Espíritos, Kardec aborda a questão da “esmola” e, o Espírito Vicente de Paulo, diz-lhe: A esmola degrada física e moralmente o homem, o embrutece. O homem de Bem, que compreende a caridade segundo Jesus, vai ao encontro do desgraçado sem esperar que ele venha...”
Provérbios Chineses
Mesmo que tenhas dez mil  plantações, só podes comer uma tigela de arroz por dia.
Ainda que a tua casa tenha mil quartos, nem de 2m² precisas para passar a noite.
Quem abre o coração à ambição, fecha-o à tranquilidade.
Albert Schweitzer: “Aquele a quem o sofrimento pessoal é poupado, deve sentir-se chamado a diminuir o sofrimento dos outros”.


Banco da Providência
Muitas pessoas guardam dinheiro para o futuro, sendo que o dinheiro acumulado jamais será usado. Ao partir  daqui, deixa para seus herdeiros que, muitas vezes, travam batalhas terríveis pela posse dos seus pertences. E o que partiu assiste, do outro lado, muitas vezes desapontado, o interesse material de seus parentes encarnados, que ele próprio colaborou na formação e na orientação, tendo vivido somente para acumular, para ter... Esquecem-se muitos que, todos os bens, frutos do trabalho ou de herança, não nos pertencem. Apenas somos seus usufrutuários, administradores temporários, devendo deixá-los aqui quando regressarmos ao Mundo Espiritual.
Sugere-nos, então, Simonetti,  no livro Abaixo a Depressão, que invistamos no Banco da Providência, pois, os investimentos nos bancos do mundo não rendem valores espirituais, mas, no Banco Divino, rendem dividendos para a Vida Eterna, habilitando-nos, ao retornarmos para lá, a estada em hotel cinco estrelas. 
Para tanto, deveremos investir em obras voltadas para o Bem, como a construção e manutenção de Centros Espíritas, programas Espíritas em rádio e tv, além de instituições transparentes, como creches, orfanatos, albergues e asilos, tanto em espécie, contribuindo mensalmente, quanto em serviço, tornando-nos voluntários.
Assim fazendo, não ficaremos ao relento no Mundo Espiritual.
Ser bonzinho é fácil, difícil é ser justo
No livro Rindo e Refletindo com Chico Xavier,  volume 2, Richard Simonetti  mostra-nos o pensamento do grande médium quanto à justiça e à bondade: - Ser bonzinho é fácil, difíciL é ser justo.
E dá-nos maiores  explicações, a partir do seguinte fato:  Uma mulher pobre, com um filho nos braços e outro grudado na saia, bate à porta. Compadecemo-nos e lhe  damos uns trocados. Ela se acostuma. Periodicamente vem solicitar-nos socorro.  Damos-lhe algo, bondosamente.  Bondade capenga... Que vá embora logo... Que não nos incomode... Estaremos exercitando a Justiça?   Não.
Justo seria conversar com ela, definir suas carências, anotar seu endereço, visitá-la...
E se for viciada em viver de favores?  Estaremos alimentando sua indolência.
Se for realmente necessitada, poderemos encaminhá-la para alguma instituição, orientá-la.
Segundo Jesus, fazer justiça e exercitar a verdadeira beneficência, é o empenho de nos colocarmos no lugar do outro, sentindo suas limitações e necessidades, dando-lhe apoio efetivo, além da simples esmola.
Estaremos exercitando a Justiça sem bondade, quando defendemos:
- Bandido tem que apodrecer na cadeia! - Pena de morte! - Polícia tem que atirar para matar!
- Se um facínora desses agir assim com filho meu, acabo com ele!
Esta é a justiça de Moisés.  Cheira a vingança e foi superada por Jesus:
“Se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos Céus”.
A grande maioria dos criminosos é de extrema carência cultural e espiritual, levando-os a apelar para a delinquência a fim de resolver seus problemas... e funestas consequências.

