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terça-feira, 29 de janeiro de 2013

                            Meu Reino não é deste mundo
                                         Cap. II, de O Evangelho Segundo o Espiritismo


Jesus foi preso no quinto dia de sua chegada à Jerusalém, por ordem do sumo sacerdote, Caifás, que reuniu o Sinédrio na calada da noite, interrogando-o: 
- Eu te conjuro pelo Deus vivo que nos diga se és o Cristo, o filho de Deus. 
E Jesus respondeu-lhe: - Se eu disser, não acreditareis. Se vos perguntar, não me respondereis. Mas dentro em breve o filho do Homem estará sentado à direita  do poder de Deus. 
E Caifás: - Portanto, tu és o filho de Deus? 
E Jesus: - Vós dizeis bem: eu o sou.
O sumo-sacerdote rasgou o manto, gritando para a plateia: - Blasfemou! Blasfemou! Que necessidade temos de testemunhas? Que vos parece?
Todos gritaram: - É réu de morte.
Na sexta-feira, pela manhã, Caifás leu a sentença em que o Sinédrio o condenava por sacrilégios e práticas satânicas, inimigo da lei mosaica e perturbador da ordem, além dos insultos ao clero hebreu e suas santas tradições.
O judeus pediram audiência a Poncio Pilatos, governador da Judéia. Ardilosamente, mudaram o enfoque religioso para político: Encontramos este homem corrompendo nossa nação, proibindo de pagar tributo a César e dizendo ser ele o Cristo, o rei.
Pilatos: - És tu o rei dos judeus?
Jesus: - Dizes isso de ti mesmo ou foram outros que te disseram de mim?
Pilatos: - Por ventura sou eu judeu? O teu povo e os principais sacerdotes te entregaram a mim. Que fizeste?
Jesus: - O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, meus ministros teriam combatido para que eu não fosse entregue aos judeus. Entretanto, o meu reino não é daqui.
Pilatos: - Logo, tu és rei?
Jesus: - Tu o dizes: eu sou rei. Para isso vim ao mundo, para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz.
Pilatos: - O que é a verdade?
Jesus silenciou. Pilatos não tinha condições de compreender. Jesus era a própria verdade.
Pilatos, viu-se cercado de fatores adversos, que iam desde o interesse mesquinho de seus aliados na ilicitude, passando por seu conceito pessoal sobre a inocência do réu, pela avaliação do senador Públio Lentulus, que significava o olhar do imperador Tibério sobre ele, finalizando com a pressão popular às portas do palácio, exigindo a condenação sumária de Jesus.
Na noite anterior, sua esposa Claudia havia tido um sonho profético, em que vozes advertiam-lhe que seu marido não julgasse aquele inocente. A sugestão do senador Públio de remeter Jesus ao rei Herodes, tetrarca da Galiléia e da Peréia, região de nascimento do acusado, que estava em Jerusalém para as festas pascais, retiraria dos ombros romanos o problema. Jesus foi apresentado a Herodes sob a acusação de se considerar Rei dos Judeus. 
Diante da postura de Jesus, que permaneceu calado, Herodes, para ridicularizá-lo, mandou vesti-lo com um luxuoso manto branco, deram-lhe uma cana, como cetro e colocaram-lhe uma coroa de espinhos venenosos na cabeça. Logo após, remeteu-o de volta a Pilatos por sugestão dos próprios sacerdotes, para envolver o poder romano. 
Pilatos pediu ao senador Públio sua opinião sobre a conduta do réu. Este disse que Jesus não representava nenhuma ameaça ao império, omitindo o seu encontro com Ele e a cura de sua filha. Nisso, entra o centurião Polibius e avisa Pilatos que o povo pretendia invadir o palácio se não fosse dada uma decisão logo. E Polibius sugere-lhe que o preso seja açoitado para aplacar  a sede de sangue do povo. Não adiantou, pois, os sacerdotes e fariseus matreiros, passaram a distribuir mais moedas para mais e mais pessoas, fazendo com que gritassem, uivassem, irados, levantando suspeitas sobre Pilatos, dizendo: - Governador, se o soltas não és amigo de César. Todo aquele que se faz rei opõe-se a César e este que está aí se diz rei.
Alguém lembrou que era costume naquele período dar-se indulto a algum preso. Pilatos achou que seria fácil, que o povo iria preferir Jesus a um criminoso chamado Barrabás, estuprador e assassino. Mas, não. Eles preferiram soltar o bandido e pediram a condenação do Justo.
Pilatos pediu novamente a opinião do senador Públio. Este absteve-se de opinar, dizendo que tudo tinha sido feito para evitar sua morte, e que lhe parecia inocente. 
O caráter frouxo de Pilatos acabou cedendo aos dementados, lavando as mãos, como estivesse se livrando das responsabilidades.

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