Por falta de bondade temperada de justiça, com aquela mãe que batia à nossa porta, seus filhos, por falta de orientação e amparo, poderão converter-se nos criminosos que nos agredirão, causando-nos indignação...
E, Simonetti conclui que falhamos duas vezes:
- Ontem:  fomos bonzinhos com a pobre mãe, esquecendo a justiça.
- Hoje: queremos os rigores da justiça para seus filhos, esquecendo a bondade.
A Maior  Dádiva
Na assembleia luzida do Templo de Jerusalém, os descendentes do povo escolhido exibiam generosidade invulgar à frente da preciosa arca de contribuições públicas. Todos traziam algum tributo de consideração ao Santo dos Santos, cada qual mostrando a liberalidade da fé. Vestes de linho e valiosas peles, enfeites dourados e aromas indefiníveis impunham, ali, deliciosas impressões aos sentidos. Os fariseus, sobretudo, demonstravam apurado zelo no culto externo, destacando-se pela beleza das túnicas e pelos ricos presentes ao santuário.  Jesus e alguns discípulos, de passagem,  acompanhavam as manifestações populares, com justificado interesse.  E Judas, entre eles, empolgado pelo volume das oferendas, abeirava-se do cofre aberto, seguindo os menores movimentos dos doadores, com a cobiça flamejante no olhar.  A certa altura, aproximou-se do Messias e informou-o:
- Mestre: Jeroboão, o negociante de tapetes, entregou vinte peças de ouro!
- Abençoado seja Jeroboão – acentuou Jesus, sereno – porque conseguiu renunciar a excesso apreciável, evitando talvez pesados desgostos. O dinheiro demasiado, quando não se escora no serviço aos semelhantes, é perigoso tirano da alma.
O discípulo voltou ao posto de observação, com indisfarçável desapontamento, mas, decorridos alguns instantes, reapareceu, notificando:
- Zacarias, o velho perfumista, sentindo-se enfermo e no fim dos seus dias, trouxe cem peças!...
- Bem-aventurado seja ele – disse o Cristo, em tom significativo – mais vale confiar a fortuna aos movimentos da fé que legá-la a parentes ambiciosos e ingratos... Zacarias prestou incalculável benefício a ele mesmo.
Judas tornou, de moto próprio, à fiscalização para comunicar, logo após, ao grupo Galileu:
- A viúva de Cam, o mercador de cavalos, que faleceu recentemente, acaba de entregar todo o dinheiro que recebeu dos romanos pela venda  de grande partida de animais.  E, baixando a voz, completava, cauteloso, o apontamento:  - Dizem por aí que alguns centuriões planejavam roubar-lhe os bens...
Jesus sorriu e considerou:  - Muitos recursos amontoados sem proveito provocam as sugestões do mal. Feliz dela que soube preservar-se contra os malfeitores.
O aprendiz curioso regressou à posição e retornou, loquaz:  - Mestre, Efraim, o levita de Cesareia, entregou duzentas moedas! Duzentas!...
- Bem-aventurado seja Efraim – falou o Amigo Divino, sem afetação – é grande virtude saber dar  o que sobra, em meio de tantos avarentos que se rejubilam à mesa, olvidando os infelizes que não dispõem de uma côdea de pão!...
Nesse instante, penetrou o Templo uma viúva paupérrima, a julgar pela simplicidade com que se apresentava. Diante do sorriso sarcástico de Judas, o Senhor acompanhou-a, de perto, no que foi seguido pelos demais companheiros.
A mulher humilde orou e apresentou duas moedinhas ao fausto religioso do santuário célebre. Muitos circunstantes riram-se, irônicos, mas Jesus apressou-se a esclarecer:
- Em verdade, esta pobre viúva deu mais que todos os poderosos aqui reunidos, porquanto não vacilou em confiar ao Templo quanto possuía para o sustento próprio.
A observação caridosa e bela congelou a crítica reinante.  Pouco a pouco, o recinto enorme tornou à calma. Israelitas nobres e sem nome abandonaram, rumorosamente, o domicílio da fé.
Jesus e os apóstolos foram os derradeiros na retirada. Quando se dispunham a deixar a enorme sala vazia, eis que uma escrava de rosto avelhentado e passos vacilantes surgiu no limiar para atender à limpeza. Movimenta-se em  minutos rápidos. Aqui, recolhe flores esmagadas, além, absorve em panos úmidos os detritos deixados por enfermos descuidados. Tem um sorriso nos lábios e a paciência no olhar, brunindo o piso em silêncio,  para que o ar se purificasse na sublime residência da Lei.
Pedro, agora a sós com o Messias, ainda impressionado com as lições recebidas, ousou interrogar:
- Senhor, foi então a viúva pobre a maior doadora no Templo de nosso Pai?
- Realmente – elucidou Jesus, em tom fraterno – a viúva deu muitíssimo, porque, enquanto os grandes senhores aqui testemunharam a própria vaidade, com inteligência, desfazendo-se de bens que só lhes constituíam embaraço à tranquilidade futura, ela entregou ao Todo-poderoso aquilo que significava alimento para o próprio corpo...
Em seguida a leve pausa, apontou com o indicador a serva anônima que se incumbia da limpeza sacrificial e concluiu:
- A maior benfeitora para Deus, aqui, no entanto, ainda não é a viúva humilde que se desfez do pão de um momento... É aquela mulher dobrada de trabalho, frágil e macilenta, que está fornecendo à grandeza do Templo o seu próprio suor. (Pontos e Contos, pelo Espírito Humberto de Campos, psicografia de Chico Xavier)

É Teu Irmão
O casal, com uma filhinha, residia num sítio no interior de São Paulo. Certo dia, enquanto o marido trabalhava na lavoura de café, a mulher, que buscava plantas medicinais na beira do rio, escorregou com a criança no colo, desaparecendo nas águas. O homem, desesperado, tentou o suicídio, mas foi socorrido a tempo e sobreviveu. Não voltou mais para o sítio, saindo como andarilho, experimentando estranhas convulsões, não permanecendo nos empregos...
Um dia o ex-sitiante esteve no Albergue Noturno do Centro Espírita Amor e Caridade, em Bauru. O funcionário encarregado de orientar e confortar os albergados notou que o homem apresentava uma aparência muito estranha, e foi conversar com ele:  - Sou um desgraçado... minha existência está perdida... Não quero continuar no mundo... Então, o atendente Espírita falou-lhe que era um erro pensar assim e mostrou-lhe magnífico desenho mediúnico de Jesus, que há no refeitório, pedindo-lhe para confiar no Mestre Supremo. E o homem, possuído de novo ânimo, disse: - O senhor tem razão... É um pecado desesperar-se assim, quando Jesus, que tanto sofreu, nunca perdeu a coragem. É que somos fracos... Muito obrigado por suas palavras. Deus o abençoe pelo conforto que me proporcionou. Jesus há de ajudar-me a encontrar um caminho...

E Richard Simonetti comenta:  Naturalmente fazia parte do quadro de suas provações a perda da esposa e da filha... Mas, faltando-lhe no momento crucial a confiança plena nos desígnios divinos, perdeu o controle de si mesmo e tentou o suicídio. Deus não nos sujeita a sofrimentos superiores às nossas forças. Estejamos certos que programamos  atribulações que chegarão no tempo certo, por motivo de resgate e de progresso. Então, testemunharemos nossa confiança no Pai Celeste, a certeza da imortalidade e a convicção nos postulados da 3ª Revelação.

E, aquele homem, onde estará agora?
Bem, no dia seguinte deixou o Albergue e talvez fosse o visitante humilde que nos solicitou uma refeição, quando trancamos a porta, dizendo-lhe não ter sobras...
É possível que fosse a figura solitária e triste que desejava uma informação na via pública, quando apressamos o passo e fingimos ignorá-lo...
Quem sabe fosse o infeliz de pernas trôpegas que caiu pesadamente à nossa frente, quando nos desviamos, sem cogitar socorrê-lo...
Julgando apressadamente, justificávamos a própria omissão, proclamando:
- Ora, é um vagabundo!... É um malandro!... É um alcoólatra!...
E Jesus, em quem ele disse confiar?
Jesus de quem esperava amparo?
Jesus que era a sua esperança?

Jesus era aquela voz que, no íntimo de nosso coração, suplicava:
- Atende-o!  É teu irmão!             (Para Viver a Grande Mensagem-Richard Simonetti)

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